A vírgula é um sinal de pontuação que pode causar muitas dúvidas na hora de escrever. Ela serve para marcar uma pausa breve no texto, separar termos da oração ou orações do período, indicar omissão de palavras e dar ênfase ou clareza a certas informações. Mas como saber quando e onde usar a vírgula correctamente? Neste artigo, vamos apresentar quatro regras simples e fáceis que vão ajudá-lo a dominar o uso da vírgula na língua portuguesa.
A vírgula é um dos sinais de pontuação mais importantes e frequentes na escrita. Ela tem diversas funções e pode mudar completamente o sentido de uma frase se for usada de forma errada. Por isso, é essencial conhecer as regras básicas do uso da vírgula e aplicá-las com atenção e cuidado.
A vírgula é usada principalmente para:
- Separar elementos que têm a mesma função sintáctica dentro da oração;
- Isolar o vocativo, o aposto e as orações intercaladas;
- Separar as orações coordenadas e as orações subordinadas adverbiais e adjectivas explicativas;
- Indicar a omissão de um verbo ou de uma conjunção;
- Marcar uma pausa ou uma mudança de tom na fala.
Vamos ver cada uma destas situações com mais detalhes e exemplos.
Regra 1: Separar elementos que têm a mesma função sintáctica
Quando temos uma lista de elementos que desempenham a mesma função na oração, usamos a vírgula para separá-los. Estes elementos podem ser substantivos, adjectivos, advérbios, verbos ou orações. A única excepção é quando estes elementos são ligados pelas conjunções e, ou ou nem. Nesse caso, não se usa a vírgula.
Exemplos:
- Comprei pão, leite, queijo e presunto. (substantivos)
- Ela é bonita, inteligente, simpática e generosa. (adjectivos)
- Ele chegou cedo, almoçou, descansou e saiu. (verbos)
- Estudei muito, mas não passei no exame. (orações)
Regra 2: Isolar o vocativo, o aposto e as orações intercaladas
O vocativo é o termo que usamos para chamar ou invocar alguém. Ele não se relaciona sintaticamente com nenhum outro termo da oração e deve ser separado por vírgula.
Exemplos:
- Joana, vem cá!
- Meu Deus, que susto!
O aposto é o termo que explica, esclarece ou resume outro termo da oração. Ele pode aparecer no início, no meio ou no fim da frase e deve ser isolado por vírgula.
Exemplos:
- Carlos Drummond de Andrade, grande poeta brasileiro, morreu em 1987.
- O Brasil tem cinco regiões: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul.
- Gosto muito de ler romances, especialmente os de Jane Austen.
As orações intercaladas são aquelas que interrompem o fluxo normal da frase principal para inserir uma informação acessória ou complementar. Elas podem ser introduzidas por conjunções como porque, pois, que etc. e devem ser delimitadas por vírgula.
Exemplos:
- Ele não veio à festa, disse-me ele, porque estava doente.
- A verdade é que, segundo os especialistas, a situação vai piorar.
- Não sei se sabes, mas eu vou viajar amanhã.
Regra 3: Separar as orações coordenadas e as orações subordinadas adverbiais e adjectivas explicativas
As orações coordenadas são aquelas que se ligam entre si sem depender sintaticamente uma da outra. Elas podem ser separadas por vírgula quando são ligadas por conjunções coordenativas, excepto a conjunção e. Quando a conjunção e liga orações com sujeitos diferentes ou indica uma ideia de oposição ou consequência, também se usa a vírgula.
Exemplos:
- Ele estudou muito, mas não passou no exame. (orações coordenadas sindéticas adversativas)
- Ela gosta de ler, de escrever, de viajar. (orações coordenadas assindéticas)
- Ele chegou e foi logo dormir. (orações coordenadas sindéticas aditivas sem vírgula)
- Ele saiu, e ela ficou sozinha. (orações coordenadas sindéticas aditivas com vírgula e sujeitos diferentes)
- Bateu o carro, e ainda levou multa. (orações coordenadas sindéticas aditivas com vírgula e ideia de consequência)
As orações subordinadas adverbiais são aquelas que exercem a função de adjunto adverbial da oração principal, indicando circunstâncias de tempo, modo, causa, condição, finalidade etc. Elas devem ser separadas por vírgula quando iniciam o período ou quando estão intercaladas na frase principal. Quando aparecem depois da oração principal, a vírgula é opcional.
