Braga é das cidades mais dinâmicas, jovens e vibrantes de Portugal, apesar de ser uma cidade antiga e rica em história. É aqui o coração do Minho, uma das regiões mais genuínas de Portugal e, por isso, não é de estranhar que Braga tenha algumas curiosidades a si associadas. São lendas, histórias curiosas e peculiaridades próprias de uma cidade com mais de 2000 anos de história.
A importância histórica de Braga é inegável. Foi um importante centro católico da Península Ibérica e muitas decisões que nos afetaram a todos foram tomadas aqui. Também foi, durante algum tempo, capital do reino dos Suevos, numa região que se estendia da Galiza até ao Mondego.
Conhecer a história e as lendas de Braga é mergulhar nos meandros da própria história de Portugal e da formação da nossa nacionalidade. Por isso mesmo, vale a pena saber um pouco mais sobre esta que é a capital do Minho. Descubra 5 fantásticas curiosidades da cidade de Braga.
1. A cidade deu o nome aos dias da semana
Com certeza já reparou que os dias da semana em português são diferentes dos de outras línguas. Por exemplo, Monday e Lunes significam ambas “dia da Lua”, mas em português, dizemos segunda-feira. Isto acontece graças a São Martinho de Dume, antigo bispo de Braga, que não só quis mudar o nome dos dias da semana, mas também queria mudar o nome dos planetas, como forma de substituir as nomenclaturas de raízes mais pagãs por designações mais de acordo com a fé católica.
Assim, decidiu-se que, a partir do Primeiro Concílio de Braga, os dias deveriam ser designados da seguinte forma: Domina Dies, Feria Secunda, Feria Terta, Feria Quarta, Feria Quinta, Feria Sexta, Sabbatum, sendo que Feria significava festa (litúrgica, neste caso). Curiosamente, é da palavra Feria que vem o atual “feriado”. Estas designações eram para ser usadas em todo o lado, mas só o território a que viria a corresponder Portugal as seguiu, o que explica a diferença.
Com o passar dos anos, Feria passou a ser substituída pela palavra Feira, sofrendo assim os nomes dos dias da semana a sua atual modificação. E se se pergunta porque dizemos terça-feira e não terceira-feira, é porque seguiu a pronúncia latina do original Tertia.
2. As lendas casamenteiras
Diz a lenda que existem três galos na fachada da Igreja de Santa Cruz, e a moça que os encontrar terá casamento marcado para breve. Mas a tarefa não é assim tão fácil, já que, apesar dos dois primeiros galos serem fáceis de encontrar, o terceiro já se revela mais esguio. Esta não é, no entanto, a única lenda do género associada a Braga. Há uma tradição associada à estátua de São Longuinho (no Santuário do Bom Jesus) e o dia de São João.
São Longuinho era um lavrador abastado e de grande reputação, que encantava as donzelas, mas que se encantou por uma que já estava apaixonada por outro, Rosinha. Mesmo assim, o pai da rapariga prometeu-a a Longuinho. Rosinha orou muito, e apelou a um milagre que a deixasse ficar com o seu verdadeiro amado.
Foi então que uma voz sussurrou ao ouvido do lavrador, para que tivesse compaixão da jovem, e este acedeu até a ser padrinho do casal, passando São Longuinho a simbolizar o altruísmo e o triunfo do amor verdadeiro.
Assim, durante o São João, algumas raparigas andam à volta da Estátua de São Longuinho, proferindo ao mesmo tempo determinadas preces para apressarem o seu casamento.
3. Os dotes culinários do Abade de Priscos
Manuel Joaquim Machado Rebelo, ou Abade de Priscos, como era conhecido, ficou para a história na freguesia de Santiago de Priscos pelos seus dotes a engomar roupa, costurar e bordar e, acima de tudo, pelos seus dotes culinários, tendo sido considerado dos melhores cozinheiros do século XIX. A sua composição mais famosa, o Pudim Abade de Priscos, integra ainda hoje os cardápios de muitos restaurantes minhotos.
As histórias contam como o Abade era capaz de transformar as refeições em pura magia, muito graças aos diversos temperos que transportava na sua mala secreta. Um dos episódios mais recontados data de 3 de outubro de 1887, altura em que o Abade foi escolhido para preparar o banquete real, na Póvoa do Varzim, para receber D. Luís e a família real. A refeição estava tão boa, que o Rei quis conhecer o cozinheiro, e saber qual a composição daquele prato único.
Inesperadamente, o Abade sorriu, e respondeu que era palha, o que provocou o espanto dos presentes, e levou o Rei a perguntar se se servia palha a uma figura Real. De forma misteriosa, o Abade acabou por esclarecer: “Majestade, todos comem palha, a questão é saber dá-la…”.
4. A terceira cidade europeia mais feliz
Segundo um estudo do Eurobarómetro, 97% dos bracarenses sentem-se satisfeitos por viver na sua cidade, o que coloca Braga no posto de cidade mais feliz de Portugal e de terceira mais feliz da Europa, juntamente com outras oito cidades, nas quais se inclui Málaga, Munique, Estocolmo e Hamburgo. Já em relação aos cuidados de saúde, 52% dos bracarenses estão satisfeitos, tendo apenas Lisboa (com 59%) à sua frente.
5. Os prémios internacionais do Estádio-Pedreira
Este estádio, construído aquando do Euro 2004, é conhecido como “A Pedreira”, e foi projetado pelo arquiteto Eduardo Souto Moura e pelo engenheiro Rui Furtado. O projeto tem linhas arquitetónicas inovadoras, tendo duas bancadas laterais e capacidade para 30 mil lugares. No topo do estádio encontramos parte da antiga pedreira, e do outro uma vista maravilhosa sobre um vale de Braga. A cobertura tem inspiração Inca.
A obra foi contemplada com o Prémio Secil de 2004 (categoria arquitetura), e de 2005 (categoria engenharia civil). Este prémio distingue as mais significativas obras de arquitetura e engenharia. Eduardo Souto Mouro recebeu também o Prémio Pritzker, o galardão mais elevado da arquitetura mundial, em junho de 2011, numa cerimónia onde o Estádio foi destacado pelo júri e por Barack Obama, presidente dos Estados Unidos na altura.