O centro de Portugal, tal como todo o país, é rico em jardins que convidam ao passeio, à contemplação e a uns momentos agradáveis com amigos ou em família. Muitos destes jardins podem ser considerados históricos, já que possuem centenas de anos de idade e refletem bem o estilo romântico da época em que foram construídos.
Existem jardins bem mais conhecidos do que outros e que figuram frequentemente nos mais famosos guias turísticos. A Quinta das Lágrimas, em Coimbra, é um dos melhores exemplos. Mas existem outros, menos conhecidos, que revelam ser uma autêntica caixinha de surpresas e que são capazes de nos deslumbrar ainda mais do que os mais famosos.
Do litoral ao interior, o Centro de Portugal possui um imenso património arquitetónico que vale a pena conhecer. E, muitas vezes, esses edifícios estão inseridos em parques e espaços verdes onde vale a pena passar algumas horas a passear. Descubra alguns dos jardins mais bonitos do Centro de Portugal.
1. Quinta das Lágrimas (Coimbra)
Os jardins da Quinta das Lágrimas são um autêntico museu vegetal, acolhendo espécies de todo o mundo, até porque o seu criador, Miguel Osório Cabral, beneficiou de ser amigo do diretor do Jardim Botânico da Universidade de Coimbra, conseguindo assim enriquecer o espaço exterior da Quinta.
Os jardins são constituídos por uma zona de mata, que foi usada em tempos para as caçadas da família Real, e por uma zona ajardinada junto ao palácio, que conta com sequoias, olaias, palmeiras-da-china, cedros-do-buçaco, cedros-do-himalaia, uma figueira-da-austrália e até com um majestoso podocarpo, originário do Sul de África, e do qual existe apenas mais um exemplar no nosso país.
2. Jardim Botânico (Coimbra)
Este jardim ocupa grande parte dos fundamentos do Colégio de São Bento, que tinha sido doado à Universidade de Coimbra e que passou por uma grande remodelação por altura das reformas pombalinas (1774). Mais tarde, em 1854, Pezerat apresentou o seu projeto para uma estufa em ferro e vidro, que ainda hoje existe, com este edifício a ser concluído em 1865.
Novas obras, realizadas entre 1944 e 1949, dotaram o espaço de uma fonte na praça central, de bancos de pedra, de uma estufa fria, e renovou as vias entre as diferentes secções do jardim.
O jardim acaba por se tornar ainda mais romântico graças à sobrevivência de alguns dos edifícios do antigo Colégio Beneditino, como a capela. Mas, para além das obras de arquitetura e escultura do jardim, destacam-se as espécies vegetais, com milhares de espécies de plantas antigas, e que dão ao local um valor científico excecional.
3. Mata Nacional do Buçaco (Buçaco)
No extremo da Serra do Buçaco, a 547 metros de altitude, encontramos a Mata do Buçaco, contida por um muro alto com onze portas de entrada. Use uma delas como ponto de partida para o seu passeio pela natureza quase mágica da região. Apesar de ficar aquém das grandes florestas europeias, em termos de extensão, a variedade de vegetação ultrapassa-as em grande medida.
Dentro destes muros existem cerca de 400 espécies nativas da faixa atlântica portuguesa e 300 vindas de outros climas. Um dos elementos mais representativos desta simbiose é o cedro do Buçaco, cipreste originário do México e primeira espécie exótica aqui plantada, em 1656. O Cedro de São José, plantado há 350 anos pelos monges, junto à porta com o mesmo nome, é o símbolo local desta espécie de árvores.
4. Parque Aquilino Ribeiro (Viseu)
Perto da zona do Rossio, encontra uma grande mancha verde, que se espraia por uma pequena colina, e que se encontra fechada, bem no centro do coração da cidade. No verão, decorrem aqui inúmeros eventos, como a feira do livro, pintura e artesanato, atividades de animação, de música e de dança.
5. Casa da Ínsua (Penalva do Castelo)
Situa-se a 25 km de Viseu e é conhecida pela sua importância cultural e arquitetónica, mas também pelos seus imponentes jardins oitocentistas, que atraem visitantes o ano inteiro. Estes jardins são únicos graças à sua imensidão, originalidade e variedade das espécies botânicas, sendo que não podemos deixar de destacar o Jardim Francês e o Jardim Inglês.
O primeiro encontra-se em frente à casa principal e remonta a 1856. Tem dois níveis de arbustos e tem um notável desenho geométrico, com o espelho de água a refletir a casa principal. É neste lago que podemos ver a flor de lótus indiana, que floresce entre junho e julho e apenas vive 48 horas. Mais de 32 variedades de camélias dominam este jardim.
Por sua vez, o Jardim Inglês tem diversas espécies provenientes do Brasil, como as sequoias ou o “Pau Brasil”. Junto aos arbustos, encontra um colossal eucalipto, marco do jardim. Destaque também para os cedros do Líbano, com 2 séculos de existência.
