O projeto das “Aldeias do Xisto” reúne um total de 27 pequenas povoações, grande parte delas localizadas na Serra da Lousã. Têm em comum serem construídas neste material mas as semelhanças vão muito mais longe: tradições, cultura, história e modos de vida assemelham-se muito em quase todas estas aldeias que, graças a este novo impulso, começam de novo a ganhar vida.
Até há pouco tempo, muitas delas estavam ao abandono, quase sem habitantes e as suas habitações eram apenas ruínas. Mas nos últimos anos deu-se algo inesperado: as pessoas começaram a voltar, as casas vão sendo recuperadas e os turistas começam a ganhar cada vez mais interesse. E, para isso, muito contribuiu a dinamização da Serra da Lousã e das suas aldeias de xisto, que ganharam museus, restaurantes, passadiços ou baloiços, por exemplo.
Passear por estas aldeias é um autêntico regresso ao passado. Mas é também uma homenagem aos que foram forçados pela vida a deixá-las para trás e partir em busca de uma vida melhor. Descubra algumas das mais secretas aldeias de xisto da Serra da Lousã e faça-se à estrada, à descoberta de um país que julgava não mais existir.
1. Chiqueiro
Na pitoresca aldeia de Chiqueiro, em plena Serra da Lousã, vivem apenas duas pessoas… juntamente com o seu enorme rebanho de cabras. Apesar de ser a mais pequena aldeia de xisto da serra e de ter um tamanho pequeno, consegue cativar os visitantes com facilidade. Afinal de contas, não é todos os dias que se descobre que o paraíso existe mesmo.
Chiqueiro tem apenas duas ruas, ladeadas pelas escuras casas em xisto, que contrastam perfeitamente com a capela, único edifício branco da povoação. A delimitar a aldeia, encontram-se duas ribeiras e uma vegetação frondosa.
2. Ferraria de São João
Ferraria de São João é uma Aldeia do Xisto localizada na parte sul da serra da Lousã. A aldeia conta com uma grande riqueza paisagística e cultural, e é marcada pela entreajuda e convívio entre os habitantes. Faz parte do concelho de Penela e é famosa por ter resistido aos grandes incêndios de 2017.
A aldeia tem atraído cada vez mais habitantes, que se têm fixado ao longo do tempo, seja por opção de vida, seja para gerir negócios. Esta revitalização da população mudou a face da aldeia e dinamizou-a, tendo aberto a Ferraria ao mundo sem, no entanto, perder a sua genuinidade. A aldeia de xisto da Ferraria de São João voltou a ganhar vida.
3. Casal Novo
Localizada no concelho da Lousã, a pequena e singela localidade de Casal Novo faz parte da rede das Aldeias de Xisto. É uma das mais pequenas aldeias da Serra da Lousã, sendo apenas constituída por uma rua principal, atravessa por duas ou três ruelas e as suas eiras, os campos onde os habitantes semeavam os seus legumes e cereais.
A aldeia visita-se rápido e tem pouco património. A fonte e o tanque são os únicos locais públicos e o resto que há para ver são as casas e as ruas de xisto. Mas vale a pena perder algumas horas a deambular pelos seus becos e ruelas e apreciar cada pequeno detalhe e imaginar como seria o dia-a-dia das pessoas que aqui viviam.
4. Aigra Nova
Aigra Nova é uma das quatro aldeias do concelho de Góis que fazem parte da rede de Aldeias do Xisto. Está dividida em três pequenas ruas, onde encontra as bonitas casas de construção baixa e à base de xisto, num local que alia o passado com o futuro de uma forma singular e muito apelativa.
Caminhar pelas suas ruas é fazer uma autêntica viagem ao passado. A melhor forma de descobrir a aldeia é passeando, sem pressas, pelos seus becos e ruelas e apreciando cada pequeno detalhe. Ao mesmo tempo, vá imaginando como seria a vida de quem vivia nesta pequena aldeia de xisto há apenas uma décadas.
5. Aigra Velha
A pacata aldeia de xisto de Aigra Velha é uma aldeia diferente de todas as outras, tanto nas redondezas como talvez mesmo do país. Encontra-se no ponto mais alto da Serra da Lousã, e a sua história encontra-se ligada a lobos, caravanistas e intrusos, embora hoje apenas tenha um habitante permanente.
Uma boa forma de descobrir a aldeia é passeando pelos seus becos e ruelas, onde, apesar de não encontrar muita vida, vai descobrir pequenos detalhes que fazem a diferença. No meio da aldeia, por exemplo, encontrará um forno e alambique recuperados, onde se faz broa de milho e aguardente que, diz quem provou, são excelentes.