Do outro lado do Atlântico, no Brasil, podemos encontrar património de origem portuguesa que é hoje reconhecido e classificado como Património Mundial. A mistura entre o traçado português e o sabor e calor tão característicos do Brasil criam localidades belíssimas e a não perder. Estas cidades brasileiras são pedaços de Portugal no país irmão, o Brasil.
A arquitetura das casas é muito idêntica à portuguesa, os detalhes das portas e das janelas fazem lembrar as pequenas vilas e aldeias de Portugal e, em algumas destas cidades, é também possível observar painéis de azulejos tipicamente portugueses. Tudo isto adaptado ao clima e ao modo de vida do Brasil, o que contribui apenas para aumentar o encanto destas cidades.
Existem outras pequenas cidades brasileiras de origem portuguesa que poderiam estar nesta lista, mas que não são, ainda, Património Mundial da UNESCO. Um dos melhores exemplos é Tiradentes, em Minas Gerais, ou Penedo, em Alagoas. Todas estas cidades brasileiras farão com que se sinta em Portugal. Descubra algumas delas.
1. Ouro Preto
A cidade foi fundada em finais do séc. XVII e foi um ponto de convergência para mineradores de ouro, bem como o centro da exploração das minas de ouro no Brasil, durante o séc. XVIII. Com o esgotamento das minas, em princípios do séc. XIX, a cidade perdeu alguma da sua influência e sofreu um declínio, mas existem ainda hoje diversas igrejas, pontes e fontes que testemunham o seu esplendor passado, bem como o talento excecional do escultor António Francisco Lisboa, conhecido como “o aleijadinho”.
2. Salvador
Salvador foi a primeira capital do Brasil, de 1549 a 1763, e tem sido ponto de confluência entre as culturas africanas, europeias e ameríndias. Foi nesta cidade que em 1588 se criou o primeiro mercado de escravos do Novo Mundo, para as plantações de cana-de-açúcar. Como primeira capital, a cidade tem inúmeros edifícios renascentistas bem conservados, com casas de cores vivas e magnificamente estucadas a sobressaírem na característica cidade velha.
3. Diamantina
Esta é uma cidade colonial situada num inóspito maciço montanhoso, testemunho das aventuras dos mineradores de diamantes em inícios do séc. XVIII. Daí vem o nome da cidade: Diamantina. Reza a lenda que, ainda no séc. XVIII, os bandeirantes chegaram ao local e fizeram as primeiras lavras, no córrego do antigo Arraial do Tijuco, aparecia uma luz brilhante, nas águas dos rios Jequitinhonha e São Francisco. Esta luz tão forte chamou a atenção dos desbravadores, que em vez do esperado ouro, acabaram por encontrar diamantes na região.
4. Paraty
O centro histórico da cidade de Paraty remonta a 1820, altura em que as ruas já tinham calçada. Este centro histórico foi marcado pela presença das águas (que subiam com a lua cheia), pela cultura do café e da cana, pelo porto e seus piratas, e pela maçonaria. As ruas foram traçadas de nascente para poente e de norte para sul, sendo que todas as construções eram regulamentadas por lei, sujeitando-se quem não a cumprisse a multa ou prisão. O impacto da maçonaria é especialmente forte nas fachadas dos sobrados.
Todo o centro histórico foi considerado pela UNESCO como o conjunto arquitetónico colonial mais harmonioso e é considerado Património Nacional pelo IPHAN. As suas ruas, nas quais não passam carros, ainda conservam todo o encanto colonial, bem como um comércio variado e uma vida artística e cultural intensas.
5. Olinda
A preservação do centro histórico de Olinda (conhecido também por Cidade Alta) começou na década de 1930, altura em que os principais monumentos foram tombados, A partir daí, surgiram várias ações de preservação do património histórico, cultural e arquitetónico do município. Em 1980, o local foi declarado Monumento Nacional pelo Congresso Nacional, e, em 1982, foi reconhecido como Património da Humanidade pela UNESCO. A cidade foi fundada por Duarte Coelho Pereira, em 1535, num sítio elevado que favorecia a defesa da povoação e o controlo da região. Olinda foi um importante polo económico em finais do séc. XVI, enriquecendo com a cana-de-açúcar.
6. São Luís
O centro histórico de São Luís tem uma área de 220 hectares, com cerca de 3000 imóveis classificados como património histórico estadual, e com 1400 pelo IPHAN. Parte do local foi declarado Património da Humanidade em 1997, sendo que a principal característica arquitetónica do centro histórico é a preocupação com o clima quente e húmido, usando-se para isso azulejos para impermeabilizar fachadas. As plantas em L ou U são também comuns.
No local, encontram-se sobrados, casas térreas e solares. Os sobrados têm até 4 pisos, sendo o térreo loja comercial e, os restantes, residências. As casas térreas são passíveis de várias classificações, como morada inteira (porta com duas janelas de cada lado) ou meia morada (porta lateral e duas janelas). Por último, os solares são sobrados mais refinados e sumptuosos, com muitos detalhes luxuosos. Esta é a cidade do mundo mais parecida com Lisboa.
7. Goiás
A pequena mas encantadora cidade de Goiás foi fundada no século XVIII por paulistas em busca de ouro nesta região, embora existam relatos de expedições ao local no século anterior. A importância adquirida graças à exploração de ouro fez com que se tornasse capital do estado com o mesmo nome. No entanto, quando o minério se esgotou, a cidade foi perdendo importância até que deixou de ser capital em 1937 (função que passou a ser assumida por Goiânia).
O centro histórico de Goiás foi declarado Património da UNESCO em 2001 e para isso contribui o fato da sua harmonização e das suas raízes europeias. Segundo os especialistas da UNESCO, Goiás é um exemplo perfeito da adaptação da arquitetura portuguesa às condições da América do Sul. O conjunto do centro histórico encontra-se bem preservado, em parte graças ao pormenor de Goiás ter caído no esquecimento quando acabou o ouro na região, o que fez com que não existissem novas construções a destruir as antigas.