Existe uma Lisboa que a grande maioria das pessoas não conhece. Trata-se de um número considerável de edifícios que foi reconvertido em embaixadas, restaurantes ou hotéis. Alguns deles possuem interiores deslumbrantes que passam despercebidos a quem os vê apenas do exterior.
Muitos destes edifícios não se encontram abertos ao público de forma livre, mas podem ser visitados por marcação ou em ocasiões especiais. Neles é possível contemplar uma vastíssima série de estilos arquitetónicos que testemunham alguns dos momentos mais áureos da história lisboeta.
Igrejas, palácios, palacetes, bibliotecas, restaurantes… há todo um mundo para descobrir dentro de 4 paredes. Descubra alguns dos mais secretos e belos interiores de edifícios históricos de Lisboa.
1. Palácio da Ega
Também conhecido como Palácio do Pátio do Saldanha ou Palácio dos Condes da Ega, está situado na Calçada da Boa-Hora, em Alcântara. Uma das suas salas interiores, o “Salão Pompeia”, é Imóvel de Interesse Público desde 1950.
A construção do palácio iniciou-se no séc. XVI, havendo uma fonte com a inscrição do ano de 1582, altura em que já existia a Casa Nobre. O edifício tem 3 partes distintas, que derivam das obras feitas no séc. XVIII, altura em que se criou o “Salão Pompeia” e se demoliu a antiga capela.
2. Palácio Burnay
Foi mandado edificar no séc. XVIII por D. César de Meneses, na altura principal da Sé de Lisboa, e por isso é também chamado de Palácio dos Patriarcas. Foi palácio de verão dos patriarcas de Lisboa, até ter sido comprado no séc. XIX pelo banqueiro Henrique Burnay, que o mandou decorar sumptuosamente.
Destacamos as estufas, que integram o edifício, e o zimbório, que envolve a escadaria. O palácio, anexos e jardim são considerados Imóvel de Interesse Público. O edifício alberga hoje os serviços de Reitoria e Ação Social da Universidade Técnica de Lisboa e o Instituto de Investigação Científica Tropical.
3. Palácio da Foz
É possível fazer visitas guiadas a este palácio nos Restauradores, e a verdade é que existem muitos interessados em conhecer o espaço por dentro, porque, a cada anúncio de nova vaga, rapidamente se esgotam. Assim, se quiser conhecer melhor o interior deste edifício tem que marcar com bastante antecedência, para garantir o lugar.
4. Igreja Menino Deus
Esta igreja, Monumento Nacional desde 1918, está localizada em Alfama, junto ao Castelo de São Jorge, na freguesia de Santa Maria Maior. A igreja, de estilo conventual e barroco, foi construída no reinado de D. João V, com projeto de João Antunes. A obra foi terminada por João Frederico Ludovice.
No local, existia já um hospital, chamado de Mantelatos da Ordem Terceira de São Francisco de Xabregas, que se dizia conter uma imagem milagrosa do Menino Jesus. Ao ouvir os relatos de milagre, D. João V resolveu erguer um templo no local, alguns meses antes do nascimento do seu primeiro filho.
5. Palácio Ribeiro da Cunha
Este palacete, na Praça do Príncipe Real, foi edificado entre 1877 e 1879, a mando do abastado capitalista José Ribeiro da Cunha. Com projeto de Henrique Carlos Afonso, o edifício tem evidente inspiração mourisca, muito ao gosto da época, tendo sido o primeiro do género a ser construído na capital.
O palacete teve diversos proprietários ao longo dos tempos. Na posse da família Lopo de Carvalho, na década de 80, foi instalado no imóvel a Reitoria da Universidade Nova de Lisboa, que aí permaneceu até 2005. Desde setembro de 2013 que o local se transformou em espaço comercial.
6. Convento da Madre de Deus
Já aqui referimos este convento, que alberga o Museu do Azulejo. Outrora pertença da Ordem de Santa Clara, o convento, mandado construir em 1509 pela Rainha D. Leonor (mulher de D. João II), está situado na zona oriental de Lisboa. Só em 1550 é que se construiu a atual Igreja da Madre de Deus, por ordem de D. João III, tendo o espaço sido decorado apenas em finais do século XVII e meados do século XVIII, nos reinados de D. Pedro II, D. João V e D. José.
7. Palácio Alverca (Casa do Alentejo)
Na freguesia de Santa Justa, em Lisboa, encontra-se este palácio, também conhecido como Antigo Palácio Pais do Amaral, Antigo Palácio São Luís e Casa do Alentejo. O edifício foi caracterizado como Imóvel de interesse Público pelo IGESPAR. A construção do local deu-se no final do séc. XVII, e ao longo do tempo, chegou a funcionar aqui um liceu e um armazém de mobiliário.
Em 1919, nele esteve instalado um dos primeiros casinos de Lisboa, o Majestic Club, altura em que o edifício foi remodelado a fundo e as decorações ganharam um estilo revivalista. Em 1932, o Grémio Alentejano adquiriu o imóvel, tendo em 1981 passado para a propriedade da Casa do Alentejo.
8. Museu Nacional do Azulejo
Este é um dos museus mais importantes do nosso país, pela sua coleção singular e totalmente dedicada à arte do azulejo, tão diferenciadora da cultura portuguesa. O edifício onde o museu está instalado é igualmente ímpar, tratando-se do antigo Convento da Madre de Deus, fundado em 1509 pela Rainha D. Leonor. Destacamos o painel de azulejo representativo da panorâmica de Lisboa antes do terramoto de 1755. A visitar de terça a domingo.
9. Palácio dos Condes de Óbidos
Junto ao jardim 9 de abril e ao Museu Nacional de Arte Antiga, encontra este palácio, chamado também de Palácio das Janelas Verdes, em Santos. Construído no séc. XVII a mando de D. Vasco de Mascarenhas, a sua fachada marcada pela sobriedade das linhas é pontuada com torreões quadrangulares, ao estilo dos velhos solares medievais.
A sul, encontra-se um grande terraço com vista para o rio, decorado com um fantástico painel de azulejos. Hoje, é a sede da Cruz Vermelha Portuguesa e no seu interior pode visitar uma das bibliotecas mais bonitas de Portugal.
10. Palácio Galveias
Situado na zona das Avenidas Novas, numa das laterais da Praça de Touros do Campo Pequeno, o palácio foi construído no séc. XVII como casa de campo da nobre família Távora. Desde 1929, uma biblioteca ocupa todo o palácio. No jardim exterior, existe um quiosque com esplanada.
O conjunto foi alvo de obras de requalificação durante dois anos, tendo voltado a abrir em junho de 2017. Pode visitar o palácio gratuitamente e aproveitar para procurar algumas obras nas suas estantes.