Ao longo do nosso país, podemos infelizmente encontrar diversos locais abandonados, sejam edifícios ou até mesmo aldeias inteiras. Este abandono pode dever-se a várias causas, desde desleixo de proprietários e autoridades à falta de condições económicas para manter um edifício.
Muito do património que se encontra ao abandono é constituído por edifícios de grande valor histórico e de importância local e nacional, que deveriam ser recuperados por forma a manter viva a história do nosso país. Deixamos-lhe aqui 10 desses edifícios.
1. Palácio do Rei do lixo (Coina)
Esta torre, com um formato algo estranho, está situada na freguesia da Coina e constitui um ponto de interessa na região. No séc. XVIII, sabe-se que esta propriedade pertencia a D. Joaquim de Pina Manique, irmão de Diogo Inácio Pina Manique (fundador da Casa Pia).
Mais tarde (no séc. XIX), foi adquirido por Manuel Martins Gomes Júnior (conhecido como o Rei do lixo), e há quem diga que este palácio foi mandado erigir por ele para que dali conseguisse ver a propriedade que tinha em Alcácer do Sal. Nascido no seio de uma família pobre, Manuel Gomes fez a sua fortuna a comprar e a vender lixo, sendo assim capaz de comprar este palácio que se encontrava a apenas cinco quilómetros do seu local de nascimento (Santo António da Charneca).
2. Sanatório do Caramulo (Tondela)
No Caramulo, existem 19 sanatórios, já que esta vila foi criada com a finalidade de tratar doentes com tuberculose. Aliás, esta é a única vila portuguesa que foi criada de raiz (em 1921), tendo sido também a primeira a dispor de saneamento básico e de eletricidade. O impulsionador do projeto foi o médico Jerónimo de Lacerda.
Quando este médico abriu o Grande hotel, em 1922, não imaginava que estava a fazer história. O médico apenas pensava no potencial dos bons ares da serra para receber pacientes convalescentes – na altura, ainda não se pensava em usar Paredes de Guardão (o nome com que era conhecido na época o Caramulo) para receber pacientes tuberculosos.
3. Castelo da Dona Chica (Braga)
Este castelo foi mandado construir por Francisca Peixoto de Sousa, em 1915 (sendo da proprietária original que vem o nome). D. Francisca tinha nascido no Brasil, e por isso trouxe desse país várias árvores típicas que ainda hoje se podem observar na mata que envolve o castelo. Ao longo dos anos, o castelo foi mudando de mãos para mão, levando a que as obras de construção se fossem arrastando, tendo a propriedade ficado concluída apenas em 1991.
Mesmo antes da conclusão, o castelo era já Imóvel de Interesse Público, segundo despacho de 20 de fevereiro de 1985. Apesar disso, este encontra-se nos nossos dias ao abandono, devido a uma disputa judicial que envolve diversas entidades.
4. Casal do Passal (Cabanas de Viriato)
A Casa do Passal foi a casa do ilustre Aristides de Sousa Mendes, diplomata português que salvou mais de 30.000 vidas durante a II Guerra Mundial, ajudando-as a escapar da perseguição Nazi. O seu ato altruísta foi considerado como a maior operação de salvamento empreendida por uma pessoa individual.
Infelizmente, ao fazê-lo desobedeceu às diretrizes que lhe tinham sido dadas, o que o levou a ser afastado do cargo e a sofrer um preço muito elevado pela sua bondade. A sua casa em ruínas foi durante décadas um símbolo dessa injustiça.
A Casa é hoje Monumento Nacional, muito graças à visão dosa governantes Pedro Saraiva e Celeste Amaro, bem como dos milhares de pessoas um pouco por todo o mundo que receberam esta iniciativa de braços abertos e a apoiaram desde o primeiro instante.
5. Hotel Monte Palace (São Miguel, Açores)
No Miradouro Vista do Rei, com uma vista incrível para a Lagoa das Sete Cidades, consegue encontrar as ruínas daquele que foi o primeiro hotel 5 estrelas dos Açores, o Monte Palace. Na sua época de esplendor, chegou a ser posto de emprego de cerca de 100 pessoas. Abriu ao público em 1989, e apesar de ser grandiosos, apenas se manteve aberto por dois anos.
O Hotel tinha 88 quartos, suíte presidencial, 4 suítes de luxo, 4 quartos com sala, 27 quartos duplos e 52 suítes juniores, todas elas decoradas com bom gosto e requinte. Hoje, apenas as ruínas desse passado restam.
