Todos nós o recordamos dos tempos de escola: a Serra da Estrela é a montanha mais alta de Portugal Continental. Com os seus quase 2 mil metros de altura. Sempre foi um local um pouco mais isolado do resto do país, até porque o seu relevo montanhoso dificultava a comunicação.
Este isolamento forçado, no entanto, ajudou a que se criasse uma personalidade mais especial e singular nas gentes que aqui habitavam, criando-se também, nos seus montes e vales, aldeias tão únicas e especiais como as pessoas que nelas habitavam.
Este isolamento chegou ao fim com a chegada de boas estradas, mas a verdade é que as tradições ancestrais da Serra da Estrela ainda são mantidas bem vivas pelo seu povo, encontrando-se muito bem preservadas as suas aldeias e costumes.
Assim, visitar as aldeias da Serra da Estrela é uma experiência única e que não poderá ser repetida em mais nenhum local, valendo bem a pena uma visita demorada. Siga as nossas sugestões e descubra algumas das aldeias de sonho que pode encontrar nesta bela região do nosso país.
1. Loriga
Após uma estrada serpenteante e que convida ao passeio, com curvas audaciosas pelas encostas da serra, onde a cada volta nos podemos deparar com uma paisagem de cortar a respiração, encontra-se Loriga. Os seus casarios brancos impressionam os visitantes, mas é a Natureza que aqui parece reinar, num verdadeiro reino de esplendor e vida.
Os montes que circundam Loriga são ricos em paisagens surpreendentes, deixando-nos abismados os cerros mais íngremes, cortados a pique, e tão bem contrabalançados pela ondulação dos vales e montes. A água cristalina é aqui abundante, deslizando suave e com um murmurar suave que traz a melancolia à paisagem e aos visitantes.
Esta aldeia, bem digna de uma visita, irá dar-lhe a paz e tranquilidade de que necessita. Conhecida como a Suíça portuguesa, pela sua extraordinária localização a 770m de altitude. Os socalcos, bem como a sua rede de irrigação complexa, são uma das características mais marcantes da região, permitindo que, ao longo de centenas de anos, esta região se tornasse muito fértil.
Não deixe de visitar a ponte e estrada romanas, a Igreja Matriz, o pelourinho, e as várias ruas históricas, como a Rua da Oliveira, que com os seus 80 degraus em granito nos mostra nos dias de hoje características de uma rua medieval.
2. Cabeça
Esta pitoresca aldeia tem o xisto como rei e senhor, muito presente nas casas que compõem a paisagem singular, cercada de elevações graníticas e que convidam o olhar ao descanso. Em plena Serra da Estrela, esta aldeia de encantos e cheia de história tem uma tradição muito ligada ao cultivo dos campos em socalcos e à atividade pastorícia. Cabeça é também a terra lendária dos cavaleiros das Esporas de Ouro, e foi tornada freguesia a 13 de janeiro de 1800.
Esta pequena povoação, situada num morro, possui duas igrejas dignas de visita (São Romão e Paroquial) e duas capelas igualmente belas (Santo António e Nossa Senhora da Nazaré, esta última datada de 1900).
Para além do património cultural, arquitetónico e natural, Cabeça é conhecida como Aldeia Natal, já que a tradição dita que, nestas festividades, as ruas sejam enfeitadas com materiais naturais (giestas, musgo, varas de videira, etc) e com leds, que dão mais brilho e alegria à quadra natalícia. Curiosamente, Cabeça foi também a primeira aldeia Led de Portugal, por ter sido a primeira aldeia a substituir a tradicional iluminação pública por Leds.
3. Folgosinho
Esta bela vila, no coração da Serra da Estrela, conta com uma atmosfera e vista espetacular da serra e das povoações que a rodeiam, graças à sua estonteante altitude de 933 metros. Esta beleza é ainda mais acentuada se admirar a paisagem do pequeno, mas elegante castelo, cujo relógio presente na torre principal é visível ao longe, quando passeia pela vila.
Visitar Folgosinho é entrar num mundo com um ritmo mais lento e natural, sendo frequente verem-se pastores a atravessar as ruas seguidos das suas cabras e ovelhas, em direção ao pasto, ou ver pessoas a irem buscar água às várias fontes que se encontram espalhadas pela vila.
