Imagina-se a percorrer as ruas e ruelas sinuosas, explorar cada beco e travessa destas aldeias e vilas medievais de Portugal? Passear nestes locais é um autêntico regresso ao passado. Quase tudo aqui ainda está igual como há alguns séculos atrás.
Na maioria destas aldeias medievais, as ruas e as casas são de granito. Existem muralhas a circundá-las, casas com histórias para contar, pelourinhos no centro das praças e água fresca a brotar das suas fontes.
São várias as vilas medievais portuguesas, umas melhor conservadas do que outras. No entanto, nos últimos anos têm sido feito um esforço notório para as recuperar e promover. Descubra algumas das mais bonitas vilas e aldeias medievais de Portugal.
1. Óbidos
Óbidos figura entre as mais bonitas vilas medievais de Portugal. Caminhar pelas suas ruas estreitas e coloridas é um autêntico regresso ao passado. Não é difícil imaginar como seria o dia-a-dia de quem aqui viveu há alguns séculos porque quase tudo continua igual.
A melhor forma de descobrir Óbidos é caminhar pelas suas ruas e descobrir cada beco e ruela. Cada virar da esquina é uma autêntica surpresa. As flores estão presentes em todo o lado, as cores garridas típicas da região saloia dão vida às casas e as portas e janelas escondem pequenos detalhes que vale a pena serem contemplados com atenção.
Não deixe de provar a famosa ginjinha de Óbidos em copo de chocolate. Suba até ao castelo, percorra as muralhas e aprecie as vistas. Quando terminar a sua visita, tire algum tempo para explorar as redondezas. Bem perto existem ótimas praias e locais dignos de uma visita, com destaque para São Martinho do Porto, Foz do Arelho e Peniche.
2. Monsaraz
A vila medieval de Monsaraz, a mais antiga do concelho de Reguengos de Monsaraz, tem indícios de povoamento pré-histórico, tendo sido nos seus primórdios um castro fortificado. Foi reconquistada aos mouros em 1157 por Geraldo Geraldes, conhecido como “O Sem Pavor”. Em 1167 foi doada aos templários e em 1319 à Ordem de Cristo. Durante séculos, Monsaraz foi um importante entreposto na defesa do Guadiana, vigiando a fronteira com Espanha.
Para além de poder visitar todo o seu património arquitetónico, social e histórico, recomendamos que desfrute da paisagem maravilhosa que rodeia a vila. Um dos melhores miradouros para isso é o alto do Castelo (e que merece a sua visita). Procure também visitar a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Lagoa (séculos XIV e XVI), a Ermida de São Bento, a Torre de São Gens do Xarez ou a Ermida de Santa Catarina de Monsaraz.
Durante o Verão, de dois em dois anos, existem inúmeros eventos a apreciar durante o programa de actividades culturais “Monsaraz Museu Aberto”. Aqui, pode apreciar os hábitos e costumes do Alentejo através do artesanato, gastronomia e diversos eventos culturais.
3. Marvão
Marvão é um Alentejo diferente. Um Alentejo de montanha, não de planície. Mas nem por isso menos encantador. Aliás, esta vila histórica encanta toda a gente, garantidamente. Localizada no alto de uma montanha e cercada por muralhas, visitar Marvão é mergulhar na história.
É difícil dar conselhos sobre o que visitar em Marvão: visite tudo! Deambule pelas suas ruas medievais, aprecie os vestígios góticos e manuelinos das suas construções, vagueie pelas muralhas e deslumbre-se com a paisagem circundante e não se esqueça do seu castelo. Se vir um museu, entre! Se vir a cisterna e a casa da cultura, entre também. Aprecie tudo o que puder!
Se quiser passar mais uns dias nesta região, aproveite para conhecer Castelo de Vide (de visita obrigatória!). Passeie ainda pelo Parque Natural da Serra de São Mamede. O Parque possui algumas pequenas cascatas, quase secretas. Se quiser conhecer alguma delas, opte pela cascata do Pego do Inferno ou pela cascata de São Julião. Leve o fato de banho!
4. Marialva
Começou por ser povoada pelos Aravos, um povo Lusitano. Depois passaram por aqui os romanos (ainda existem vestígios da sua presença). Esteve despovoada durante algum tempo mas recuperou o fulgor na época medieval. Falamos de Marialva, no concelho de Mêda.