6. Palácio de Midões (Tábua)
O nome do palácio vem da aldeia onde se insere – Midões, no concelho da Tábua. Esta construção ocupa a parte central da freguesia de Midões e encontra-se em avançado estado de degradação. Apesar de tudo, é um palácio brasonado com características arquitetónicas de interesse, como as estatuetas no telhado.
Não está mobilado e algumas parcelas o chão estão já caídas, mas encontra-se à venda por quase 600.000€, pelo que há sempre a oportunidade de investir neste local.
7. Casa do Professor (Oliveira de Azeméis)
A Quinta do Parreira (ou Casa do Professor, como também é conhecida) é apenas mais um exemplo de um admirável património arquitetónico que se está a degradar. De estilo romântico e com um aspeto imponente, semelhante a um palacete, revela toda sua beleza arquitetónica no interior, com os tetos com relevos.
A casa teve vários proprietários, ficando conhecida pelo nome de dois deles. O primeiro proprietário foi um médico conhecido por Doutor Aguiar, que ficou na lembrança popular por ter ajudado os mais carenciados, dando-lhes emprego nas propriedades que tinham no Porto e na quinta que tinha em Riba Ul.
Depois, a propriedade foi vendida no séc. XX a Domingos Parreira, que conquistou também a simpatia local por ter dado emprego a várias pessoas na extração do volfrâmio. Por morte deste último, a quinta passou para a posse de um sobrinho de Domingos Parreira, que por sua vez a deixou aos seus descendentes emigrados na Terra Nova. Assim, a casa ficou votada ao abandono até aos nossos dias. Como curiosidade, conta-se que foi nesta casa que o Doutor António de Castro Alves Ferreira viveu a sua infância.
8. Convento de São Francisco do Monte (Viana do Castelo)
Situado na freguesia de Santa Maria Maior, em Viana do castelo, este foi um dos três primeiros conventos da Ordem dos Frades Menores a ser erguido no nosso país.
Apesar de em 2001 este espaço ter sido comprado pelo Instituto Politécnico de Viana do Castelo, para ali serem instalados alguns serviços, ainda nada foi feito no local. Entretanto, as ruínas podem ser visitadas, com as devidas precauções. O local, apesar de difícil de encontrar, tem uma grande beleza e está rodeado de uma paisagem incrível, onde podemos aproveitar o tempo de uma forma mais calma e próxima da natureza.
9. Convento de Seiça (Figueira da Foz)
Este convento foi mandado construir por D. Afonso Henriques, em 1175, como louvor à Virgem Maria, por forma a agradecer um milagre recebido junto à Capelinha de Nossa Senhora de Seiça. Infelizmente, D. Afonso Henriques morreu sem ver a construção finalizada.
Com a queda da monarquia, no início do século passado, este monumento teve um futuro muito incerto, tendo sido vendido a privados que o transformaram numa unidade industrial de descasque de arroz, tendo terminado a sua laboração em 1976. Ainda hoje, se podem ver os vestígios da reconversão e transforação deste convento de elevado interesse histórico.
10. Termas Águas Radium (Sabugal)
Segundo a lenda, foi neste local, construído no século XX, que Don Rodrigo (um conde espanhol) conseguiu a cura da sua filha de uma grave doença de pele, graças as águas deste lugar.
O certo é que este complexo termal foi leiloado em Lisboa, e mais tarde comprado por Ramiro Lopes, que tinha a intenção de transformar as termas num hotel de luxo. Em 200, a propriedade foi novamente vendida, ao irmão de Ramiro Lopes, que previa construir um hotel de luxo a partir das ruínas e mais tarde dinamizar a parte termal. O certo é que, até aos nossos dias, as termas se encontram ao abandono…
Quando olhamos para estes monumentos e que se bem pode ver tal degradação, sinto muito e tenho muita pena que isto aconteça no nosso país….
Infelizmente o mal não chegou só a Portugal. Em França assistimos à demolição de igrejas, por falta de frequência de católicos, porque já não se integram na futura arquitetura paisagística, porque não foram reparadas a tempo e correm o risco de se desmoronarem, etc..
Com tanta falta de alojamento em Portugal, porque razão o estado não abre um concurso público para remodelação e transformação destas estruturas? Políticos da treta !