O Norte de Portugal, berço da nação, possui uma beleza ímpar e um carisma difíceis de igualar. As suas gentes são hospitaleiras e recebem sempre de braços abertos quem os visita. Mas também são genuínos, aguerridos e andam sempre com o coração na boca. Quem nunca visitou o Norte de Portugal não conhece o verdadeiro país.
As paisagens do Norte de Portugal são montanhosas, repletas de vales esculpidos por rios, muitos deles ainda em estado selvagem. É uma zona agreste que moldou quem aqui vive mas que também foi moldada pelos nortenhos, que souberam fazer dela a sua casa, o seu lar.
Desde o Douro ao Gerês, desde o Minho a Trás-os-Montes, desde o Alvão ao Marão… muitos são os sítios onde é possível encontrar pequenas aldeias típicas, gastronomia de excelência ou monumentos imponentes. Descubra alguns dos locais mais bonitos do Norte de Portugal.
1. Chaves
Esta cidade do distrito de Vila Real, em Trás-os-Montes, conta com cerca de 18 500 habitantes no seu perímetro urbano, sendo por isso considerada a segunda maior cidade deste distrito. Chaves encontra-se num vale fértil junto ao Rio Tâmega, bem próximo da fronteira com Espanha. A cidade foi lar por variados povos, sendo que a presença humana na região remonta ao Paleolítico.
No património, destacamos a Ponte de Trajano, o castelo, o Forte de São Neutel, e as diversas estações arqueológicas que pode encontrar ao redor da cidade. Como a cidade é conhecida também pelas suas termas, procure fazer-lhes uma visita e provar estas águas de aroma e sabor únicos.
2. Rio Poio
A aldeia de Alvadia é atravessada pelas águas do rio Poio, que foram usadas muitos anos para o funcionamento de moinhos e azenhas, alguns ainda visíveis em locais pouco acessíveis deste curso de água. É neste local que se situa a cascata Cai d’Alto, na freguesia de Cerva, em Ribeira de Pena, Vila Real.
Esta cascata tem cerca de 60 metros de altura e nasce junto da povoação de Lamas. O curso de água conflui numa lagoa, sendo que o local é muito usado na prática de desportos como a canoagem e canyoning. Não há outro local assim no coração de Trás-os-Montes.
3. Rio de Onor
Metade portuguesa, metade espanhola. Terra de ninguém e terra de todos. Assim é a mítica aldeia de Rio de Onor, em pleno Parque Natural de Montesinho, no concelho de Bragança. É uma das poucas aldeias portuguesas onde ainda hoje se praticam hábitos comunitários, outrora frequentes em muitas povoações do norte de Portugal.
A população explora as terras em conjunto, os rebanhos são cuidados por todos e as decisões que afetam a vida da comunidade são tomadas por acordo de todos os habitantes. Rio de Onor é uma lição de história. Os habitantes possuem até um dialeto próprio, fruto do seu isolamento e do contacto próximo com os vizinhos espanhóis.
4. Montesinho
A pequena aldeia de Montesinho está inserida no parque natural com o mesmo nome. É uma típica aldeia transmontana e uma das mais bonitas de Trás-os-Montes. As suas casas típicas foram sendo recuperadas para turismo e hoje em dia é possível fazer desta aldeia o centro para explorar a região.
Explore a aldeia caminhando pelas suas ruas calcetadas (e muito bem cuidadas). Descubra a sua pequena igreja e o museu instalado numa típica casa transmontana. Não deixe também de provar a fabulosa gastronomia local.
5. Parque Nacional Peneda Gerês
Este é o único Parque Nacional de Portugal e, embora a área seja repartida com Espanha, diz-se que as maiores belezas ficam do nosso lado da fronteira. Aqui encontra albufeiras, cascatas, serra, piscinas naturais e muitos animais em liberdade, como os garranos selvagens.
Como paragens obrigatórias, destacamos o Miradouro da Pedra Bela e as cascatas do Arado e de Pincães. Por aqui encontra também diversos percursos pedestres, e no final, pode-se refrescar na água, ou até dar uma voltinha de canoa ou de mota de água. E para sentir realmente o pulsar das gentes desta terra, nada como visitar Pitões das Júnias, Soajo, Fafião, Castro Laboreiro ou Lindoso.
6. Viana do Castelo
Está situada junto da foz do Lima, a 65 km do Porto e a 50km da fronteira de Valença. Foi fundada no séc. XIII pelo rei D. Afonso III, tendo o nome original de Viana da Foz do Lima. A cidade chegou a ter 70 navios mercadores, e na época dos Descobrimentos (sécs. XV e XVI), saíram dos estaleiros de Viana várias naus e caravelas, que depois regressavam carregadas de especiarias.
Viana do Castelo é uma cidade cheia de vida, contando com uma das mais belas romarias de Portugal, as festas da Senhora d’Agonia. Não pode deixar de visitar a Basílica da Santa Luzia e de percorrer a Rota dos Gigantes, conhecendo assim os locais onde nasceram quatro grandes figuras da nossa história, que levaram o nome de Portugal a todos os cantos do mundo.
