O Alentejo encontra-se muito associado no imaginário português ao sol, melancolia e ao calor e empatia do seu povo. Quando pensamos em Alentejo, pensamos em campos a perder de vista e no sol que nos aquece a alma e o corpo.
Pensamos nas suas casas caiadas a branco e de faixa azul ou amarela. Pensamos nos sobreiros, que se perdem na imensidão da planície, e pensamos neste povo de vivas tradições e que nos recebe sempre com um sorriso. Não é, por isso, de admirar que esta região nos provoque uma paixão tão especial.
Existem muitas aldeias no Alentejo que poderiam ter entrado nesta lista, devido à sua beleza e ambiente únicos, e por isso a tarefa de escolher sete tornou-se difícil. Poderá ficar surpreendido por não ver nesta lista Monsaraz, mas esta tem estatuto de vila e é já muito conhecida pelos portugueses.
Em contrapartida, Terena integra esta lista, uma vez que, apesar de ser considerada vila, é ainda relativamente desconhecida. Assim, deixamos-lhe aqui a nossa lista final:
1. Alegrete
Esta pacífica freguesia alentejana, a mais de 480 metros de altitude, encontra-se em pleno Parque Natural da Serra de São Mamede (concelho de Portalegre) e tem uma história rica e muito antiga. Este local apresenta vestígios de ocupação humana antiga, sabendo-se que foi reconquistada por D. Afonso Henriques por volta de 1160.
Localizada próximo da fronteira de Espanha, Alegrete conta com uma excelente posição geográfica, da qual se pode observar toda a envolvente com perfeição, o que tornou a localidade muito importante ao longo do tempo, como pode atestar o monumento principal a visitar: o castelo.
Para além disso, recomenda-se a visita à Igreja Matriz (do século XVI), às capelas de S. Pedro (século XV) e da Misericórdia (Séc. XVII), à Torre do Relógio (Século XVII) e ao encantador coreto, este já do século XX.
Procure também percorrer as pacatas ruas de Alegrete e observe os típicos casarios com faixas coloridas. É o local perfeito para apreciar a verdadeira essência do Alentejo, com o tempo que parece parar e com a tradição sempre presente.
2. Santa Susana
Se procura um local pacato e com arquitetura bem alentejana, a aldeia de Santa Susana é uma paragem obrigatória. O destaque vai para as casinhas de rés-do-chão, caiadas de branco e com barras azuis e grandes chaminés. Santa Susana está localizada entre duas ribeiras (afluentes da ribeira de Alcáçovas) e está distanciada de Alcácer do Sal (sede de concelho) em 15 km.
Na região, poderá observar a barragem do Pego do Altar, obra do Estado Novo que, para além de regar os arrozais do concelho, serve também como ponto de lazer e de descanso para habitantes e visitantes. Mas o autêntico encanto de Santa Susana está nas suas casas brancas, com barra azul em janelas e portas, e que em média são pintadas de dois em dois anos pelos moradores, para que a tradição e encanto da aldeia se mantenham vivas.
Mesmo as casas desabitadas são pintadas por vizinhos, num autêntico esforço comunitário para que Santa Susana se mantenha viva e orgulhosa. Ao passear pelas ruas da localidade, delicie-se com o pormenor curioso de algumas das portas de entrada terem as iniciais dos primos Henrique e Manuel, bem como a data em que foram construídas.
3. Évora Monte
A pitoresca freguesia de Évora Monte (ou Evoramonte) está situada entre Évora e Estremoz. Noutros tempos, teve uma elevada relevância militar, devido à sua posição geográfica, e essa vertente ainda se encontra muito presente nos nossos dias, com as muralhas a protegerem os seus habitantes e a aguardar que os visitantes ali entrem vejam as histórias que há para descobrir.
No alto da colina, Evoramonte parece quase parada no tempo. Chegar ao topo pode ser um desafio, se for a pé, mas a verdade é que o apelo irresistível de Evoramonte inculca essa vontade aos visitantes u até mesmo a quem vai apenas a passar. No caso de decidir subir de carro, procure deixá-lo fora das muralhas, na Porta de São Sebastião, para que possa entrar na vila tal como milhares de outros portugueses fizeram ao longo de séculos.
A vila é pequena e cheia de encanto, e o seu tamanho é por isso perfeito para que possa dar uma boa volta a pé pelas ruas, para absorver toda a localidade e encontrar os mais diversos pormenores, desde um ornamento diferente, uma porta ou janela de traça tipicamente alentejana ou apenas um gato pachorrento que descansa à sombra. Tudo muito típico do Alentejo, sim, mas com um toque ainda mais especial aqui, em Evoramonte.