Esta aldeia histórica divide-se em 3 partes: a povoação no interior das muralhas do castelo, o arrabalde de traçado medieval e a deve (mais afastada da povoação). O resultado é um enorme conjunto de edifícios, ruas e ruelas que merece ser explorado com atenção.
Destaque ainda para os vestígios de uma pequena mas antiga judiaria. Marialva, pela sua situação fronteiriça, desfrutava de alguns privilégios comerciais, o que contribuiu para a fixação de judeus na região. Não termine a sua visita sem provar a gastronomia local, com destaque para o cabrito e o coelho.
5. Castelo Rodrigo
A aldeia histórica de Castelo Rodrigo foi vila e sede de concelho durante 600 anos. Quando deixou de o ser, perdeu muita da sua importância, mas resta o riquíssimo património que atesta a outrora imponência desta aldeia medieval: as velhas muralhas, as ruínas do palácio de Cristóvão de Moura, o Pelourinho quinhentista, a igreja matriz e a cisterna medieval.
Um passeio pelas suas ruas empedradas revela também a presença de cristãos-novos (judeus convertidos ao cristianismo). Por isso mesmo, aprecie cada detalhe das suas ruas e casas, muitas deles recuperadas ou em fase de recuperação. Com um pouco de atenção, poderá descobrir elementos manuelinos e até casas com motivos de origem árabe.
A partir de Castelo Rodrigo pode explorar a região circundante: destaque para o Parque Natural do Douro Internacional, o Vale do Côa e a Serra da Marofa. Não vá embora da região sem se deliciar com o típico borrego assado à moda beirã.
6. Sortelha
Vila medieval fronteiriça, Sortelha está hoje na lista de Aldeias Históricas de Portugal com todo o mérito. É, talvez, a mais bem conservada aldeia medieval de Portugal e também uma das mais bonitas. O povoado localiza-se dentro das muralhas circulares do castelo e a sua localização foi crucial na defesa do país.
Passear pelas ruas da aldeia é regressar ao passado. Quase tudo aqui ainda está igual aos tempos medievais do século XIII, altura em que foi construído o seu castelo. As ruas e as casas, todas feitas em granito, estão recuperadas e muitas delas podem ser alugadas para turismo rural.
A aldeia possui ainda cafés e restaurantes onde pode desfrutar da gastronomia local. Visitar Sortelha não exige muito tempo e, por isso, pode aproveitar para conhecer as redondezas. Dê um salto até ao Sabugal (sede de concelho) e conheça o seu castelo, um dos mais bonitos de Portugal.
7. Linhares da Beira
Localizada na vertente ocidental da Serra da Estrela, Linhares da Beira terá tido origem num castro lusitano, sendo conhecido o facto de os Montes Hermínios (o nome lusitano da Serra) serem um dos locais habitados pelos lusitanos, devido às suas pastagens, abundância de água e o enquadramento montanhoso que oferecia proteção. O nome Linhares terá tido origem no linho, que foi em tempos uma das mais importantes culturas da região.
O harmonioso conjunto urbano da povoação, onde casas simples em granito convivem com solares de nobreza antiga, é um autêntico espetáculo para a vista. Um olhar mais atento revelará várias janelas do séc. XVI. A igreja matriz, de pendão românico (mas reconstruída no séc. XVII) é o lar de três valiosas tábuas atribuídas ao Mestre português Vasco Fernandes (Grão Vasco), pelo que merece uma visita.
Para além da igreja, poderá visitar um exemplar único de um fórum medieval, com uma rústica tribuna elevada sobre um banco em redor de uma mesa de pedra. Aqui eram anunciadas à população as decisões comunitárias, e é aqui que pode ver as armas da antiga vila. Destaca-se também, ao lado, um pelourinho quinhentista em granito, rematado pela esfera armilar.
8. Monsanto
Chamam-lhe a “aldeia mais portuguesa de Portugal”. Seja realidade ou seja apenas um slogan turístico, o certo é que vale bem a pena conhecer a belíssima aldeia de Monsanto. Nos últimos anos, tem atraído cada vez mais turistas nacionais e estrangeiros e não é por acaso.
As suas casas foram construídas em comunhão com a natureza que a rodeia. Quer dizer… em comunhão com as rochas enormes que aqui abundam. Os enormes pedregulhos servem de parede a muitas casas e, em alguns casos, servem também de telhado. O charme desta aldeia é indiscutível. Agreste e bela ao mesmo tempo, recorda-nos que a motivação e o engenho do homem podem muito bem dominar a paisagem envolvente sem a danificar.
