Os habitantes das zonas rurais em volta de Lisboa, no início do séc. XX, eram chamados de saloios. Esta região saloia compreende vários concelhos, embora os seus limites sejam discutíveis. Para alguns autores, a região saloia compreende os atuais concelhos de Alenquer, Amadora, Arruda dos Vinhos, Cadaval, Loures, Mafra, Odivelas, Sintra, Sobral de Monte Agraço e Torres Vedras.
Os habitantes destas regiões viviam da agricultura, feita em hortas e pomares, e do comércio desses produtos agrícolas nos mercados locais e da cidade de Lisboa. A verdade é que ainda hoje, se situa nessa região o mercado que mais carne de bovino fornece à nossa capital, a Feira da Malveira.
Muitas mulheres ganhavam também a vida como lavadeiras de famílias abastadas de Lisboa, sendo desses tempos em que as aldeias se enchiam de peças de roupa a secar ao sol que ficou o termo Aldeia da Roupa Branca, que mais tarde se tornou título de um filme dos anos 20 do século 20 sobre esta mesma região saloia.
É muito natural que esta região, onde existiam produtos agrícolas de excelência, criasse também uma gastronomia muito rica e variada, destacando-se as receitas com coelho, aves e porco. O queijo fresco, típico da região, é hoje muito apreciado em todo o país.
A tradição não se fica apenas pela gastronomia: a maneira de trajar dos chamados saloios era muito própria, sendo que se usava muito barrete e o colete, que era ainda usado há poucos anos por pessoas mais velhas de algumas aldeias.
Mas voltando à origem do nome saloio: quando D. Afonso Henriques conquistou Lisboa aos mouros, e por forma a não despovoar a terra, deixou-os ficar com os seus bens e casas, impondo-lhes alguns tributos.
Esta tolerância e benefícios estendeu-se também às regiões vizinhas da cidade. Se na cidade a população cristã foi substituindo a população moura e a absorveu ao longo dos tempos, no campo isso não foi tão fácil.
Assim, aos mouros dos arredores de Lisboa dava-se antigamente o nome de Caloyos ou Saloios, nome tirado do nome da reza que estes repetiam cinco vezes por dia, que se chamava “cala”. O nome foi subsistindo ao longo dos tempos, mesmo depois de os cristãos terem começado a povoar a região.
Como curiosidade, talvez o termo Caloyos tenha também dado origem ao nome de um antigo tributo que se pagava do pão cozido em Lisboa e no seu termo, que era conhecido por calayo.
Os saloios são os habitantes de toda a zona norte da antiga Estremadura portuguesa desde os arrabaldes de Lisboa até quase Leiria e muito provavelmente são descendentes dos Moçárabes. A zona saloia vai muito para além dos arredores da capital portuguesa.