A Serra da Estrela possui um encanto especial… as suas aldeias de montanha, pitorescas e genuínas, mantêm ainda algumas das tradições dos nossos antepassados. Os seus rios de águas cristalinas possuem cascatas e lagoas quase secretas. E os seus planaltos são locais quase secretos ainda por desvendar. Se é assim, porque razão a maioria dos turistas visita a Serra da Estrela apenas no Inverno?
É verdade que o apelo da neve traz muitos visitantes até à Serra da Estrela. Mas a imensidão de locais que aqui existem para visitar faz com que este seja um destino para todo o ano e não apenas para os meses mais frios. Afinal de contas… existem poucos locais com lagoas tão puras como Cortes do Meio ou cores do Outono como a Rota das Faias.
Por isso mesmo, dê uma oportunidade à serra em qualquer altura do ano. Irá constatar, com os seus próprios olhos, que esta região tem muito mais para oferecer do que aquilo que poderia imaginar. Descubra os melhores locais para visitar na Serra da Estrela.
1. Covão d’Ametade
Sendo um dos locais mais simbólicos da região, o Covão d’Ametade retrata uma depressão de origem glaciar e devido a toda a sua vegetação envolvente, esta é uma das zonas mais atrativas da Serra. Os amantes de natureza são os primeiros a apaixonarem-se, pois este é o sítio ideal para encontrar alguns momentos de paz, calma e tranquilidade no meio da natureza.
Apesar de estar localizado a quase 1500 metros de altitude, é possível visitar o Covão da Ametade em quase todas as épocas do ano, exceto em alguns dias no Inverno, depois das fortes nevadas que obriga ao corte das estradas. Também é possível chegar aqui através de alguns trilhos e percursos pedestres. A Rota do Glaciar e a Rota do Maciço Central são algumas das opções possíveis, embora sejam ambos de dificuldade elevada.
2. Linhares da Beira
Localizada na vertente ocidental da Serra da Estrela, Linhares da Beira terá tido origem num castro lusitano, sendo conhecido o facto de os Montes Hermínios (o nome lusitano da Serra) serem um dos locais habitados pelos lusitanos, devido às suas pastagens, abundância de água e o enquadramento montanhoso que oferecia proteção. O nome Linhares terá tido origem no linho, que foi em tempos uma das mais importantes culturas da região.
O harmonioso conjunto urbano da povoação, onde casas simples em granito convivem com solares de nobreza antiga, é um autêntico espetáculo para a vista. Um olhar mais atento revelará várias janelas do séc. XVI. A igreja matriz, de pendão românico (mas reconstruída no séc. XVII) é o lar de três valiosas tábuas atribuídas ao Mestre português Vasco Fernandes (Grão Vasco), pelo que merece uma visita.
3. Cortes do Meio
Cortes do Meio é uma pequena aldeia perto de Tortosendo, no concelho da Covilhã. É conhecida como a “capital das cascatas e piscinas naturais da Serra da Estrela”. E o apelido é totalmente merecido! Afinal de contas, são 14 as piscinas naturais que aqui pode encontrar, todas localizadas no leito da ribeira de Cortes.
É no início da Primavera que estas cascatas da Serra da Estrela se tornam mais exuberantes, muito por causa das chuvas e do degelo da neve caída durante o Inverno. No entanto, é no Verão que elas são mais procuradas pelos banhistas, que aqui acorrem em busca de um banho refrescante no meio da natureza.
4. Covão dos Conchos
O Covão dos Conchos é um cenário único de filme. Trata-se de uma abertura circular com queda de água numa lagoa, na Serra. Apesar de parecer natural, foram as mãos do Homem que fizeram este encanto. Foi pensada e construída pelo Homem, tratando-se de um autêntico prodígio de engenharia.
Esta circunferência perfeita no meio do lago, apesar de parecer uma espécie de buraco negro, tem a função de transportar as águas para um local específico. O “funil” serve de entrada a um túnel, construído na década de 1950, e que conduz as águas da Ribeira da Nave até à Lagoa Comprida, situada muito mais abaixo.