Folgosinho está associado à figura de Viriato, e tem uma interessante tradição de culto das fontes, muito presente nas lendas e na tradição oral. Não deixe de visitar as várias fontes, bem como o castelo, o pelourinho e a igreja. Esta vila presta-se a longos passeios para absorver bem toda a calma e a paisagem que a rodeiam, pelo que deverá procurar visitar tudo com tempo, de modo a saborear a experiência.
4. Alvoco da Serra
No coração do Parque Natural da Serra da Estrela, Alvoco da Serra é uma localidade rica em tradições e de origens muito antigas, tendo vestígios de ocupação romana, nomeadamente uma calçada, onde se encontraram mesmo moedas da época. Aqui, não faltam possibilidades de passeios agradáveis, onde pode descobrir as maravilhas e os segredos da serra, sempre entre lendas e histórias antigas que nos enchem a imaginação.
Situada a uma altitude de 680 metros, Alvoco da Serra é a povoação topograficamente mais próxima da Torre. Alvoco da Serra oferece-nos várias possibilidades de visita, com um roteiro dinâmico e que convida ao descanso e ao descobrimento destas paisagens rurais e tão apelativas. Não deixe de visitar a Casa-Museu, a igreja matriz, a ponte romana e as diversas capelas da freguesia.
5. Linhares da Beira
Localizada na vertente ocidental da Serra da Estrela, Linhares da Beira terá tido origem num castro lusitano, sendo conhecido o facto de os Montes Hermínios (o nome lusitano da Serra) serem um dos locais habitados pelos lusitanos, devido às suas pastagens, abundância de água e o enquadramento montanhoso que oferecia proteção. O nome Linhares terá tido origem no linho, que foi em tempos uma das mais importantes culturas da região.
O harmonioso conjunto urbano da povoação, onde casas simples em granito convivem com solares de nobreza antiga, é um autêntico espetáculo para a vista. Um olhar mais atento revelará várias janelas do séc. XVI. A igreja matriz, de pendão românico (mas reconstruída no séc. XVII) é o lar de três valiosas tábuas atribuídas ao Mestre português Vasco Fernandes (Grão Vasco), pelo que merece uma visita.
Para além da igreja, poderá visitar um exemplar único de um fórum medieval, com uma rústica tribuna elevada sobre um banco em redor de uma mesa de pedra. Aqui eram anunciadas à população as decisões comunitárias, e é aqui que pode ver as armas da antiga vila. Destaca-se também, ao lado, um pelourinho quinhentista em granito, rematado pela esfera armilar.
A aldeia é encimada por um castelo que acompanha a morfologia do terreno, encontrando-se sobre um enorme monte rochoso, de onde se consegue uma vista panorâmica espetacular. Junto aos ângulos da cerca, erguem-se duas grandes torres, uma a oriente, outra a ocidente. No terreiro, são também visíveis restos de antigas cisternas.
6. Sabugueiro
Uma das mais extensas freguesias do Parque Natural da Serra da Estrela, o Sabugueiro está localizado a uns impressionantes 1.100 metros de altitude, e é conhecida como a “aldeia mais alta de Portugal”. Localizada a meio caminho da Torre, a aldeia é rica em recursos naturais, como quedas de água, e goza de uma vista privilegiada sobre a serra e a sua vegetação única.
Graças à sua localização, constitui um excelente ponto de partida para conhecer algumas das estruturas hidroelétricas da serra, como as barragens do Lagoacho, do Vale do Rossim e da Lagoa Comprida (que é o maior reservatório de água em toda a serra). A cascata da Fervença e o covão do Urso (uma depressão de origem glaciar) merecem também a sua visita.
Apesar de a aldeia viver do turismo e do comércio, os usos e costumes antigos ainda marcam a vivência na aldeia e o seu ritmo diário. As paisagens deslumbrantes são imperdíveis, bem como os moinhos de água e fornos comunitários, que nos relembram um passado que não quer ser esquecido e ainda se mantém vivo nesta terra.
Maravilhosos locais!
Morei na cidade de Manteigas na Serra da Estrela por cerca de dois anos, nos idos anos de 1975 a 1976 e vivi bons momentos nessa bela região.