Em 1952, existiam 3.620 km de linhas férreas em Portugal. E que tem isso a ver com ecopistas, poderá perguntar-se. Pois bem, cerca de 332 km de troços destas linhas férreas foram convertidos em ecopistas, onde hoje se pode circular a pé, de bicicleta ou de patins, por entre a natureza e paisagens simplesmente incríveis.
Estes percursos devem ser percorridos sem pressas, parando para contemplar a paisagem, tirar fotografias, conversar um pouco ou até refrescar-se nos rios que vão surgindo pelo seu caminho. Percorrê-las é descobrir um Portugal quase desconhecido pela maioria dos portugueses.
Seja por simples prazer em caminhar ou praticar ciclismo ou seja por desporto, são sempre uma ótima opção para grupos de amigos, passeios em família ou a sós. Descubra algumas das melhores ecopistas de Portugal.
1. Ecopista do Rio Minho
Este trajeto de 15 km liga Valença a Monção e segue paralelo ao rio Minho, apesar de só se aproximar da sua margem em Lapela. O percurso segue por entre zonas bastante povoadas, contando com alguns cafés ao longo do caminho para nos abastecermos. Todo o percurso se encontra muito bem sinalizado.
Não deixe de conhecer a cidade de Valença e o centro histórico de Monção, assim como o Palácio da Brejoeira, a cerca de 5 km desta última vila. Uma vez no palácio, inserido numa propriedade de 30 hectares, poderá fazer uma visita guiada ou provar o famoso Alvarinho que aqui é produzido.
2. Ecopista do Ramal de Famalicão
Esta ecopista liga Famalicão à Póvoa de Varzim, num percurso com 30 km de extensão. Apesar de começar numa pequena subida, o caminho a partir daí é sempre a descer. O percurso é interrompido por algumas estradas, mas o perigo é minimizado pelos pilaretes retrácteis, embora se aconselhe atenção redobrada nesses locais.
Irá passar por zonas urbanizadas, que alternam com grandes milheirais e inúmeras vacarias. Perto do quilómetro 17, encontra-se a igreja românica de São Pedro de Rates. Também não pode deixar de se refrescar na praia, na chegada à Póvoa.
3. Ecopista da Linha de Guimarães
Liga Fafe a Guimarães, tendo um percurso total de 14 km. O caminho é bastante sombreado e conta com muitos utilizadores, até porque passa por zonas muito habitadas. Existem diversas zonas de descanso ao longo do percurso, e a sinalização é muito boa. Recomendamos que comece o percurso em Fafe, no parque da cidade, já que o caminho em Guimarães acaba a 3 km do centro, na freguesia de Mesão Frio, onde pode ser mais confuso chegar.
Pode sempre refrescar-se no rio que passa junto ao complexo turístico de Rilhadas, com águas límpidas e muito convidativas, e, no final do percurso, descansar numa das muitas esplanadas do centro histórico de Guimarães.
4. Ecopista do Tâmega
O percurso da ecopista liga Amarante ao Arco de Baúlhe, tendo um total de 39km. Irá percorrer paisagens incríveis, com o Tâmega a serpentear pelo vale e com o santuário da Senhora da Graça sempre em pano de fundo. Muitos consideram que a ecopista do Tâmega se encontra no Top 3 das ecopistas portuguesas, graças à beleza do caminho.
Não podemos deixar de destacar as pontes de Santa Natália e de Matamá, o túnel do Gatão e as diversas estações ferroviárias de estilo “português suave”. Os diversos sinais de “pare, escute e olhe”, que em tempos alertavam para o perigo, são agora um alerta constante para apreciarmos a paisagem que nos rodeia.
5. Ecopista da Linha do Corgo
Tem uma extensão total de 51 km e liga Vila Real ao Vidago. Alguns troços da ecopista não se encontram muito bem sinalizados, pelo que deverá ter atenção ao caminho. À entrada de Vila Pouca de Aguiar, o troço desaparece, devendo procurar o campo de futebol, onde este recomeça. A partir daí, o percurso é sempre a descer, até ao Vidago.