5. Nave da Mestra
Trata-se, talvez, de um dos locais mais secretos da Serra da Estrela. Localiza-se a 1700 metros de altitude, em pleno planalto da serra, e chegar lá não é tarefa fácil. Mas o esforço compensa, certamente. Afinal de contas, estamos num local muito pouco explorado e quase desconhecido pela maioria das pessoas. Chegar aqui é quase descobrir um local só nosso.
Os campos são verdes, os blocos de granito fraturados estão por todos os lados e um pequeno riacho de águas cristalinas, que corre serenamente, dá um ar mágico a este local. Ao fundo vê-se o vale glaciar que leva até Manteigas do lado direito, entre o Cântaro Magro e o Cântaro Gordo, está o Covão da Ametade, onde nasce o rio Zêzere.
6. Poço do Inferno
Situa-se na Ribeira de Leandres e é um ponto alto com 1100 metros. O Poço do Inferno é um dos ex-libris da Serra e é rodeado pela mãe-natureza que é a causa de toda aquela beleza paisagística. A linha de água da cascata mantém contacto com o granito das rochas e, no Inverno, são várias as vezes que a água congela e isso cria (ainda mais) encantos a este paraíso natural com 10 metros de altura.
7. Loriga
Após uma estrada serpenteante e que convida ao passeio, com curvas audaciosas pelas encostas da serra, onde a cada volta nos podemos deparar com uma paisagem de cortar a respiração, encontra-se Loriga. Os seus casarios brancos impressionam os visitantes, mas é a Natureza que aqui parece reinar, num verdadeiro reino de esplendor e vida.
A vila é rodeada por socalcos, fruto do árduo e intenso trabalho do povo que desesperava por conseguir algum terreno arável neste local montanhoso. E conseguiram! Mas além de conseguir semear as suas culturas e ter pastagens para os seus animais, conseguiram também criar uma paisagem capaz de deixar qualquer turista boquiaberto.
8. Folgosinho
Esta bela vila, no coração da Serra da Estrela, conta com uma atmosfera e vista espetacular da serra e das povoações que a rodeiam, graças à sua estonteante altitude de 933 metros. Esta beleza é ainda mais acentuada se admirar a paisagem do pequeno, mas elegante castelo, cujo relógio presente na torre principal é visível ao longe, quando passeia pela vila.
Visitar Folgosinho é entrar num mundo com um ritmo mais lento e natural, sendo frequente verem-se pastores a atravessar as ruas seguidos das suas cabras e ovelhas, em direção ao pasto, ou ver pessoas a irem buscar água às várias fontes que se encontram espalhadas pela vila.
Folgosinho está associado à figura de Viriato, e tem uma interessante tradição de culto das fontes, muito presente nas lendas e na tradição oral. Não deixe de visitar as várias fontes, bem como o castelo, o pelourinho e a igreja. Esta vila presta-se a longos passeios para absorver bem toda a calma e a paisagem que a rodeiam, pelo que deverá procurar visitar tudo com tempo, de modo a saborear a experiência.
9. Nossa Senhora da Boa Estrela
Se já foi à Serra da Estrela e subiu à Torre, certamente já viu uma imagem grandiosa, esculpida na pedra, do lado direito da estrada. A estátua impressiona, com a sua grandiosidade, e pela peculiaridade do local onde se encontra inserida. Antes de mais, convém esclarecer de quem é a imagem esculpida na rocha. Trata-se nada mais, nada menos que Nossa Senhora da Boa Estrela, santa protetora dos pastores. A estátua, situada no Covão do Boi, e esculpida em baixo-relevo foi inaugurada em 1946.
O autor da escultura foi o Padre António Duarte, que começou a reparar que havia imensas pessoas a deslocarem-se à Serra em passeio e a subirem ao ponto mais alto, a Torre. Daí, veio-lhe a ideia de que não havia melhor local para esculpir a Nossa Senhora da Boa Estrela, como forma de lhe fazer a devida homenagem num local que seria visto por muita gente todos os anos.
10. Cabeça
Esta pitoresca aldeia tem o xisto como rei e senhor, muito presente nas casas que compõem a paisagem singular, cercada de elevações graníticas e que convidam o olhar ao descanso. Em plena Serra da Estrela, esta aldeia de encantos e cheia de história tem uma tradição muito ligada ao cultivo dos campos em socalcos e à atividade pastorícia.
