Não podemos negar que o Alentejo tem algo de especial, entre o branco das suas casas, a paisagem ondulante e melancólica, que varia consoante as estações do ano, o estilo de vida e a simpatia das suas gentes. Assim, torna-se difícil resistir aos encantos desta região de Portugal. Visitar o Alentejo é uma experiência única e singular.
A gastronomia do Alentejo é outro dos seus grandes atrativos. Os alentejanos souberam criar deliciosos pratos típicos com produtos e ingredientes simples, repletos de sabor e de acordo com a inconfundível dieta mediterrânica.
Desde aldeias históricas, casas caiadas de branco, vilas medievais no alto das montanhas, a natureza em estado puro e praias de cortar a respiração, deixamos-lhe aqui 12 pequenos paraísos a visitar no Alentejo, em família, com amigos ou com a sua cara-metade.
1. Monsaraz
Esta vila medieval conseguiu manter as suas características ao longo dos séculos, e assim um passeio por Monsaraz é como uma viagem no tempo, onde ainda se consegue encontrar a paz e tranquilidade tão esquecidas nos tempos atuais. Não podemos negar, Monsaraz é um dos mais fascinantes e belos locais em Portugal, tendo a sua beleza aumentado ainda mais com a conclusão da barragem do Alqueva. Assim, já que pode contemplar o lago gigante desde as muralhas desta histórica vila, que atrai cada vez mais turistas durante o ano, nacionais e estrangeiros.
Vila marcada pela cal e pelo xisto, torna-se “Monsaraz Museu Aberto” todos os anos, durante o mês de julho, dando-lhe a oportunidade perfeita para conhecer os hábitos e costumes alentejanos no artesanato, gastronomia e nos espetáculos culturais que aí têm lugar, que incluem a música, a dança, as artes plásticas e o teatro.
Quanto ao património, destacamos o Castelo e a Torre de Menagem medievais, o edifício dos Antigos Paços da Audiência (séc. XIV/XVI), e a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Lagoa (séc. XVI/XVII).
2. Terena
Apesar de ter apenas 700 habitantes, Terena tem estatuto de vila. É também conhecida por São Pedro, ou São Pedro de Terena, e é uma bonita vila alentejana que pertence ao concelho do Alandroal, situado numa região onde reina a paz de espírito, bem próxima da Ribeira e da Albufeira da Barragem de Lucifécit, perto da fronteira com Espanha. As origens da povoação são remotas, existindo diversos vestígios megalíticos de tempos pré-históricos, como a xistosa Anta do Lucas.
A vila teve um importante papel defensivo durante a Idade Média, e o seu castelo, que integrava a linha de defesa do Guadiana, está aí para o provar. Embora a fundação de Terena se pense ser datada de 1262, a região foi anteriormente ocupada por outros povos, como os mouros, que aqui deixaram a sua marca.
No património, podemos destacar o antigo Castelo da vila, o santuário de Nossa Senhora da Boa Nova, a Igreja Matriz de São Pedro (de Fundação anterior ao século XIV), a Igreja da Misericórdia (século XVI), a Capela de Santo António (que foi erguida em 1657), a Ermida de São Sebastião, a Ermida de Nossa Senhora da Conceição da Fonte Santa, as ruínas da Ermida de Santa Clara, o Pelourinho do século XVI, a Torre do Relógio, as ruínas romanas do povoado fortificado de Endovélico, e as ruínas do Castro de Castelo Velho.
3. Marvão
Situada a poucos quilómetros de Espanha, entre Castelo de Vide e Portalegre, está a tranquila vila de Marvão, no ponto mais alto da Serra de São Mamede. Antigamente conhecido por Monte de Ammaia, o seu atual topónimo deve-se ao facto de ter servido de refúgio a Ibn Marwan, um guerreiro mouro, durante o século IX. O domínio árabe durou alguns séculos, e terminou na campanha militar de 1160/66 da Reconquista Cristã, sob a ação de D. Afonso Henriques, nosso primeiro rei.
No interior das muralhas, existe um bonito conjunto de arquitetura popular alentejana, com arcos góticos, janelas manuelinas, varandas de ferro forjado e detalhes de interesse em recantos, marcados pelo granito local. Quanto ao património, para além do castelo e das muralhas, que dificilmente se esquecem, destacamos a Igreja de Santa Maria, agora Museu Municipal, a Igreja de Santiago, a capela renascentista do Espírito Santo e o convento de Nossa Senhora da Estrela, este último já fora das muralhas.
