Os provérbios são manifestações populares de sabedoria. Regra geral, falam de pequenas ou grandes verdades do dia-a-dia e do comportamento das pessoas. São pequenas lições de vida em forma de sabedoria que é transmitida de geração em geração. E são muitos os provérbios portugueses que merecem destaque e uma análise mais detalhada.
Também conhecidos por ditados populares, os provérbios fazem parte da cultura portuguesa e das tradições do nosso povo. Alguns deles variam de região para região e outros estão a cair em desuso e no esquecimento.
Ninguém sabe ao certo como eles surgiram. Mas porque falam sobre verdades universais ou aspetos lógicos do quotidiano, continuam a ser utilizados regularmente nas mais variadas situações. Descubra alguns dos melhores provérbios populares portugueses e os seus significados.
1. “Amigos, amigos, negócios à parte”
Significa que se deve manter as devidas distâncias entre a amizade e os negócios ou a vida profissional. Regra geral, negócios feitos entre amigos podem levar ao final dessa amizade quando as coisas não correm como esperado. Também indica que, quando se trata de negócios, as pessoas podem revelar uma outra faceta que não tinham revelado enquanto amigos.
2. “Um olho no peixe, outro no gato”
É uma variação do mais polémico e preconceituoso “um olho no burro e outro no cigano”. Aplica-se a situações em que alguém deve estar atento aos dois lados de um conflito ou prestar atenção tanto à vítima como ao agressor.
3. “Deus tem mais para dar do que o Diabo para tirar”
Quer dizer que, ao longo da vida, são mais as vezes em que recebemos algo bom do que aquelas em que nos acontece algo mau. Indica também que o lado bom é mais forte do que o lado mau. Demonstra uma visão otimista da vida.
4. “O seguro morreu de velho”
Ditado popular que fala sobre algo evidente: alguém mais precavido tem sempre mais hipóteses de ter sucesso na vida do que aqueles que vivem sem preocupações.
5. “O preguiçoso trabalha dobrado”
Parecido ao famoso “não deixes para amanhã o que podes fazer hoje“. Indica que aqueles que se desleixam e adiam o que têm a fazer para mais tarde acabam por ter mais trabalho depois por causa das consequências desse adiamento ou da pressa com que tem que resolver algum assunto.
6. “Quem não quer ser lobo não lhe vista a pele”
Um provérbio popular sobre aparências e comportamentos. Pretender mostrar que alguém tem melhores resultados quando mostra ser fiel a si próprio. A pessoa que mostra ser uma coisa sem o ser realmente não pode depois queixar-se se alguém o acusar de ser assim.
7. “Em terra de cego quem tem um olho é rei”
Talvez um dos mais conhecidos provérbios portugueses. Aliás, talvez seja um daqueles que explicar melhor o nosso comportamento enquanto sociedade. Significa que, num grupo de ignorantes, aquele que possui algum conhecimento, embora pouco, tem tendência para ser o líder.
8. “Um dia da caça, outro do caçador”
Nem todos os dias são maus. Em alguns dias, alguns são recompensados pela sorte e outros têm azar. Noutros, acontece o inverso. Indica também que a paciência é uma virtude e que devemos usá-la e esperar por dias melhores.
9. “Não adianta chorar sobre leite derramado”
Provérbio português que terá, possivelmente, origens brasileiras. Significa que não devemos pensar demasiado nos problemas do passado. O melhor mesmo é viver o presente e confiar que o futuro será melhor.
10. “Águas passadas não movem moinho”
Possui uma intenção algo semelhante ao provérbio anterior. Pretender mostrar que situações ou atitudes do passado não resolvem os problemas do presente e que nos devemos focar nos dias de hoje se quisermos evoluir e melhorar a nossa condição.
11. “O pior cego é aquele que não quer ver”
Indica que uma determinada pessoa não está a analisar devidamente uma situação ou um problema porque está impedido de o fazer por outras razões, normalmente emocionais. Aplica-se em situações onde é melhor analisar problemas com a razão em vez do coração.
12. “Apressado come cru”
Provérbio em tudo semelhante ao famoso “a pressa é inimiga da perfeição”. Aplica-se em casos onde a paciência é a qualidade necessária para resolver uma situação, tarefa ou problema.
13. “Plantar verde para colher maduro”
Outro dos provérbios portugueses sobre as virtudes da paciência e de pensar a longo prazo. Significa que devemos preparar o futuro com antecedência e ser pacientes na espera pelos resultados. Aplica-se também quando alguém utiliza perguntas hábeis para conseguir as respostas que pretende.
14. “Quem ri por último ri melhor”
A vida dá muitas voltas, por vezes inesperadas. Por isso mesmo, é melhor esperar pelo último momento para cantar vitória. Só assim poderá evitar desilusões e expectativas que não foram cumpridas.