7. Ponte da Barca
Situado na região demarcada dos Vinhos Verdes e com parte do concelho a fazer parte do Parque Nacional da Peneda-Gerês, não é de admirar que Ponte da Barca esteja na nossa lista de escapadinhas a Norte. Por aqui encontra diversas atividades desportivas e de lazer, bem como um vasto património histórico.
Destacamos o centro histórico da vila, com as suas casas solarengas, e os belos monumentos dos sécs. XVI-XVIII. Nos arredores, destacamos o Castelo do Lindoso (séc. XIII) e a Igreja Românica de Bravães (séc. XIII).
8. Guimarães
Guimarães encontra-se fortemente associada à formação e identidade de Portugal, especialmente o seu centro histórico, que ficava dentro das muralhas, e que hoje se encontra classificado como Património Mundial da Unesco, com base nos valores de originalidade e autenticidade com que foi recuperado.
Toda a cidade possui um conjunto patrimonial muito bem preservado, com destaque para as varandas de ferro, os alpendres e balcões em granito, as casas senhoriais, os arcos que ligam ruas estreitas, as torres e claustros.
9. Bragança
O centro histórico de Bragança encontra-se num local compacto, que facilmente se percorre a pé. As pedras gastas são testemunhas de uma história atribulada, que remonta à Idade do Bronze, numa povoação que passou pelas mãos de romanos, suevos e visigodos, com combates que ajudaram a estabelecer as linhas de fronteira e a importância estratégica da região.
A torre de Menagem quatrocentista é o grande destaque de um dos mais harmoniosos e bem preservados castelos de Trás-os-Montes, num conjunto monumental digno de nota pela sua originalidade. Procure visitar também a enigmática Domus Municipalis, um edifício que se acredita ter acumulado as funções de cisterna e do local de reunião dos “homens bons” do concelho.
10. Sistelo
E de repente… Portugal descobriu o Sistelo! A aldeia passou décadas no anonimato e bastou o slogan do “Tibete português” para chamar a atenção. Um slogan injusto, no entanto, já que Sistelo é muito mais do que socalcos nas montanhas
Mas são os socalcos que saltam primeiro à vista, claro. Não apenas no Sistelo, mas em toda a área envolvente. Assim que se entra nesta região, a paisagem transforma-se e deslumbra quem por aqui passa. Afinal de contas… poucos lugares são tão bons exemplos da comunhão entre os humanos e a paisagem envolvente.
A aldeia merece uma visita e tem no seu castelo a sua principal atração (na realidade, o castelo é um pequeno palácio do Século XIX onde viveu o Visconde de Sistelo. Mas a melhor forma de explorar a região é mesmo caminhando pelos famosos passadiços que conduzem à aldeia ou pelo trilho das Brandas do Sistelo.
11. Pitões das Júnias
Localizada na parte transmontana do Parque Nacional da Peneda Gerês, Pitões das Júnias é uma das aldeias típicas e tradicionais desta região. É também uma das mais famosas e visitadas. E não é por acaso!
É famosa pelo seu fumeiro e pela sua gastronomia e por isso vale bem a pena almoçar em qualquer um dos restaurantes que aqui existem. Depois do almoço, caminhe pelas ruas estreitas da aldeia e descubra os seus recantos e pequenos detalhes.
Se estiver com forças para mais, pode visitar as ruínas do Mosteiro de Pitões das Júnias. O local é mágico e é fácil perder algumas horas a imaginar como seria a vida dos monges que aqui viveram durante séculos. Aventure-se também pelos passadiços até chegar ao miradouro com vistas para a cascata de Pitões das Júnias. A vista vale bem a pena o esforço!
12. Provesende
Em plena região demarcada do Douro, Provesende é uma aldeia vinhateira do concelho de Sabrosa. Com vistas para o rio Pinhão, são as vinhas que dominam a paisagem. Toda a vida da aldeia gira em torno da nobre arte de produzir um dos melhores vinhos do mundo, o vinho do Porto.
Para além de um passeio pelos vinhedos da região, em Provesende pode descobrir diversas casas senhoriais e brasonadas, o antigo pelourinho, uma fonte do século XVIII e uma igreja barroca. A melhor forma de descobrir a aldeia é mesmo caminhando pelas suas ruas e apreciando cada pequeno detalhe.
13. São Xisto
Como o próprio nome indica, aqui domina o xisto, em contraste com a margem oposto do rio Douro que daqui é possível avistar. Localizada em São João da Pesqueira, em pleno Douro vinhateiro, a aldeia de São Xisto é dominada por uma paisagem de cortar a respiração.
Aprecie os socalcos das vinhas, os típicos muros de pedra e as suas casas tradicionais. Mas não fique por aqui! Uma capela, uma fonte centenária e o Mirante Anjo Arrependido são outras das atrações de São Xisto. Perca também algum tempo para visitar os tradicionais lagares de vinho e de azeite.
