Símbolo da história e cultura de Portugal, o azulejo português é reconhecido como uma expressão de arte única, com vários exemplares e obras-primas espalhadas pelo país que fazem prova disso mesmo. Trata-se de um símbolo nacional que os turistas reconhecem facilmente, sendo mesmo habitual vender lembranças turísticas feitas em azulejo.
A cor azul domina entre o azulejo português. Mas nem todos são assim e nem sempre foi assim. A arte de pintar e decorar azulejos foi evoluindo ao longo do tempo, consoante as correntes artísticas e de acordo com as necessidades da época. Apesar disso, os mais famosos e mais facilmente associaveis à cultura portuguesa são aqueles que foram pintados de azul e com desenhos relativos aos Descobrimentos ou a grandes acontecimentos históricos.
É possível observar painéis de azulejos um pouco por todo o país, sendo muitos deles considerados autênticas obras de arte. A estação de São Bento, no Porto e a estação ferroviária do Pinhão, na Régua, são exemplos perfeitos desta situação. E por todo o país abundam ainda pequenas igrejas ou capelas decoradas com painéis de azulejos, como a Igreja de Válega ou a Igreja de Cortegaça, por exemplo.
Mas, apesar de convivermos diariamente com esta forma de arte, será que lhe damos o devido valor? Será que conhecemos a sua origem e a sua história? E quantas curiosidades sobre o azulejo português conhece? Descubra algumas delas!
Qual a origem da palavra azulejo?
A palavra azulejo tem origem árabe, do termo “azzelij”, que significa pedra polida, a mesma que era usada pelos muçulmanos para desenhar mosaicos.
Quando é que os azulejos foram introduzidos em Portugal?
Os azulejos apenas vieram para o nosso país em 1498, altura em que D. Manuel I fez uma visita a Sevilha e se encantou com os azulejos daquela cidade. Trouxe essa arte para Portugal e usou-a para decorar as paredes do Palácio Nacional de Sintra.
Porque razão os azulejos são quase sempre azuis?
Já reparou que a maior parte dos azulejos portugueses são azuis? Isto acontece porque, quando se começaram a fazer trocas comerciais com o Oriente, os europeus ficaram fascinados com a porcelana chinesa, difícil de fabricar na Europa, já que era necessário um ingrediente que não existia neste continente.
No séc. XVII, para imitar esta porcelana, os holandeses começaram a fabricar azulejos nos tons de azul e branco típicos da porcelana chinesa. Isto agradou aos portugueses, que fizeram volumosas importações para decorar as nossas fachadas.
Mas os portugueses não produziam os seus próprios azulejos?
Foi graças às enormes importações de azulejos que Portugal praticava que um conjunto de portugueses deu origem ao Ciclo dos Mestres, altura em que começaram a contratar pintores de renome para criarem obras em azulejo, depois reproduzidas em larga escala. Foi nesta altura que os pintores de azulejo ganharam o estatuto de artistas e começaram a criar peças originais que assinavam.
No passado, com que finalidades eram utilizados?
Apesar de hoje se usarem azulejos principalmente por motivos estéticos, a sua função original era proteger as paredes das casas da humidade e temperaturas baixas. É por essa razão que eram muito usados em locais húmidos, como a cozinha ou casa-de-banho, graças ao seu baixo custo e alta durabilidade.
E quando é que passaram a ser uma forma de arte?
Os azulejos são a forma mais antiga de banda-desenhada no nosso país, com painéis inclusivamente legendados por baixo, que contavam uma história, especialmente de vidas de santos e de relatos bíblicos, como forma de as dar a conhecer ao povo numa época em que os livros eram um privilégio.
Qual é a fábrica de azulejos mais antiga de Portugal?
A fábrica mais antiga de Portugal é a Sant’Anna e ainda hoje se encontra em funcionamento. Resistiu ao Terramoto de Lisboa e usa ainda técnicas artesanais no fabrico dos seus produtos. Mais de 90% da sua produção vai para o estrangeiro.
E como surgiram os azulejos com padrões geométricos?
Após o Terramoto de 1755, Lisboa foi reconstruída recorrendo-se muito ao uso de azulejos com padrões geométricos repetitivos, para que a obra fosse o mais rápida e barata possível. Estes azulejos ficaram conhecidos como “Pombalinos”, em referência ao Marquês de Pombal.
Como evoluiu a pintura dos azulejos ao longo do tempo?
A arte do azulejo reinventou-se ao longo do tempo, sendo possível identificar a época da sua criação consoante os motivos apresentados. Azulejos mais antigos, de inspiração moura, têm entrelaçados exagerados e padrões geométricos complexos, num horror ao vazio típico mourisco. Nos azulejos de estilo gótico, reinam as figuras naturais animalescas. No período renascentista, dá-se valor à simetria e proporções, com desenhos de grande delicadeza. Na arte do azulejo do período barroco, os azulejos retratam já cenas dos Descobrimentos, do quotidiano, e alegorias e episódios bíblicos.
Existem mais países que gostem tanto de azulejos como nós?
O azulejo usa-se em países como Espanha, Itália, Turquia e Marrocos, mas Portugal é a Capital Mundial do Azulejo por este ser usado nas nossas fachadas e edifícios há mais de 500 anos, sem interrupção. Esta expressão artística sobreviveu assim ao teste do tempo no nosso país.