6. Santar Vila Jardim (Santar)
Santar situa-se a 25 minutos de Viseu, no coração da Região Demarcada de Vinho do Dão. O projeto Santar Vila Jardim nasceu em 2013, para quebrar muros, construir pontes e juntar jardins, sendo contínuos os terraços de jardins da Casa dos Condes de Santar e Magalhães, da Casa da Magnólia, da Misericórdia, o Jardim dos Linhares, e os jardins da Casa Ibérico Nogueira, da Casa do Miradouro, do Paço das Cunhas e da Casa das Fidalgas.
Há também os jardins de vinhas, que marcam a identidade da vila. O arquiteto paisagista que despertou a natureza nestes lugares foi Fernando Caruncho, que assim cumpriu o objetivo de tornar Santar irresistível e de contribuir para o desenvolvimento social, cultural e económico da zona.
7. Jardim do Paço Episcopal (Castelo Branco)
Este é um dos mais originais exemplares do barroco em Portugal, com 5 418 m2. Foi encomendado pelo Bispo da Guarda, D. João de Mendonça. O formoso jardim tem forma retangular e é dominado por balcões e varandas com guardas de ferro e balaústres de cantaria. Tem cinco lagos, de bordos trabalhados, onde estão montados jogos de água.
O jardim divide-se em 4 sítios diferentes, ligados entre si: a entrada, o patamar do buxo, o Jardim Alagado e o Plano Superior. A entrada faz-se, desde 1936, a partir da Rua Bartolomeu da Costa. O patamar do buxo tem planta retangular e divide-se em 24 talhões, limitados por sebes de buxo.
Aqui se encontram cinco lagos com repuxo, bem como a Escadaria dos Reis, repuxos e jogos de água cativantes. Destaque também para as diversas estátuas, como a das Quatro Estações do Ano, das Partes do Mundo e dos Signos do Zodíaco.
8. Mata dos Sete Montes (Tomar)
Estas terras pertenceram em tempos aos Templários, e a mata, circundada por muralhas, foi fundada pela Ordem de Cristo, sendo local de introspeção e de cultivo. A Mata dos Sete Montes é o pulmão da cidade de Tomar e o local perfeito para passear, com os seus trilhos bucólicos, com destaque para a Charolinha, um templo de desenho romântico que se enquadra muito bem na envolvente natural.
9. Parque de Escultura Contemporânea (Vila Nova da Barquinha)
Pela primeira vez em Portugal, encontramos um espaço onde se pode apreciar o melhor da escultura contemporânea nacional, cobrindo 60 autores e obras com trabalhos desenvolvidos desde a década de 60 até aos nossos dias. Assim, poderá apreciar obras de nomes como Alberto Carneiro, Ângela Ferreira, Carlos Nogueira, Cristina Ataíde, Fernanda Fragateiro, Joana Vasconcelos, José Pedro Croft, Pedro Cabrita Reis, Rui Chafes, Xana e Zulmiro de Carvalho.
Estas obras podem ser vistas ao longo dos sete hectares do Barquinha Parque, que ganhou o Prémio Nacional de Arquitetura Paisagística em 2007, na categoria “Espaços Exteriores de Uso Público”, obra da dupla Hipólito Bettencourt e Joana Sena Rego.
10. Parque D. Carlos I (Caldas da Rainha)
No coração da cidade das Caldas da Rainha, encontra este jardim romântico, que abraça o antigo hospital termal, construído no reinado de D. João V, local de recuperação física onde os pacientes podiam beneficiar também do efeito apaziguador do parque.
Mas, em finais do séc. XIX, o arquiteto Berquó assumiu a direção do hospital termal e converteu-o numa zona de ócio, adicionando um lago central artificial, belas alamedas, um coreto e até vigilância policial. Em 1950, o parque foi alargado e passou a incluir o Museu José Malhoa e um restaurante, tendo-se tornado um ponto a não perder na belíssima cidade.
11. Buddha Eden Garden (Bombarral)
É na Quinta dos Loridos que encontra o maior jardim oriental da Europa, com cerca de 45 hectares, e que surgiu como resposta à destruição dos Budas Gigantes de Mayan, ato de barbárie cultural que apagou da memória obras-primas do período tardio da Arte de Gandhara. Assim, passeie entre budas, pagodes, estátuas de terracota e as esculturas colocadas entre a vegetação. Estima-se que foram usadas 6 mil toneladas de granito para construir esta monumental obra.
O ponto focal do jardim é a escadaria central, onde os Budas dourados lhe dão as boas-vindas. No lago central, é possível ver peixes Koi e dragões esculpidos que se erguem da água. Não deixe de apreciar ao detalhe os 700 soldados de terracota, pintados à mão, sendo que alguns se encontram enterrados como há 2.200 anos atrás.