Cidade Invicta, de beleza austera e simples, o Porto começa a deslumbrar o mundo e a encantar cada vez mais turistas que visitam a capital no Norte de Portugal. Nos últimos anos sucedem-se os prémios. A cidade está mais bonita, muitos edifícios foram recuperados ou estão em recuperação e os turistas chegam em grande número. E também os monumentos do Porto merecem destaque.
Existem vários monumentos do Porto que são ícones da cidade. A Torre dos Clérigos é um dos mais famosos, mas a Livraria Lello, a Estação de São Bento ou a Ponte Luís I são também facilmente identificáveis com o Porto. Nicolau Nasoni contribuiu muito para alguns destes monumentos, dando personalidade e caráter à cidade.
Destaque ainda para as suas muitas igrejas cobertas com belíssimas fachadas de azulejos que fazem sucesso nas redes sociais. Estes são alguns dos mais icónicos, famosos e bonitos monumentos do Porto.
1. Torre dos Clérigos
Esta obra barroca, com autoria de Nicolau Nasoni, foi construída na primeira metade do século XVIII. É um dos monumentos mais emblemáticos da cidade, contando com uma vista panorâmica sobre o Porto e o rio Douro a partir do alto da Torre, valendo bem a pena o esforço de subir a escadaria com cerca de 240 degraus.
Aproveitando alguns trabalhos de renovação e reconversão de um dos mais prestigiados edifícios do Porto, instalou-se um posto de perceção multissensorial, que simula a sensação da subida à Torre dos Clérigos, tornando a experiência acessível a todos os visitantes. No edifício dos Clérigos encontra algum do Acervo da Irmandade e a Coleção dos Christus, que lhe permitem fazer uma viagem pelo tempo e que lhe permitem apreciar como a arte e a religião se complementam.
2. Palácio da Bolsa
Se há local de paragem obrigatória é este. O Palácio da Bolsa foi construído na segunda metade do século XIX, no estilo neoclássico, com o objetivo de ser a sede da Associação Comercial do Porto. Em 1841, o edifício passou a servir de Bolsa do Comércio por ordem da Rainha D. Maria II, mas foi devolvido à Associação em 1911.
No interior, pode visitar o Pátio das Nações e o magnífico Salão Árabe, inspirado no estilo mourisco, um espaço com uma grande riqueza decorativa, criado por Gonçalves e Sousa em 1862. Aqui se realizavam alguns atos oficiais do governo português, sendo atualmente mais usado para eventos culturais.
3. Sé Catedral
Está situada no topo do morro da Pena Ventosa e tem fundação muito antiga, apesar de não restar nada do tempo anterior à fundação de Portugal. A primeira notícia referente a esta Sé remonta ao século VI, em 589, ano do III Concílio de Toledo, no qual teve assento D. Constâncio, bispo da Igreja Portucalense. No século VIII os muçulmanos conquistaram o Porto e a Sé foi destruída, mudando-se os bispos para Oviedo e outras dioceses do norte da Península.
Quando a cidade foi reconquistada para as armas cristãs, a Sé foi reconstruída. Após um período em que estavam encarregues do governo da diocese uma série de cónegos-arcediagos, o bispo francês D. Hugo foi eleito para o local em 1114. D. Hugo recebeu avultadas doações de D. Teresa e de D. (respetivamente, mãe e esposa de D. Afonso Henriques), e procedeu à reedificação da Sé Catedral ao longo do século XXI.
4. Igreja dos Congregados
Esta Igreja está datada de 1680 e situa-se na Praça Almeida Garrett. Conta com uma frontaria em estilo barroco do século XVII, e as janelas encontram-se forradas com azulejos modernos que representam cenas da vida de Santo António. Os vitrais da Igreja são já deste século, e a decoração do interior da capela-mor é feita com painéis, que representam passagens da vida de Santo António. Destaque para o painel da Assunção da Virgem e para o painel da Sagrada Família.
5. Paço Episcopal
Esta residência episcopal começa a ser construída no século XVIII e termina no século XIX, com uma história marcada por remodelações, construções e reconstruções. Em 1734, Nicolau Nasoni foi contratado para realizar o projeto de remodelação do Paço, acompanhando as obras até 1737. Parece ser da sua autoria a magnífica escadaria em granito que nos leva aos salões nobres do edifício.
As obras do Paço só terminaram em 1871, e para este atraso muito contribuiu o facto de o Paço ter acolhido uma bateria de defesa da cidade durante o cerco do Porto, entre 1832 e 1833. O Paço foi alvo de alguns bombardeamentos, com graves danos a serem causados ao edifício.
6. Livraria Lello
A fachada da Livraria Lello é inconfundível. O estilo neogótico impressiona por si só, mas disputa o protagonismo com as duas figuras que a ladeiam: um par de pinturas do professor José Bielman, que simbolizam a arte e a ciência. No interior da livraria, encontramos um conjunto de baixos-relevos que representam os fundadores, José Lello e António Lello.
Ao longo da sala, encontramos os bustos de alguns dos mais importantes escritores portugueses, como Eça de Queirós, Camilo Castelo Branco, Antero de Quental, Tomás Ribeiro, Teófilo Braga e Guerra Junqueiro, embora todos estes vultos tenham a tarefa pouco invejável de competir pelas atenções com a famosa escadaria carmim.
7. Capela das Almas
Está situada no coração da baixa portuense, fazendo a esquina com a rua Santa Catarina e a rua Fernandes Tomás. A construção data de princípios do século XVIII, destacando-se a simplicidade das suas linhas. O revestimento de azulejos do exterior data já do século XX, mais concretamente 1929, representando passos da vida de São Francisco de Assis e de Santa Catarina, que são adoradas na capela.