4. Castelo de Vide
O grande castelo, rodeado pelo casario branco, destaca-se na bela paisagem alentejana. Do alto das muralhas, conseguem-se ver pequenas aldeias, no meio dos campos a perder de vista, Marvão, que espreita ali perto a cerca de 20 km, e um pouco mais além terras de Espanha. Na encosta Norte da vila, entre o Castelo e a Fonte da Vila, um conjunto de ruas mais estreitas delimita o núcleo histórico da Judiaria. Esta Judiaria é um dos exemplos mais importantes da presença dos judeus no nosso país e remonta ao século XIII, tempo de D. Dinis.
Esta é uma das mais bem preservadas Judiarias em Portugal, e já há alguns anos que está incluída num programa de recuperação e revitalização de edifícios, preservando-se assim um dos maiores espólios da arquitetura civil do período gótico. Mas em Castelo de Vide tem também outros monumentos a visitar, como, por exemplo, a Capela do Salvador do Mundo, a mais antiga, de finais do século XIII. cujo interior está coberto de painéis de azulejos azuis e brancos. Procure também visitar a Capela de São Roque, construída no século XV e reconstruída no século XVIII.
Mas estas são apenas 2 das 24 igrejas existentes, por isso, se tiver tempo e vontade, suba ao monte fronteiro a Castelo de Vide e visite a Capela de Nossa Senhora da Penha, de onde tem outra perspetiva da vila. Castelo de Vide é também reconhecida pelas suas riquezas naturais, como as termas, cujas águas têm propriedades terapêuticas. Assim, pode encontrar várias fontes espalhadas ao longo da vila, como a Fonte da Vila e a Fonte da Mealhada.
5. Evoramonte
A freguesia de Evoramonte está situada entre as cidades de Évora e Estremoz. Teve em tempos uma elevada importância geográfica e militar, e ainda hoje as muralhas protegem os seus habitantes do topo, como um guerreiro Ancião que aguarda pacientemente os visitantes, com inúmeras histórias para contar. Tal como acontece noutros locais do Alentejo, a Evoramonte do alto da colina parece que praticamente parou no tempo. Chegar lá pode ser um desafio, se for a pé.
Mas a vontade instala-se nos mais usados, quando vêm o castelo a partir da estrada. Caso decida fazer a subida com carro, procure deixá-lo fora das muralhas, na Porta de São Sebastião, e entrar na vila como o fizeram milhares de pessoas ao longo dos séculos.
Apesar de pequena, Evoramonte é bonita e singular, com um tamanho bom para percorrer todas as ruas a pé e assim apreciar todos os pormenores com atenção, desde um ornamento, uma porta ou janelas de estilo claramente alentejano, uma inscrição na parede, ou até um gato a descansar num local estratégico. Aqui encontra simples casas brancas, pintadas com cal, e muitas vezes com os coloridos rodapés, contornos de portas, janelas e frisos em amarelo e azul, que são tão típicos do Alentejo.
6. Porto Côvo
Não há como negar que Porto Covo encantou desde sempre os visitantes, logo no primeiro olhar, e a prová-lo está o facto de servir de fonte de inspiração a poetas e cantores ao longo dos tempos. Ainda em meados do século XVIII, a povoação não passava de um pequeno local implantado na arriba, próximo de uma pequena enseada. Em 1780, havia aqui apenas 4 casas.
Hoje, Porto Côvo é cada vez mais procurado e tem mais oferta de alojamento e comércio, embora sejam ainda as suas ruas a ofuscar o visitante, com as suas casas caiadas de branco, e com o mar azul e as belas paisagens, de planícies tipicamente alentejanas ou de magníficas praias, a servirem de pano de fundo.
7. Mértola
Este museu vivo, debruçado sobre o Guadiana, terá sido cidade romana, capital de um reino árabe, e a primeira sede da Ordem de Santiago. Como é o porto mais a norte do Guadiana, levou até ao mar os pesados minérios da região. Assim, Mértola guarda valiosos tesouros, guardados em diversos núcleos museológicos, dos tempos romanos, suevos, árabes e dos portugueses.
A vila, depois de cair no esquecimento durante uns tempos, revitalizou-se graças à intervenção dos arqueólogos, que não só criaram o conceito de museu aberto, como integraram neste a recuperação das artes tradicionais. Assim, seguindo pelo traçado irregular das ruas, intacto na sua expressão medieval, folheia páginas da história local. Na Câmara Municipal, pode encontrar a Myrtlis romana; na Torre de Menagem do Castelo, assinala-se a época pré-islâmica; numa antiga igreja, encontra uma coleção de arte sacra, e no Museu Islâmico, pode encontrar artefactos relacionados com o tempo de ocupação árabe.