14. Aveiro
É junto à Ria, onde as águas do Vouga se misturam com as do mar, que se encontra a cidade de Aveiro, recortada por ruas aquáticas por onde deslizam os barcos moliceiros. A Barra Nova foi construída no século XIX, e a sua abertura para o oceano, em 1808, levou à formação de um canal com cerca de 264 metros de largura e entre 4 e 6 m de profundidade, o que abriu a Ria para o mar e reconstitui a fonte de sobrevivência da região.
Assim, não pode deixar de conhecer a Ria de Aveiro, passando pelo labirinto de canais, pelas dunas brancas junto ao mar, e pelas extensões imensas de marinhas, com as suas pirâmides de sal. Bem perto de Aveiro, encontra as Dunas de São Jacinto, proposta perfeita para os amantes da natureza.
15. Ponte de Lima
Ponte de Lima é um local perfeito para passar uns dias de descanso. Basta afastar-nos um pouco da vila para percebermos a vastidão da natureza que a rodeia, percorrida por diversas ecovias, percursos pedestres e por uma rota a não perder.
Perto de Ponte de Lima, encontra a Paisagem Protegida das Lagoas de Bertiandos e São Pedro d’Arcos, e os seus passadiços. Se procura algo mais de aventura em Ponte de Lima, encontra várias atividades, que vão desde a canoa, caiaque ou bicicleta, existindo também arborismo e até parkour.
16. Arribas do Douro
O Parque Natural do Douro Internacional abrange 122 km de troço fronteiriço do rio Douro e do seu afluente, o rio Águeda, e integra os concelhos de Figueira de Castelo Rodrigo, Freixo de Espada à Cinta, Miranda do Douro e Mogadouro. Os desfiladeiros, escavados pelos rios, são extremamente profundos, podendo chegar a ultrapassar os 200 metros, e têm uma grande beleza, embora sejam diferentes, já que no troço internacional do Douro foram sendo construídas 5 barragens, enquanto o Rio Águeda corre ainda livre.
As margens escarpadas, denominadas de arribas, têm um riquíssimo valor faunístico, especialmente no que concerne às aves. Aqui pode encontrar grifos, abutres do Egipto, cegonhas-pretas, águias-reais e águias de Bonelli, entre outras espécies.
17. Nossa Senhora da Peneda
Construído nos finais do século XVIII, a julgar pela data inscrita na coluna existente ao cimo da escadaria de acesso, acredita-se que neste local tenha existido uma pequena ermida construída para lembrar a aparição da Senhora da Peneda, cujo culto foi crescendo e motivou a construção do santuário.
Um dos grandes motivos para visitar o Santuário da Peneda, além da devoção religiosa, é poder observar a sua imponente cascata. Se a quiser observar na sua plenitude, convém visitar este local alguns dias depois de cair bastante chuva.
18. Serra da Freita
Se gosta de natureza e geologia, então a Serra da Freita e o Arouca Geopark vão ser um paraíso na Terra para si, já que aqui pode encontrar as famosas “pedras parideiras” e as “pedras boroas”, fenómenos geológicos únicos. No Marco Geodésico de São Pedro o Velho, consegue observar até bem longe a paisagem, e do Miradouro do Detrelo da Malhada, consegue observar a região envolvente a partir de uma perspetiva única.
Também é possível subir ao radar meteorológico no Pico do Gralheiro e, quando o tempo permite, ver Portugal desde a Figueira da Foz até ao Porto. Bem perto, encontra os Passadiços do Paiva, num trajeto com cerca de 8 km bastante exigente a nível físico, graças aos declives. Mesmo ao lado, encontra uma das maiores pontes suspensas do mundo.
19. Rio Douro
Este é um dos maiores rios da Península Ibérica, tendo um comprimento total de 938 km, sendo que 200 destes se encontram no nosso país. O rio Douro nasce em Espanha, na Serra de Urbião, e irriga uma área de 94 500 km2. Desses, 18 600 km2 são em Portugal. Este rio entra em Portugal em Barca de Alva, tomando a direção este-oeste.
O curso encontra-se hoje mais regularizado e navegável, graças às diversas barragens que foram construídas ao longo do seu percurso. O Douro corre por um vale apertado até à sua foz, no Oceano Atlântico, junto da cidade do Porto. Teve (e tem) um papel histórico de grande relevância no transporte do vinho do Porto, feito nos tradicionais barcos rabelos.
20. Rio Bestança
O Bestança nasce a 1229 m de altitude, em plena Serra de Montemuro, tendo uma dimensão de 13,5 km. Desagua em Porto Antigo, na margem esquerda de uma das maiores albufeiras do Douro, situada entre Oliveira do Douro e Cinfães. O seu nome advém de “bestias”, aludindo ao facto de correr naturalmente em zonas de fauna e flora selvagens.
Este é um dos rios com melhor qualidade ambiental em Portugal. Uma vez que todo o curso fluvial se encontra bem conservado e com um ecossistema sustentável, o rio Bestança foi integrado na Rede Natura 2000 e foi classificado como Biótopo Corine, assumindo assim uma importância ecológica nacional e internacional de grande valor.