Foram inúmeras as infantas de Portugal que acabaram por rumar ao estrangeiro para se tornarem rainhas consortes, indo habitualmente para terras de Espanha, Dinamarca e Inglaterra. Só em Espanha, foram 11 as princesas portuguesas que se tornaram rainhas.
Algumas destas infantas tiveram destinos infelizes, outras foram de grande importância para a cultura dos países de acolhimento. Deixamos-lhe aqui 5 das infantas portuguesas que forma rainhas no estrangeiro e que se destacam pelo seu contributo ou história.
1. D. Berengária
Filha de D. Sancho I e de D. Dulce, foi a primeira portuguesa a tonar-se rainha da Dinamarca, casando-se com o rei Valdemar II em 1214. Do matrimónio, nasceram Sofia, Eric, Cristóvão e Abel, nomes com tradição na monarquia dinamarquesa. Faleceu a 1 de abril de 1221, com 23 ou 25 anos, e está sepultada na Igreja de St. Bendt, em Ringsted (Dinamarca).
Berengária não foi uma rainha amada pelo povo, já que a primeira esposa de Valdemar II, Margarida de Dagmar, fora muito popular, em parte pelos seus traços nórdicos aos quais o povo estava acostumado. Sendo uma rainha do Sul, Berengária surge como uma beleza de olhos e cabelo escuros, tendo sido difícil para ela competir com a falecida rainha.
O casamento de Berengária coincidiu também com uma época de problemas económicos no seu reino de acolhimento, tendo o povo sido sobrecarregado de impostos. Assim, a rainha foi injustamente acusada de causar a ruína do reino com os seus gastos, embora os impostos fossem para a guerra e não para ela. Apesar de tudo, Berengária fez várias doações a igrejas e conventos, tendo sido a primeira rainha dinamarquesa a usar uma coroa, que se encontrava no inventário dos seus pertences.
2. D. Leonor
Sobrinha da anteriormente mencionada Rainha Berengária, e filha de D. Afonso II de Portugal e de Urraca de Castela, Leonor casou-se em 1229 com o rei dinamarquês Valdemar III. Faleceu aos 20 anos, em 1231, na sequência de um parto, sendo que o esposo faleceu pouco tempo depois. Como o bebé não sobreviveu, e sem terem deixado descendência, a coroa passou assim para os cunhados de D. Leonor: Érico, Abel e Cristóvão. Tal como a tia, repousa na Igreja de St. Bendt, em Ringsted.
3. D. Maria Isabel
A filha de D. João VI e de D. Carlota Joaquina casou com o seu tio D. Fernando VII, rei de Castela, em 1816. Faleceu em 1818 com apenas 21 anos, estando os seus restos mortais no Mosteiro de Escorial, em Madrid.
A vida na corte madrilena não foi fácil para a rainha, já que o seu marido não se interessava por ela e prosseguia a sua vida devassa. Criou-se também um sentimento geral de inimizade à rainha, já que não era dotada de grande beleza física e por não ter um dote que engordasse o tesouro real. “Fea, pobre y portuguesa, chúpate esa”, dizia-se em Madrid.
Para dissipar as mágoas, a rainha ocupou-se com a criação do Museu do Prado e com a proteção da arte e dos artistas. Ao mesmo tempo, escrevia um diário íntimo, cheio de amargura e melancolia, e enviava cartas queixosas à mãe, que de resto pouco a consolava, dizendo-lhe que “a resignação é a divisa dos santos”.
4. D. Catarina de Bragança
D. Catarina, filha de D. João IV e de D. Luísa de Gusmão, casou com Carlos II de Inglaterra em 1661. Como era católica num país de anglicanos, a rainha não foi muito bem vista pelos habitantes. Apesar de tudo, D. Catarina foi responsável por implementar algumas tradições em Inglaterra, como a do Chá das Cinco, e introduziu a utilização de talheres, o chá, o tabaco e a geleia de laranja na Corte.
D. Catarina ainda permaneceu em Inglaterra após a morte do marido, acabando por regressar mais tarde a Lisboa, onde faleceu a 31 de dezembro de 1705, com 66 anos. Foi inicialmente sepultada nos Jerónimos, mas no séc. XIX acabou por ser transladada para o Panteão dos Braganças, em São Vicente de Fora.
5. D. Isabel
Esta infanta portuguesa foi considerada uma das rainhas mais marcantes do séc. XVI. Filha de D. Manuel I e de D. Maria, casou com o seu primo Carlos V em 1526, obtendo assim o título de rainha de Espanha e Imperatriz da Alemanha. O casal teve 5 filhos: Fernando e João (falecidos ambos com apenas 1 ano de idade), Joana de Áustria, Maria de Áustria e Filipe (II de Espanha, I de Portugal). Os seus filhos foram educados na língua portuguesa.
D. Isabel assumiu a regência nos períodos de 1528 a 1533 e de 1535 a 1538, devido à participação de Carlos V em guerras. A rainha acabou por falecer a 19 de julho de 1539 na sequência de um parto, aos 35 anos. Carlos V ficou muito transtornado com a perda da esposa, não se casando mais nenhuma vez e usando luto até ao fim da sua vida. D. Isabel está sepultada no Mosteiro de Escorial, em Madrid.