4. São Cristóvão
Esta freguesia, no concelho de Montemor-o-Novo, é paragem obrigatória não só graças à sua arquitetura, mas também à sua rica história. Procure visitar a Igreja de São Cristóvão, em cujo interior pode admirar uma escultura quinhentista do santo padroeiro. Continue a visita indo ao chamado “Calcanhar do Mundo”, um penedo estreito e impressionante situado na ribeira de S. Cristóvão.
A visita ao conjunto megalítico do Tojal é também recomendada, podendo aqui observar um cromeleque e 17 menires, atestando assim a presença humana antiga nesta bela aldeia que ainda hoje nos recebe de braços abertos, pronta a partilhar a sua história connosco.
5. Porto Covo
Situada entre as ondas da costa atlântica e os montados da Serra do Cercal, Porto Covo é um autêntico postal alentejano que merece bem uma visita mais demorada, para que possa apreciar bem esta ponte entre o mar e o campo, cada um com os seus encantos e cada um com o seu apelo irresistível e convidativo.
No centro da aldeia, pode encontrar uma belíssima praça, conhecida como o largo Marquês de Pombal, que é uma maravilha da arquitetura iluminista do séc. XVIII, sendo rodeado por casinhas caiadas e com barras azuis, portas vermelhas e cortinas de renda a emoldurar as janelas. A partir do largo, estendem-se ruas retilíneas que desembocam em pequenas praias de aldeia dourada com água transparente, uma autêntica antecipação do mediterrâneo.
Ainda à vista da aldeia, e a ela ligada, está a misteriosa Ilha do Pessegueiro, com vestígios de ocupação romana e cartaginense e rica em histórias e lendas de invasões de piratas. Se visitar Porto Covo, não deixe de visitar esta ilha, expoente máximo paisagístico do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina.
6. Flor da Rosa
Esta aldeia alentejana, de nome tão singular, desenvolveu-se em volta de um mosteiro, bem próximo do Crato. De acordo com a tradição, o nome da aldeia deriva de um cavaleiro doente, cuja noiva, de nome Rosa, lhe deu igualmente uma rosa como prova do seu amor. Ao contrário do que se esperaria, foi Rosa quem primeiro faleceu, trazendo o maior desgosto ao cavaleiro.
Este cavaleiro, que se diz ter sido encontrado muitas vezes a chorar junto à campa da sua amada, encontrou-se eventualmente às portas da morte. Como último pedido, quis que a flor que Rosa lhe oferecera o acompanhasse à sepultura e que àquele lugar fosse dado o nome de Flor da Rosa, em homenagem à mulher que tanto amou.
Diz-se também que foi nesta aldeia que nasceu o Santo Condestável, D. Nuno de Álvares Pereira, embora apenas haja certezas históricas de que o seu pai, D. Álvaro Gonçalves Pereira, aqui residiu enquanto Prior do Crato.
Seja como for, a visita a esta bela aldeia é recomendada, por isso, procure levar o seu tempo a percorrer as ruas e a observar bem a envolvente. Flor da Rosa é bastante conhecida pelo seu artesanato, particularmente ao nível da olaria e do granito, que fazem perdurar as tradições e as técnicas ancestrais, existido mesmo uma escola de olaria.
7. Terena
Apesar de ter apenas 700 habitantes, Terena tem o estatuto de vila, mas merece certamente ser incluída nesta lista. Esta bonita vila alentejana, pertencente ao concelho do Alandroal e também conhecida como São Pedro ou São Pedro de Terena, está situada numa região de grande beleza onde a paz é rainha e senhora. Próximo de terena, pode encontrar a Albufeira da Barragem do Lucifécit, local que pode e deve visitar.
As origens de Terena remontam a tempos antigos, existindo na região vestígios megalíticos, como as Antas do Lucas. Na Idade Média, a vila teve também um importante papel defensivo, como o seu castelo prova, integrando a linha de defesa do Guadiana. Apesar de a fundação de Terena estar datada de cerca de 1262, sabe-se que a região foi anteriormente ocupada por outros povos, como Mouros, que aqui deixaram a sua marca.
Os visitantes, para além de poderem percorrer calmante as ruas da vila, podem também visitar património tão diverso como o Castelo, o Santuário de Nossa Senhora da Boa Nova, a Igreja matriz de São Pedro (com fundação anterior ao século XIV), a Igreja da Misericórdia (séc. XVI), a capela de Santo António (erguida em 1657), o Pelourinho do século XVI e as diversas ruínas romanas que pode encontrar na região.