No extremo nordeste de Portugal, encontramos Trás-os-Montes, que não engana mesmo no nome. Afinal, trata-se de uma terra atrás dos montes e rodeada, toda ela, por montanhas. Essa localização sempre tornou a região um caso peculiar no nosso país, estando isolada, longe de tudo e tendo preservado muitas das suas tradições seculares.
Mas este isolamento teve ainda outras consequências para além da manutenção das tradições mais antigas: criou um sistema de aldeias comunitárias onde o povo gere em conjunto as terras e o gado e um conjunto de dialetos (alguns em vias de extinção) que se falam ainda em alguns locais, sobretudo pelos mais velhos.
Aqui, encontramos aldeias típicas, com um charme único que apenas por aqui se pode apreciar, com uma genuinidade que nos conquista e fica na memória. Se quer visitar a região e conhecê-la um pouco melhor, deixamos-lhe 5 aldeias típicas a não perder em Trás-os-Montes.
1. Rio de Onor
A aldeia de Rio de Onor é atravessada pela fronteira entre Portugal e Espanha, embora, para os habitantes desta aldeia, a fronteira seja apenas uma formalidade, com a população a tratar as duas aldeias (a portuguesa e a espanhola) como “povo de acima” e “povo de abaixo”. Aqui, o gado atravessa com frequência a fronteira livremente, e a população dos 2 países tem muitas vezes terras do lado oposto da fronteira.
Esta é uma aldeia comunitária, o que significa que os habitantes partilham algumas coisas, como o forno, terrenos agrícolas onde todos devem trabalhar e um rebanho, que basta nesses terrenos. Apesar disso, o estilo comunitário já não é tão praticado, devido à idade avançada dos habitantes.
2. Pitões das Júnias
Encontra-se a cerca de 1200 metros de altitude e é a segunda aldeia mais alta de Portugal, encontrando-se totalmente inserida no Parque Nacional da Peneda-Gerês. Esta é a porta de entrada para o Gerês transmontano e é um dos grandes cartões de visita da região. Aqui encontra um Gerês diferente ao que está habituado, com as suas tradições peculiares e antigas e um modo de viver profundamente ligado à terra.
Graças ao seu longo isolamento, Pitões das Júnias tem ainda hoje um traçado típico medieval, assim como um modo de vida que se funde com a natureza envolvente. Aqui, tudo gira em volta da terra e daquilo que esta tem para dar, com os seus habitantes a adaptarem-se na perfeição ao meio que os circunda.
3. Montesinho
Esta pequena aldeia pertence a Bragança e encontra-se no coração do Parque Natural que lhe dá o nome, sendo uma das aldeias mais típicas e bonitas de Trás-os-Montes. Encontra-se a pouco mais de 1000 metros de altitude e foi totalmente recuperada, conseguindo, no entanto, manter-se fiel às suas origens. Aqui, as casas continuam a ser tipicamente transmontanas, feitas de granito e tendo telhados de lousa ou ardósia, e as suas ruas são também calcetadas com granito.
Por sua vez, as varandas das casas continuam a ser de madeira e decoradas com flores, que enchem as ruas da aldeia de Montesinho de vida na primavera e no verão. Esta zona de Trás-os-Montes é também muito conhecida por ter neve em abundância durante a estação do inverno.
4. Travassos do Rio
Esta típica aldeia transmontana localiza-se ao longo do vale do rio Cávado, e fica já dentro do Parque Nacional da Peneda-Gerês. As suas ruas e casas são de pedra e, aqui, impera um aspeto rústico e a tradição. Travassos do Rio é famosa devido a um dos mais curiosos monumentos de Trás-os-Montes, a Torre do Boi. Esta construção enorme foi erigida em honra de um lendário boi da aldeia, que, ao que parece, foi um campeão imbatível das famosas e típicas “chegas de bois”.
Situada longe de tudo e de todos, Travassos do Rio conseguiu manter-se como uma aldeia típica, estando pouco afetada pelas construções modernas. Passeando pelas suas ruas peculiares, irá descobrir fontes de água, fornos e casebres para animais.
5. Vilarinho de Negrões
Esta aldeia tem uma beleza inigualável e é muito pitoresca, parecendo crescer por sobre a água. As casas de Vilarinho de Negrões estão praticamente rodeadas por água, o que lhe dá um aspeto único no nosso país. Encontra-se na margem sul da Albufeira do Alto Rabagão, cuja construção terminou em 1964. A aldeia em si encontra-se numa península estreita, com os seus casarios típicos a estenderem-se ao longo deste pedaço de terra.
Recomendamos uma visita mais demorada ao local, para que possa conhecer as suas imediações, o seu património natural e arquitetónico, e para que se possa deliciar com as iguarias regionais. Por aqui conseguirá encontrar tranquilidade e sossego, algo perfeito quer para uma viagem em família, quer para uma viagem sozinho.