Para além do património cultural, arquitetónico e natural, Cabeça é conhecida como Aldeia Natal, já que a tradição dita que, nestas festividades, as ruas sejam enfeitadas com materiais naturais (giestas, musgo, varas de videira, etc) e com leds, que dão mais brilho e alegria à quadra natalícia. Curiosamente, Cabeça foi também a primeira aldeia Led de Portugal, por ter sido a primeira aldeia a substituir a tradicional iluminação pública por Leds.
11. Poço da Broca
Aqui se encontra uma cascata muito conhecida, mas a praia fluvial merece também uma visita. O conjunto está situado na Ribeira de Alvôco, na Aldeia de Barriosa, em Vide, Serra da Estrela. O local é rico em biodiversidade, podendo encontrar aqui lontras, guarda-rios, garças e melros-peixeiros. O Poço da Broca situa-se no extremo sudoeste do Parque Natural da Serra da Estrela.
12. Praia Fluvial da Lapa dos Dinheiros
Na ribeira da Caniça, um afluente da margem direita do rio Alva, encontra esta zona de banhos, enquadrada numa paisagem sublime e com um espelho de água límpido e convidativo. Esta praia tem vigilância e recebeu o galardão de praia acessível. O relevo acidentado faz com que a ribeira forme, nas imediações, pequenas cascatas.
Aproveite e visite o buraco da Moura, um sistema de cavernas natural formado pelo deslizamento e acumulação de grandes blocos de granito. Para lá chegar, siga o caminho pedonal que parte da ponte.
13. Vale do Rossim
Em pleno coração da Serra, mais precisamente em Penhas Douradas, pode-se deparar com o maior vale glaciar da Europa: o Vale do Rossim. Está inserido na Reserva Biogenética do Parque Natural da Serra da Estrela e no Verão, recebe vários turistas para usufruírem da praia fluvial na lagoa. É um local com beleza única que permite a realização de várias atividades como o rappel, a canoagem e os passeios pedestres.
14. Alvoco da Serra
No coração do Parque Natural da Serra da Estrela, Alvoco da Serra é uma localidade rica em tradições e de origens muito antigas, tendo vestígios de ocupação romana, nomeadamente uma calçada, onde se encontraram mesmo moedas da época. Aqui, não faltam possibilidades de passeios agradáveis, onde pode descobrir as maravilhas e os segredos da serra, sempre entre lendas e histórias antigas que nos enchem a imaginação.
Situada a uma altitude de 680 metros, Alvoco da Serra é a povoação topograficamente mais próxima da Torre. Alvoco da Serra oferece-nos várias possibilidades de visita, com um roteiro dinâmico e que convida ao descanso e ao descobrimento destas paisagens rurais e tão apelativas. Não deixe de visitar a Casa-Museu, a igreja matriz, a ponte romana e as diversas capelas da freguesia.
15. Vale glaciar do Zêzere
Com 13 quilómetros de extensão, que vão desde a nascente do Zêzere até à vila de Manteigas, este é um dos vales glaciares mais longos da Europa. O seu aspeto peculiar, em forma de U, foi moldado por um antigo glaciar há quase 20 mil anos. Hoje, o seu leito é percorrido por um pequeno curso de água que alimenta as pastagens verdejantes onde os animais se deleitam. Mesmo ao lado, pode optar por um passeio pela deslumbrante Rota das Faias.
16. Sabugueiro
Uma das mais extensas freguesias do Parque Natural da Serra da Estrela, o Sabugueiro está localizado a uns impressionantes 1.100 metros de altitude, e é conhecida como a “aldeia mais alta de Portugal”. Localizada a meio caminho da Torre, a aldeia é rica em recursos naturais, como quedas de água, e goza de uma vista privilegiada sobre a serra e a sua vegetação única.
Graças à sua localização, constitui um excelente ponto de partida para conhecer algumas das estruturas hidroelétricas da serra, como as barragens do Lagoacho, do Vale do Rossim e da Lagoa Comprida (que é o maior reservatório de água em toda a serra). A cascata da Fervença e o covão do Urso (uma depressão de origem glaciar) merecem também a sua visita.