Podem ser imponentes ou mais modestos, decorados com azulejos ou construídos com a austeridade da pedra… um pouco por todo o país, existem mosteiros que nos lembram o passado religioso que tivemos. Para alguns, era um refúgio para praticar a fé. Mas para outros, era um castigo ou um exílio.
É que, no passado, muitos eram aqueles que acabavam em mosteiros contra a sua própria vontade. Aos poucos, Portugal foi-se modernizando e as ordens religiosas acabaram. Com o fim destas, muitos dos mosteiros entraram em degradação acentuada.
Mas outros foram recuperados. Hoje podem ser visitados e alguns albergam museus, bibliotecas, centros sociais e até pousadas. Descubra alguns dos mais bonitos mosteiros de Portugal.
1. Mosteiro dos Jerónimos
É uma das obras que melhor exprime a arquitetura manuelina, tendo sido encomendado pelo próprio D. Manuel I pouco depois do regresso de Vasco da Gama, vindo da Índia. O mosteiro foi entregue à Ordem de São Jerónimo (daí o nome), que por lá se estabeleceu até 1834. Sobreviveu ao grande terramoto de 1755, mas foi danificado pelas tropas de Napoleão Bonaparte, em inícios do séc. XIX.
No mosteiro dos Jerónimos encontram-se os túmulos de D. Manuel e da sua rainha, D. Maria, bem como os túmulos de D. João III, da sua rainha D. Catarina, de D. Sebastião e de D. Henrique. Também aqui se encontram os túmulos de Luís de Camões, Alexandre Herculano e Fernando Pessoa. A fachada é rica em elementos decorativos, repletos de símbolos marítimos e da navegação, bem como rica em plantas e animais exóticos.
2. Mosteiro da Batalha
No dia 14 de agosto de 1385, D. João, Mestre de Avis, vencia os castelhanos na Batalha de Aljubarrota, e cimentava a independência do reino e o seu papel enquanto rei. Graças a isto, decidiu mandar construir o Mosteiro de Santa Maria da Vitória, também conhecido como Mosteiro da Batalha, monumento que é Património da Humanidade desde 1983 e Panteão Nacional desde 2016.
O encontro de estilos gótico e manuelino deve-se ao facto de a obra ter demorado dois séculos a estar terminada, o que nos permite detalhes espantosos como a cor dos vitrais e o rendilhado das pedras exteriores.
3. Mosteiro de Alcobaça
É aqui, na Igreja de Santa Maria de Alcobaça, que repousa D. Pedro I e D. Inês de Castro, em túmulos estrategicamente colocados frente a frente, para que ambos se possam encontrar no dia da Ressurreição.
Mas para além da grandiosa Igreja, encontra aqui um bem preservado conjunto de dependências medievais, como a Sala do Capítulo, o claustro e a cozinha do século XVIII, património que justificou a distinção da UNESCO em 1989.
4. Mosteiro de Tibães
Foi a antiga casa-mãe da Congregação Beneditina Portuguesa e está situado na freguesia de Mire de Tibães, a cerca de 6 km de Braga. Foi fundado em finais do século X, inícios do XI, e foi reconstruído no último terço do século XI, o que o transformou num dos mais ricos e poderosos mosteiros do norte do país.
Com a extinção das ordens religiosas, em 1833-1834, o mosteiro foi encerrado e os seus bens são vendidos em hasta pública, um processo que só terminou em 1864, com a compra do próprio edifício do convento.
5. Mosteiro de Santa Clara-a-Nova
Este mosteiro foi construído em 1659 para substituir o primitivo mosteiro de Santa Clara-a-Velha, constantemente inundado pelo rio Mondego. O edifício atual, de estilo barroco, encontra-se rodeado por torres. Na decoração superior da igreja, existe uma urna de prata e cristal, do século XVII, onde se encontra o corpo da Rainha Santa Isabel.
6. Mosteiro de São Vicente de Fora
Este mosteiro é uma das maiores atrações da nossa capital, não só pelo seu magnífico interior, mas também por ter o maior conjunto de azulejos barrocos do mundo (cerca de 100.000). A vista panorâmica no terraço, junto às torres, é também um grande atrativo.
O mosteiro foi fundado em 1147, e foi mais tarde reconstruído em 1582, fora das muralhas da cidade à época. Do vasto conjunto de azulejos, podemos destacar uma série de 38 painéis que representam as fábulas de La Fontaine, e ainda um painel que representa D. Afonso Henriques na conquista de Lisboa.
7. Mosteiro de Pombeiro
Esse mosteiro está já documentado desde 853, mas foi transferido de local e reconstruído nos séculos XI e XII, embora pouco nos reste das jornadas de construção dos monges beneditinos da época.
Em inícios do século XII, o mosteiro recebeu carta de couto de D. Teresa e tornou-se assim um dos mais importantes da região. É Monumento Nacional desde 1910 e integra atualmente a Rota do Românico.
8. Mosteiro de Pitões das Júnias
Não se sabe ao certo quando foi construído, mas sabe-se que é mais antigo do que a própria fundação de Portugal. Acredita-se que os primeiros eremitas estabeleceram-se neste local ainda no século IX, embora alguns estudiosos apontem a data de 1147 como o ano de construção do mosteiro. A única certeza, obtida através de documentos oficiais, é que já existia em 1247.
O local é simples e austero, tal como ditavam as regras de vida dos monges cistercienses que aqui viviam. Mesmo ao seu lado corre um ribeiro de águas cristalinas que proporcionam a água que os monges precisavam para o dia a dia. Existem também indícios que os campos adjacentes eram cultivados e que os monges teriam alguns rebanhos.
9. Mosteiro de Leça do Balio
É Monumento Nacional desde 1919, e encontra-se em Recarei, vizinho à foz do rio Leça. Este belíssimo exemplar de arquitetura religiosa fortificada foi a primeira sede da Ordem do Hospital no nosso país.
Foi palco de importantes momentos históricos, como o casamento de D. Fernando I e de D. Leonor Teles, em 1372, e assumiu um papel de relevância na assistência aos peregrinos de Santiago de Compostela.
10. Mosteiro de Amares
Este imponente edifício espera-o após curvas e contracurvas pela estrada serrana, onde pode encontrar um Portugal serrano, bucólico e cheio de beleza, com velhotas de lenço na cabeça e rebanhos a pastar na serra.
Após alguns anos ao abandono, foi reconvertido numa pousada. O projeto arquitetónico da pousada foi realizado por Souto Moura, que procurou usar as pedras disponíveis para construir um espaço novo e cómodo, mas preservando as ruínas, que tanta influência histórica tiveram na região.