A maioria dos turistas (e mesmo os próprios portugueses) não conhece muitos palácios em Lisboa, já que, quando pensamos em palácios, pensamos em Sintra. Mas a verdade é que a capital de Portugal tem nos seus limites diversos palácios e palacetes, construídos ao longo dos séculos a mando de nobres e mesmo da família real. O problema? Muitos deles são quase desconhecidos.
Alguns desses palácios foram destruídos pelo terramoto de 1755, mas muitos dos que resistiram são hoje museus, bibliotecas, restaurantes e hotéis, que podem hoje ser visitados. No fundo, deu-se uma democratização do acesso aos palácios de Lisboa, que deixaram de ser exclusivos das famílias nobres e passaram a estar acessíveis a qualquer pessoa.
Visitá-los é fazer uma viagem no tempo e descobrir como era faustosa a vida destas famílias nobres em contraste com a vida da restante população. Muitos deles albergam interiores repletos de obras de arte, pinturas e azulejos que merecem ser apreciados. Descubra 9 dos mais bonitos (e alguns quase secretos) palácios em Lisboa.
1. Palácio da Ega
Também conhecido como Palácio do Pátio do Saldanha ou Palácio dos Condes da Ega, está situado na Calçada da Boa-Hora, em Alcântara. Uma das suas salas interiores, o “Salão Pompeia”, é Imóvel de Interesse Público desde 1950. A construção do palácio iniciou-se no séc. XVI, havendo uma fonte com a inscrição do ano de 1582, altura em que já existia a Casa Nobre. O edifício tem 3 partes distintas, que derivam das obras feitas no séc. XVIII, altura em que se criou o “Salão Pompeia” e se demoliu a antiga capela. É um dos mais secretos palácios em Lisboa.
2. Palácio Fronteira
Este palácio, numa “quinta” característica da região de Lisboa, é a mais notável eclosão do barroco português, um dos melhores exemplos da arquitetura palaciana portuguesa do séc. XVII. Foi mandado construir pelo 1º Marquês de Fronteira, D. João de Mascarenhas, durante o séc. XVII, sendo que, após o terramoto de 1755, o local foi alvo de ampliações e melhoramentos.
O palácio Fronteira é rodeado por magníficos jardins, sendo que todo o conjunto contém um admirável espólio de azulejaria. Hoje, o palácio é património da Fundação das Casas de Fronteira e Alorna, estando classificado como Monumento Nacional.
3. Palácio Burnay
Foi mandado edificar no séc. XVIII por D. César de Meneses, na altura principal da Sé de Lisboa, e por isso é também chamado de Palácio dos Patriarcas. Foi palácio de verão dos patriarcas de Lisboa, até ter sido comprado no séc. XIX pelo banqueiro Henrique Burnay, que o mandou decorar sumptuosamente. Destacamos as estufas, que integram o edifício, e o zimbório, que envolve a escadaria.
O palácio, anexos e jardim são considerados Imóvel de Interesse Público. O edifício alberga hoje os serviços de Reitoria e Ação Social da Universidade Técnica de Lisboa e o Instituto de Investigação Científica Tropical.
4. Palácio Foz
Chamado inicialmente de Palácio castelo Melhor, foi projetado no séc. XVIII, mas a sua construção prolongou-se até ao séc. XIX. A fachada e estrutura são do estilo setecentista, mas o interior, remodelado posteriormente, tem estilo revivalista, característico da segunda metade do séc. XIX. Na altura em que foi construído, apenas havia hortas em volta do palácio; hoje, está rodeado de casas. A família que mandou construir este edifício ficou pouco tempo com ele.
Em 1889, a marquesa D. helena de Vasconcelos vendeu o espaço a Tristão Guedes, nobre de grande fortuna e que era administrador da Companhia Real do Caminho-de-Ferro. Segundo se conta, este último ter-se-á aproveitado das suas funções para comprar este palácio por uma pechincha.
5. Palácio Ribeiro da Cunha
Este palacete, na Praça do Príncipe Real, foi edificado entre 1877 e 1879, a mando do abastado capitalista José Ribeiro da Cunha. Com projeto de Henrique Carlos Afonso, o edifício tem evidente inspiração mourisca, muito ao gosto da época, tendo sido o primeiro do género a ser construído na capital. O palacete teve diversos proprietários ao longo dos tempos.
Na posse da família Lopo de Carvalho, na década de 80, foi instalado no imóvel a Reitoria da Universidade Nova de Lisboa, que aí permaneceu até 2005. Desde setembro de 2013 que o local se transformou em espaço comercial.
6. Palácio dos Condes de Óbidos
Junto ao jardim 9 de abril e ao Museu Nacional de Arte Antiga, encontra este palácio, chamado também de Palácio das Janelas Verdes, em Santos. Construído no séc. XVII a mando de D. Vasco de Mascarenhas, a sua fachada marcada pela sobriedade das linhas é pontuada com torreões quadrangulares, ao estilo dos velhos solares medievais.
A sul, encontra-se um grande terraço com vista para o rio, decorado com um fantástico painel de azulejos. Hoje, é a sede da Cruz Vermelha Portuguesa e no seu interior pode visitar uma das bibliotecas mais bonitas de Portugal.
7. Palácio Alverca
Na freguesia de Santa Justa, em Lisboa, encontra-se este palácio, também conhecido como Antigo Palácio Pais do Amaral, Antigo Palácio São Luís e Casa do Alentejo. O edifício foi caracterizado como Imóvel de interesse Público pelo IGESPAR. A construção do local deu-se no final do séc. XVII, e ao longo do tempo, chegou a funcionar aqui um liceu e um armazém de mobiliário.
Em 1919, nele esteve instalado um dos primeiros casinos de Lisboa, o Magestic Club, altura em que o edifício foi remodelado a fundo e as decorações ganharam um estilo revivalista. Em 1932, o Grémio Alentejano adquiriu o imóvel, tendo em 1981 passado para a propriedade da Casa do Alentejo.
8. Palácio Nacional da Ajuda
Talvez o mais conhecido desta lista, destaca-se pela sua beleza e pelo seu espólio visitável, sendo o único palácio visitável em Lisboa que ainda conserva de modo fidedigno a disposição e decoração das salas ao gosto do séc. XIX, nomeadamente nos aposentos dos monarcas e na sala do Trono.
Com vista deslumbrante sobre o Tejo, aqui estão expostas importantes coleções de artes decorativas do séc. XVIII e XIX, como ourivesaria, tapeçaria, cerâmica, mobiliário, e coleções de pintura, gravura, escultura e fotografia.
9. Palácio Galveias
Situado na zona das Avenidas Novas, numa das laterais da Praça de Touros do Campo Pequeno, o palácio foi construído no séc. XVII como casa de campo da nobre família Távora. Desde 1929, uma biblioteca ocupa todo o palácio Galveias.
No jardim exterior, existe um quiosque com esplanada. O conjunto foi alvo de obras de requalificação durante dois anos, tendo voltado a abrir em junho de 2017. Pode visitar o palácio gratuitamente e aproveitar para procurar algumas obras nas suas estantes.