O nosso país tem uma conexão histórica forte com a Galiza, uma vez que o Reino de Portugal se converteu em estado independente em 1143, a partir do Condado Portucalense, que fazia parte do Reino da Galiza.
Nessa altura, o Condado estendia-se já desde o rio Minho e Trás-os-Montes ao Condado de Coimbra e Viseu. No entanto, consumada esta separação, Portugal e a Galiza seguiram caminhos diferentes.
Com o tempo, o reino da Galiza foi abolido e incorporado em Espanha, em 1833, depois de um longo processo de castelhanização a um nível social, cultural e linguístico.
Apesar de tudo, quase um milénio depois da separação política entre Portugal e Espanha, os cidadãos de ambos os lados da fronteira ainda compartilham uma identidade cultural, especialmente em termos de idioma. Mas que razões existiriam para Portugal e a Galiza serem um único país?
1. A história em comum
Portugal e a Galiza foram parte da mesma província romana durante séculos (a Galécia), e ambos foram, mais tarde, parte do Reino Suevo.
A Galécia tinha proporções muito maiores que a atual Galiza, cujos limites se mantiveram estáveis até ao século XII, altura em que Portugal passou a ter personalidade própria e a constituir um reino independente.
2. A mesma língua
A língua galega e a portuguesa têm origem no galaico-português, que se foi expandido para sul com a expansão da Reconquista Cristã, sobrepondo-se aos poucos aos dialetos moçárabes (falados pelos cristãos sob domínio muçulmano).
Assim, era língua autóctone do norte do rio Douro, e língua de colonização do sul do mesmo. Com a criação do reino de Portugal, perdeu-se a comunicação e ligação entre as duas partes, o que foi crucial em termos de língua e levou às diferenças atuais.
3. Uma economia pujante
A ligação entre Portugal e Galiza poderia dar origem a um espaço enquadrado na faixa atlântica da Península Ibérica, que teria uma população de 13 milhões e 700 mil habitantes e um PIB que rondaria os 300.000.000.
Os seus principais centros políticos, culturais, económicos e académicos poderiam ser a zona de Lisboa, a zona do Porto, Vigo, Corunha, Braga, Coimbra, Santiago de Compostela e Faro.
Esta grande frente atlântica poderia ser um imenso projeto económico, que teria um enorme poder de atração que estaria ao serviço da comunidade mundial dos Países Lusófonos.
Apesar de tudo, sabemos que dificilmente tal projeto se irá alguma vez concretizar e, portanto, tudo o que aqui foi discutido serve mais para relembrar a nossa ligação histórica e cultural à Galiza, do que a reivindicar algum tempo de pretensão sobre esta.