Está prevista uma extensão de 45 km desta ecopista, de modo a ligar o Peso da Régua a Vila Real e Vidago e Chaves. Em Vila Real, a 250 metros da estação, encontra um pequeno carreiro que desce até ao Corgo, de onde pode admirar uma cascata e lagoa espetaculares.
6. Ecopista da Linha do Sabor
Começa cerca de 2 km antes de Carviçais, em Torre de Moncorvo, e acaba 36 km depois, no Pocinho. A única subida do trajeto acontece a cerca de 5 km de Carviçais, com o resto do caminho a fazer-se sempre a descer. Encontrará zonas de descanso ao longo do percurso e alguns cafés onde se abastecer, apesar de passar por zonas pouco povoadas.
Ao longe, consegue vislumbrar os incríveis Lagos do Sabor e, entre Moncorvo e o Pocinho, entrará no reino dos vinhedos do Douro. Existe também outro troço, com extensão de 14 km, que segue entre Duas Igrejas e Sendim, e que será mais tarde ligado a esta ecopista.
7. Ecopista do Vale do Vouga
A ecopista liga Fontelas do Vouga a Carvoeiro, num percurso com 13 km. Os primeiros 10,5 km, no município de Sever do Vouga, são em piso betuminosos e têm painéis informativos. O único senão são os troncos em madeira, que impedem o acesso aos veículos, mas que, quando retirados, deixam um buraco que pode dar azo a quedas.
O caminho é sempre a descer e passa pela icónica ponte sobre o Vouga, no Poço de São Tiago. Irá passar também por seus túneis. A partir do quilómetro 7, terá sempre o rio à vista, apenas com uma estrada de permeio.
8. Ecopista do Dão
Este percurso de 49 km liga Santa Comba Dão a Viseu, com o percurso a estar pintado de uma cor diferente segundo o município que atravessa. O trajeto é em grande parte sombreado e passa por dois túneis e quatro pontes de ferro. Destaque também para as inúmeras trincheiras que se encontram ao longo do caminho.
O troço entre Santa Comba Dão e Tondela, cerca de 20 km, faz-se em plena natureza. Por sua vez, o caminho entre Tondela e Viseu, com 29 km de extensão, já apresenta mais sinais de ocupação humana. A 13 km de Viseu, na estação de Torredeita, está exposta uma antiga locomotiva a vapor, atrelada a três carruagens.
9. Ecopista do Ramal do Montijo
Este trajeto de 12 km liga o Pinhal Novo à antiga estação do Montijo. O percurso estreito atravessa diversas estradas, que se encontram devidamente assinaladas por pilares de segurança. O troço encontra-se pintado de um rosa forte no Montijo, sendo aí bastante frequentado por caminhantes e por ciclistas.
Perto do final, encontramos o icónico depósito de água da Mundet, que foi a maior empresa corticeira do país. Após terminar o percurso, recomendamos que visite os núcleos museológicos desta fábrica, dê um saltinho à beira do tejo ou petisque e recupere forças num dos muitos restaurantes da zona.
10. Ecopista do Montado
Este percurso liga a antiga estação de Montemor-o-Novo a Torre da Gadanha, tendo cerca de 13 km. Os primeiros 4 km são a subir, mas o restante percurso faz-se em retas planas de terra batida. Apesar de ter painéis informativos e zonas de descanso, a falta de manutenção torna-se bastante evidente.
A grande atração do percurso é o viaduto de ferro sobre o vale do rio Almansor, a cerca de 1 km do início do itinerário. Nas imediações do viaduto, terá uma vista sobre as ruínas do castelo de Montemor e sobre a bela paisagem alentejana.
11. Ecopista do Ramal de Mora
Atualmente, esta ecopista tem 32 km, ligando Évora ao antigo apeadeiro de Vale de Paio, já em Arraiolos. A entrada da pista não se encontra bem sinalizada, pelo que deverá ter atenção. Os primeiros 4 km são em piso betuminosos, mas o resto do percurso faz-se em terra batida, através da planície alentejana, quase sempre no meio da natureza.
Para além de poder conhecer Évora, outro atrativo do percurso é a ponte que atravessa a ribeira do Divor, no quilómetro 30. Junto desta ponte, encontra os moinhos do Rebocho e uma bonita cascata, que alimenta uma pequena lagoa onde se pode refrescar.