Portugal não é apenas rico em fauna e flora ou tesouros geológicos. O seu património arquitetónico também merece um destaque especial. Alguns deles são monumentos exuberantes e majestosos e outros são apenas úteis para a população. É o caso destas pontes medievais que aqui lhe apresentamos, que ainda hoje continuam a maravilhar quem as contempla.
Embora algumas destas pontes tenham sido construídas durante a época romana, a grande maioria delas foi totalmente reconstruída já durante a Idade Média (e algumas até posteriormente). Tinham, como principal função, permitir a passagem e a circulação de pessoas e dos seus animais. A forma como foram construídas, com recurso a pouca tecnologia, ainda hoje geram admiração entre os especialistas.
Atualmente são apenas relíquias do passado, memórias dos hábitos seculares do povo português e do seu dia-a-dia. Muitas destas pontes estão inseridas em rotas, trilhos e percursos pedestres que valem a pena ser explorados. Descubra algumas das mais bonitas pontes medievais de Portugal.
1. Ponte de Ucanha
Esta ponte fortificada era a entrada monumental no Couto do Mosteiro de Salzedas, sendo que a torre servia de cobrança de portagem, de defesa e de armazenamento de produtos. A função militar da ponte era secundária, não existindo ameias no topo.
A existência desta estrutura já vem documentada no século XII, altura em que D. Afonso Henriques doou, em 1163, à viúva de Egas Moniz, Teresa Afonso, o couto de Algeriz, a que acrescentou o território de Ucanha. Pensa-se que a ponte tenha sido construída pelos romanos, no seguimento de uma estrada que passava perto dali.
2. Ponte de Izeda
Esta ponte, composta por cinco arcos largos (4 medianos e do meio bastante grande), é comumente referida como sendo romana. Mas este é um magnífico exemplar da arquitetura pontística, com os seus múltiplos arcos e perfil em cavalete, sendo uma construção de fábrica inequivocamente baixo-medieval. Em 1860, o rio destruiu uma parte dela, graças a uma cheia. As obras de renovação apenas se deram pelos anos de 1938.
Se quiser visitar a ponte medieval, também conhecida como Ponte de Santulhão, basta ir à freguesia de Izeda, no concelho de Bragança, e fazer a viagem até Santulhão, já pertencente a Vimioso.
3. Ponte da Misarela
Esta bonita ponte está situada sobre o rio Rabagão, em pleno Gerês, perto da Barragem da Venda Nova. Mais propriamente, está localizada no lugar da Misarela, freguesia de Ferrão, concelho de Montalegre, e na freguesia de Ruivães, concelho de Vieira do Minho, uma vez que o rio Rabagão serve de fronteira natural entre estes dois concelhos.
A estrutura data da época medieval, ou pelo menos tem tradição arquitetónica medieval, estando enquadrada de forma espetacular na paisagem de densa vegetação. A ponte está associada a uma lenda já famosa, onde o protagonista é o Diabo, e é por essa razão que muitas vezes é apelidada de Ponte do Diabo.
4. Ponte da Cava da Velha
A Ponte da Cava da Velha, também conhecida por Ponte Nova de Castro Laboreiro, é uma das pontes medievais mais bem conservadas de todo o Parque Nacional da Peneda Gerês. Terá sido construída por volta do século I (portanto, com origens romanas) mas reconstruída mais tarde, já durante a Idade Média, quando ganhou o aspecto atual.
É, portanto, uma daquelas pontes difíceis de catalogar: romana ou medieval? O certo é que, devido à sua acentuada reconstrução durante a Idade Média, só faz sentido catalogá-la como medieval.
5. Ponte Velha de Castro Laboreiro
A história desta ponte está intimamente ligada à ponte da Cava da Velha, à qual chamam ponte nova. No entanto, as sucessivas reconstruções efetuadas ao longo do tempo geraram um pormenor curioso: a ponte nova é mais velha do que a ponte velha. Confuso?
É que a ponte velha de Castro Laboreiro sofreu uma profunda reconstrução durante o século XVIII, já na Idade Moderna. Apesar disso, tem raízes e aspeto fortemente medieval e, dizem os historiadores, teria existido já no tempo dos romanos.
6. Ponte da Dorna
As origens da Ponte da Dorna são um verdadeiro mistério. O seu aspeto é claramente medieval, mas há quem afirme que tem origens romanas. E para adensar ainda mais o enigma, a ponte não é mencionada nos registos paroquiais de 1758. O mais certo é ter sido reconstruída várias vezes ao longo dos séculos.
Fica localizada a sul de Castro Laboreiro, atravessa a ribeira de Dorna e faz a ligação às inverneiras de Dorna e Pontes. Dada a sua localização, presume-se que terá sido utilizada para permitir a passagem de gado durante a transumância.
7. Ponte de Quintão
A ponte medieval de Quintão liga as freguesias de Brufe e Carvalheira e atravessa o rio Homem. Teria sido construído para permitir a passagem, não só de pessoas, mas também de carroças e cavalos. Apesar de muitos lhe chamarem ponte romana, terá sido construída na Idade Média.
8. Ponte Velha de Pinelo
Atravessa o Rio Maçãs e fazia parte da estrada medieval que ligava Izeda a Vimioso, em Trás-os-Montes. Liga as aldeias de Argozelo e Pinelo e, seguindo a antiga estrada, chega-se até Bragança, Outeiro e Vimioso.
Foi construída em alvenaria de xisto, a rocha dominante da região. Apesar de ter sido reconstruída algumas vezes ao longo dos séculos, mantém ainda a sua traça medieval e trata-se de um dos mais belos exemplos deste tipo de pontes em Portugal.
9. Ponte Medieval de Algoso
Atravessa o rio Angueira e em tempos era o principal acesso à localidade de Algoso, uma importante aldeia defensiva em Trás-os-Montes durante a época medieval. Construída num vale apertado, é um dos melhores exemplos de pontes medievais em Trás-os-Montes.
O seu pavimento é de terra batida mas ainda é possível identificar vestígios da antiga calçada que a cobria. Com o declínio da aldeia de Algoso e da sua importância ao nível defensivo, a própria ponte caiu em desuso. No entanto, ainda se encontra bem conservada.
10. Ponte Medieval de São Joanico
Fica na aldeia de São Joanico, em Vimioso e fazia parte do caminho medieval que ligava a povoação de Angueira à sede de concelho. Apesar de ser nitidamente medieval, foi reconstruída na década de 1770 com algumas alterações substanciais, sobretudo nos arcos centrais.
Assenta-se em 5 arcos de volta perfeita, todos eles de dimensões diferentes. Os 3 arcos centrais apresentam uma amplitude maior do que os das extremidades. Apresenta-se em bom estado de conservação.