Aproveite para desfrutar da gastronomia típica da região (vai precisar depois de gastar as suas energias a percorrer a aldeia a pé). Pode dormir numa das suas casas de turismo rural e, no dia seguinte, rumar a outras paragens nas redondezas: Penha Garcia, Sortelha e Sabugal são ótimas opções para prolongar o seu roteiro.
9. Castelo Mendo
Aldeia histórica de características medievais, constituída por dois núcleos envoltos por muralhas, a Cidadela e a Barbacã. A cidadela, com um formato oval, corresponde ao antigo burgo velho, formado após o foral de D. Sancho II. O burgo novo ou Arrabalde de S. Pedro protegido por uma muralha mandada construir por D. Dinis, foi no passado protegida por oito torres, parcialmente destruídas durante o terramoto de 1755.
A povoação rodeada de muralhas com seis portas medievais é caracterizada pelas suas casas simples em pedra, originalmente de dois andares, sendo o rés-do-chã destinado a abrigar o gado, enquanto que o primeiro andar servia de habitação. As ruas extremamente estreitas e sinuosas, facilitavam a defesa da povoação que foi palco de lutas durante as guerras em que Portugal participou, especialmente contra Espanha.
Caminhe pelas suas ruas e aprecie o forno comunitário, a cisterna, as casas de pedra com elementos manuelinos, as fontes de água… Se lhe sobrar algum tempo depois da visita, dê um salto até Almeida, a sede do concelho.
10. Castelo Novo
A paisagem em tons de verde e cinza da Serra da Gardunha dá-nos as boas vindas a Castelo Novo, uma aldeia envolvida numa aura de misticismo. E não será por acaso: por aqui passaram mouros e templários que deixaram vestígios que ainda hoje podem ser apreciados.
A estrutura da aldeia, tipicamente medieval, é caracterizada por elementos arquitetónicos de estilo Manuelino e Barroco. Destaque para o Largo do Pelourinho (e o próprio Pelourinho), a casa da Câmara, a cadeia e o chafariz. O Largo da Bica também merece algum tempo para ser apreciado.
Perca tempo a caminhar pelas suas ruas e a observar cada detalhe. O som da água que brota das fontes de granito irá fazê-lo recuar no tempo enquanto caminha por estas ruas e aprecia o casario, as calçadas e as praças, tudo construído em pedra. No fim da sua visita, conforte o estômago com um delicioso arroz tostado, um queijo de cabra e um pastel de abóbora, tudo típico da aldeia.
11. Almeida
Não existe nenhuma outra povoação como Almeida em todo o território português. Localizada muito perto da fronteira com Espanha, esta vila, inserida na lista das Aldeias Históricas de Portugal, está totalmente rodeada por muralhas em forma de estrela, o que atesta bem a necessidade de proteger esta região
As muralhas são mesmo a sua principal atração, mas há mais para descobrir. E a melhor forma de o fazer é caminhar pelas suas ruas e explorar cada beco ou ruela. Deslumbre-se com as casas brasonadas, as flores nas janelas, as lojas tradicionais… e entre em qualquer igreja ou museu que encontrar porque vale sempre a pena.
Pode mesmo fazer de Almeida a sua base para explorar esta região. Nas redondezas existem diversas aldeias históricas e medievais ou pequenas vilas que merecem uma visita: Pinhel, Castelo Rodrigo, Trancoso, Linhares da Beira… a Beira Alta tem muito para descobrir.
12. Ucanha
Faz parte do concelho de Tarouca e é famosa pela sua ponte medieval. A pequena Ucanha (cujo nome original era Cucanha, que significava “pequena casa de pedra”) já teve muito mais importância regional do que tem agora. Hoje em dia, está classificada como Aldeia Vinhateira do Douro e atrai alguns visitantes graças à sua ponte a à praia fluvial.
Um pormenor curioso sobre esta ponte era que, na época medieval, ela era uma portagem. Ou seja, quem quisesse passar por ela ou transportar mercadorias teria que pagar uma determinada quantia. Explore a aldeia caminhando pelas suas ruas de pedra e apreciando cada detalhe das suas casas típicas.
Depois de explorar Ucanha, parta em direção a norte e visite Lamego e Peso da Régua. Começa a entrar na região do Douro vinhateiro e, por isso mesmo, não deixe de apreciar toda a incrível paisagem de vinhedos a perder de vista.