15. “Filhos criados, trabalhos dobrados”
Ditado popular que significa que os filhos continuam a causar preocupações mesmo quando se tornam adultos. Além disso, essas preocupações podem ser ainda maiores do que quando eles eram crianças.
16. “De noite, todos os gatos são pardos”
Provérbio com uma explicação física: na escuridão é difícil distinguir as cores. Significa que tudo parece igual quando analisamos algo “na escuridão”, ou seja, sem conhecimentos suficientes. Aplica-se também nas situações em que tentamos analisar um problema numa situação de stress ou tensão.
17. “Depois da batalha aparecem os valentes”
O significado deste provérbio popular é simples e evidente: muitas pessoas mostram ser corajosas ou sábias apenas depois do problema já ter sido resolvido. Aplica-se também em situações em que alguém se gaba do que não fez ou em casos em que alguém diz ser capaz de fazer algo mas depois desiste e aparece apenas no final para dar o seu palpite.
18. “Não adianta lamentar a morte da bezerra”
Aplica-se em situações em que alguém se lamenta sobre algo que já não pode ser alterado. Pretender transmitir a ideia de que é melhor pensar no presente e o futuro em vez de recordar os problemas do passado.
19. “Deus ajuda quem cedo madruga”
Apesar de se aplicar muitas vezes às pessoas que acordam cedo, significa que aqueles que trabalham mais são recompensados com coisas boas e melhores resultados. Normalmente, uma pessoa que acorda cedo é considerada mais trabalhadora e esforçada do que alguém que acorda tarde.
20. “Em briga de marido e mulher ninguém mete a colher”
Provérbio popular muito comum em Portugal e no Brasil. Pretende transmitir a ideia de que é melhor opinar sobre as zangas entre os membros de um casal. Geralmente, por 3 motivos: porque não sabemos a história toda, porque podemos faltar ao respeito à sua privacidade e porque cada casal tem a sua própria dinâmica que, muitas vezes, é difícil de compreender por quem está de fora.
21. “Quem bate, esquece; quem apanha, não”
Ditado popular que ilustra a diferença de perceção dos acontecimentos entre um agressor e a sua vítima. O agressor esquece com facilidade que agrediu, física ou verbalmente, a vítima. Por sua vez, a vítima não esquece tão facilmente ou tão rápido e guarda mágoa.
22. “A esperança é a última a morrer”
Significa que devemos lutar até ao fim e mostrar perseverança porque um problema pode ser resolvido mesmo no último minuto. Indica que a paciência é recompensada e que não devemos ser derrotistas.
23. “De boas intenções está o inferno cheio”
É talvez um dos provérbios populares portugueses mais utilizados. Transmite a ideia que as boas intenções não chegam para resolver um problema e que é preciso mais ação e gestos concretos. Indica ainda que, por vezes, as boas intenções podem ser falsas ou pouco honestas.
24. “Em casa de ferreiro, o espeto é de pau”
Ditado popular um pouco semelhante ao famoso “santos da casa não fazem milagres”, embora se aplique a situações um pouco diferentes. Aplica-se quando as coisas não estão onde seria de prever que estivessem ou não são como seria de prever que fossem.
25. “Quando um não quer, dois não brigam”
Muito semelhante ao “são precisos 2 para dançar o tango”. Significa que, geralmente, as discussões acontecem por culpa (ou vontade) de todos os envolvidos na questão.
26. “Os últimos serão os primeiros”
Provérbio com origem bíblica. Na religião, indica que aqueles que são humildes e justos serão os primeiros a entrar no Paraíso e que esta entrada não é determinada pelo estrato social de cada pessoa. Aplica-se a situações em que se pretende mostrar que aqueles que são justos, humildes e honrados serão recompensados pelas suas ações.
27. “Se ferradura trouxesse sorte, burro não puxava carroça”
Indica que os amuletos são inúteis perante a realidade do dia-a-dia e que mais vale trabalhar do que esperar que as coisas aconteçam apenas por sorte.
28. “Manda quem pode, obedece quem tem juízo”
Ditado popular que indica que aqueles dependem de um trabalho devem ter o juízo de obedecer ao seu patrão, não porque ele sabe o que está a dizer mas sim porque lhe paga o ordenado. Utilizado em situações em que, como diz o povo, “mais vale estar calado”.
29. “Pau que nasce torto nunca se endireita”
Significa que algo que começa mal dificilmente acabará bem. Também se aplica a pessoas que mostram mau feitio desde muito cedo. Muito semelhante a outros provérbios portugueses como “de pequenino se torce o pepino”, por exemplo.
30. “O homem é senhor do que pensa e escravo do que fala”
Pretende mostrar que as palavras que dizemos, as promessas que fazemos e as opiniões que damos têm consequências com as quais temos que lidar. Se guardarmos essas palavras apenas para nós, dificilmente teremos que prestar explicações a alguém.
Muitos desses provérbios estão mal!
Não são nada assim!