Repare ainda na Igreja Matriz, com os seus arcos em ferradura e o mihrâb, que foram da mesquita original, bem como no portal renascentista e nas torres cilíndricas deste templo cristão, uma autêntica obra-prima de história da arquitetura e da adaptação de um local a diferentes fés. Não deixe também de visitar os artífices das oficinas das genuínas artes tradicionais e de provar a saborosa comida alentejana.
8. Elvas
Distando apenas 8 km em linha reta da cidade de Badajoz, Elvas foi em tempos a mais importante praça-forte da fronteira portuguesa e a cidade mais fortificada da Europa, sendo por isso denominada de “Rainha da Fronteira”.
Não é de admirar que visitar Elvas seja uma experiência inesquecível, já que toda a cidade é rica em património, contando com um imenso espólio de monumentos megalíticos e com um bom acervo arqueológico da época pré-histórica e romana. Da época medieval, realçamos o bonito Castelo, do século XIII, a Igreja de São Domingos, e a Igreja de São Pedro, do século XII.
9. Estremoz
Esta cidade pode dividir-se em dois núcleos, que marcam a sua evolução: junto ao Castelo, encontra o casario medieval; e fora das muralhas, a vila moderna. Estremoz é rica em património cultural, do qual destacamos o Castelo, com as suas muralhas medievais e a antiga cidadela (séc. XIII), onde atualmente se situa a pousada Rainha Santa Isabel, parte integrante da rede de Pousadas de Portugal.
Estremoz tornou-se sobretudo conhecida pela extração e exploração do mármore branco, de grande qualidade. A região contribui em 90% para o facto de Portugal ser o segundo maior exportador de mármore do mundo. Também são famosos os barros vermelhos da região, que deram origem aos tradicionais bonecos que se podem encontrar nas lojas de artesanato da cidade.
10. Arraiolos
A fundação desta simpática vila alentejana remonta ao século II a.C. O castelo em si foi mandado construir por D. Dinis, tendo a povoação evoluído fora das muralhas. No património artístico de Arraiolos, destacamos a Igreja do Salvador, do século XVI, que tem no seu interior belíssimas pinturas. Mas são os conhecidos Tapetes de Arraiolos que dão a fama à povoação em todo o mundo.
Estes ainda aqui são produzidos artesanalmente, tendo sido referidos já em documentos do século XVI. O tipo de desenho que se usa é delimitado em 3 épocas: a primeira (séc. XVIII) com composições de influência dos tapetes persas; a segunda (séc. XVIII) com desenhos de inspiração popular, como figuras ou animais; e a terceira (fim do séc. XVIII/Séc. XIX) com composições menos densas e mais estilizadas.
11. Vila Viçosa
Está situada numa das regiões mais férteis do Sul do nosso país e conta com alguns monumentos importantes para a história nacional. Aqui se estabeleceu a casa dos Duques de Bragança, a família nobre mais poderosa a seguir à Casa Real. Não é por acaso que o primeiro Duque de Bragança foi D. Afonso, filho ilegítimo de D. João I.
A construção do Palácio Ducal, que atualmente se pode visitar, deve-se ao 4º Duque de Bragança, D. Jaime, que muito contribuiu para o desenvolvimento da vila no século XVI. Durante as cortes de 1646, D. João IV, 8º Duque de Bragança, coroou e proclamou como padroeira de Portugal a imagem de Nossa Senhora da Conceição, que era venerada na Igreja Matriz de Vila Viçosa.
A partir desse momento, os reis de Portugal passaram a não usar a coroa real. Vila Viçosa é também conhecida pela abundância de mármore na região, já que este é extraído e explorado a partir de mais de 160 pedreiras, sendo este mármore internacionalmente conhecido, especialmente na sua variedade rosa.
12. Santa Susana
De arquitetura tipicamente alentejana, Santa Susana destaca-se pelas suas casinhas de rés-do-chão, caiadas de branco, com barra azul e grandes chaminés. Está localizada entre duas ribeiras, que são afluentes da margem direita da Ribeira de Alcáçovas, e está distanciada da sede do concelho em 15 km.
Na envolvente, conta com a barragem do Pego do Altar, uma obra hidroagrícola que foi edificada no Estado Novo, e que rega os arrozais do concelho de Alcácer do Sal e constitui ao mesmo tempo um espaço de lazer e descanso.
Todas as casas são parecidas, com apenas um andar, e estão caiadas de branco com uma barra azul nas janelas e portas. As moradias têm todas chaminés iguais, e algumas das portas de entrada têm as iniciais dos primos Henrique e Manuel, juntamente com a data em que foram construídas.
As casas são pintadas de dois em dois anos, em média, pelos próprios moradores, e mesmo as casas que estão desabitadas são pintadas pelos vizinhos, que têm orgulho nesta bela aldeia-modelo alentejana.