O altar-mor e os altares da nave são de estilo neoclássico e são dedicados a São João, a Nossa Senhora da Conceição, a Nossa Senhora de Fátima, ao sagrado Coração de Jesus e a Nossa Senhora das Dores.
8. Igreja de Santo Ildefonso
Não se conhecem edificações anteriores à atual igreja, sabendo-se apenas que existia no século XII uma ermida, que foi sagrada pelo bispo D. Pedro Pifões. Desta ermida nasceu então a Igreja de Santo Ildefonso nos anos 30 do século XVIII. A fachada, antecedida por uma escadaria com dimensões consideráveis, tem uma tipologia barroca, que denuncia uma grande austeridade.
O revestimento em azulejo, da autoria de Jorge Colaço, é datado já do século XX, nomeadamente de 1932, apresentando painéis figurativos que representam cenas da vida de Santo Ildefonso e alegorias à Eucaristia.
9. Palácio do Freixo
O Palácio do Freixo foi edificado em meados do século XVIII, e é um dos mais notáveis monumentos do barroco civil português, com autoria de Nicolau Nasoni. O edifício tem planta quadrangular, com quatro torreões salientes em cada ângulo, cobertos por telhados em pirâmide.
O interior do palácio é extremamente rico, com grande parte dos compartimentos a apresentarem frescos, bem executados tetos de estuque e pinturas ilusórias com temas alegóricos (com grande parte destas a serem executadas pelo próprio Nasoni). O jardim foi desenhado segundo a tradição italiana, contando com esculturas e com uma magnífica vista sobre o rio.
10. Igreja da Lapa
Inicialmente tinha-se erguido no monte de Germalde, em janeiro de 1755, uma capela inicial de pequenas dimensões, onde se guardava a imagem de Nossa Senhora da Lapa. Como aqui vinham muitos penitentes, passou a chamar-se capela de Nossa Senhora da Lapa das Confissões.
Com o tempo, a construção foi engrandecendo, e hoje a igreja tem a singularidade de nela estar guardado o coração de D. Pedro I, Imperador do Brasil, que o doou ao povo portuense como prova de reconhecimento e afeição.
O túmulo que guarda esta relíquia apresenta de um lado a bandeira de Portugal e de outro a bandeira do Brasil, ostentando na parte superior as armas e espadas do Duque de Bragança.
11. Igreja de Santa Clara
Datada do século XVIII, é um bom exemplo do barroco característico do norte de Portugal, especialmente o trabalho em talha dourada, com autoria de Miguel Francisco da Silva. A igreja pertencia ao convento fundado em 1416 por D. João I, do qual restam poucos vestígios. O claustro de feição maneirista, os dormitórios, a portaria e os dois coros foram construídos posteriormente. O ciclo de transformação da Igreja que predomina atualmente iniciou-se a partir de 1729.
12. Ponte D. Luís
Tem o nome oficial de Luiz I, é um dos ex-libris da cidade, e está incluída na zona classificada como Património Mundial pela UNESCO desde 1996. A 21 de novembro de 1881, a obra foi adjudicada à empresa Société Willebreck de Bruxelas, cujo administrador e autor do projeto, Théophile Seyrig, era discípulo de Gustave Eiffel.
Foi uma ponte com portagem (de 5 réis por pessoa), portagem essa que foi instituída um dia depois da inauguração do tabuleiro superior, a 1 de novembro de 1886, e que só deixou de ser cobrada a 1 de janeiro de 1944, ou seja, quase 58 anos depois.
13. Igreja dos Carmelitas
Quem a vê de fora, não percebe que está na presença de uma das igrejas mais bonitas do nosso país. O seu esplendor apenas é revelado quando estamos no interior, de um estilo barroco puro. A Igreja tem três capelas ricamente decoradas, contando com um teto totalmente branco e elementos arquiteturais de estilo barroco. O teto oferece uma luminosidade especial à igreja, sendo também ajudado pelas grandes janelas, que deixam passar a luz exterior.
14. Igreja do Carmo
Também chamada Igreja da Venerável Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo, está localizada no cruzamento entre a praça de Carlos Alberto e a rua do Carmo, bem próxima da Igreja e Torre dos Clérigos. A igreja, de estilo barroco/rococó, foi construída na segunda metade do século XVIII, entre 1756 e 1768, pela Ordem Terceira do Carmo, contando com projeto de José Figueiredo Seixas.
A sua maior atração são os trabalhos em talha dourada, especialmente no altar-mor, com Jesus Cristo crucificado ao centro e de cada lado Santa Ana e Nossa Senhora do Carmo. A fachada lateral da Igreja encontra-se revestida por um grande painel de azulejos, com cenas alusivas à fundação da Ordem Carmelita e ao Monte Carmelo.
15. Estação de São Bento
Esta estação serve principalmente a linha ferroviária do Douro e foi construída no local do convento de São Bento da Avé-Maria, que foi totalmente demolido para dar lugar ao novo edifício. Em agosto de 1915, assentaram-se os azulejos na gare da estação, com um total de 551 m² de superfície decorados com estes belos painéis.
Cada painel representa uma cena da história nacional, podendo neles encontrar cenas como a entrada triunfal de D. João I e o seu casamento com D. Filipa de Lencastre, no Porto, em 1386; a conquista de Ceuta, em 1415; e o torneio de Arcos de Valdevez, em 1140. É uma das estações de comboio mais bonitas de Portugal.