Exemplos:
- Se chover, não sairei de casa. (oração subordinada adverbial condicional no início do período)
- Ele não veio à festa porque estava doente. (oração subordinada adverbial causal sem vírgula depois da oração principal)
- Ele não veio à festa, porque estava doente. (oração subordinada adverbial causal com vírgula depois da oração principal)
- Chegou atrasado, embora tivesse saído cedo. (oração subordinada adverbial concessiva intercalada na oração principal)
As orações subordinadas adjectivas explicativas são aquelas que acrescentam uma informação acessória ou complementar ao termo que modificam. Elas devem ser isoladas por vírgula da oração principal.
Exemplos:
- O Brasil, que é um país continental, tem uma grande diversidade cultural. (oração subordinada adjectiva explicativa referindo-se ao termo Brasil)
- Os alunos, que estavam ansiosos, fizeram a prova com calma. (oração subordinada adjectiva explicativa referindo-se ao termo alunos)
- Esta é a casa que eu comprei. (oração subordinada adjectiva restritiva sem vírgula referindo-se ao termo casa)
Regra 4: Indicar a omissão de um verbo ou de uma conjunção
A vírgula também pode ser usada para marcar a ausência de um elemento que seria esperado na frase, como um verbo ou uma conjunção. Isto geralmente ocorre quando queremos evitar a repetição de palavras ou dar mais agilidade à escrita.
Exemplos:
- Ele gosta de chocolate; ela, de baunilha. (omissão do verbo gostar)
- Uns preferem o mar; outros, a montanha. (omissão da conjunção preferem)
- Na sala, apenas silêncio e expectativa. (omissão da conjunção e)
Outros usos da vírgula
Além das regras que vimos até aqui, existem outros casos em que a vírgula pode ser usada na língua portuguesa. Vejamos alguns deles:
- Para separar o lugar, o tempo ou o modo que vier no início da frase. Exemplos: Em Lisboa, faz muito calor no verão. Ontem, choveu muito. Devagar, ele aproximou-se da porta.
- Para separar expressões explicativas, conclusivas ou correctivas que aparecem no meio ou no fim da frase. Exemplos: Ele não veio à aula, isto é, faltou sem justificativa. Estudei bastante, portanto, mereço passar. Ela é muito simpática, ou melhor, fingida.
- Para separar as orações subordinadas substantivas reduzidas de infinitivo que funcionam como sujeito da oração principal. Exemplos: Fazer exercícios é bom para a saúde. Comer frutas faz bem.
- Para marcar uma pausa ou uma mudança de tom na fala, indicando emoção, ironia, surpresa etc. Exemplos: Ah, se eu pudesse ver-te! És muito inteligente, não és? Nossa, que susto me deste!
Conclusão
A vírgula é um sinal de pontuação que pode parecer complicado à primeira vista, mas que pode ser dominado com o conhecimento das regras e a prática da escrita. Neste artigo, apresentámos quatro regras simples e fáceis que cobrem a maioria dos casos de uso da vírgula na língua portuguesa. Esperamos que elas te ajudem a escrever melhor e com mais confiança.
Perguntas frequentes
O que é a vírgula?
A vírgula é um sinal de pontuação que serve para marcar uma pausa breve no texto, separar termos da oração ou orações do período, indicar omissão de palavras e dar ênfase ou clareza a certas informações.
Quando usar a vírgula?
A vírgula deve ser usada principalmente para separar elementos que têm a mesma função sintáctica dentro da oração; isolar o vocativo, o aposto e as orações intercaladas; separar as orações coordenadas e as orações subordinadas adverbiais e adjectivas explicativas; e indicar a omissão de um verbo ou de uma conjunção.
Quando não usar a vírgula?
A vírgula não deve ser usada para separar o sujeito do predicado; separar o verbo do seu complemento; separar termos ligados pelas conjunções e, ou ou nem; separar as orações subordinadas substantivas; e separar as orações subordinadas adjectivas restritivas.