Talvez por não serem tão imponentes como os demais, talvez por não terem lendas ou histórias de encantar a eles associadas ou quem sabe apenas porque se localizam longe dos grandes centros urbanos. Estes monumentos de Portugal estão entre os mais bonitos do país mas, curiosamente, entre os mais desconhecidos e menos visitados.
Mas nem isso faz com que deixem de ser importantes e possuam o seu próprio lugar na história de Portugal. Afinal de contas, são monumentos que contam histórias e escondem detalhes que nos ajudam a compreender melhor o passado e o presente. E sem deixar de nos encantar com a sua beleza.
Falamos de pontes medievais, igrejas revestidas de azulejos ou palácios longe das grandes rotas turísticas. Descubra alguns dos monumentos mais desconhecidos de Portugal mas que, mesmo assim, são de uma beleza inigualável.
1. Palácio de Estói
O Palácio de Estói é único na região de Faro, sendo um pastiche rococó muito original. O palácio foi ideia de um nobre local, que morreu pouco depois do início da construção, em meados dos anos de 1840. José Francisco da Silva, outra personalidade local, adquiriu o palácio e acabou por o completar em 1909.
O trabalho foi dirigido pelo arquiteto Domingos da Silva Meira, que tinha um evidente interesse pela escultura. Hoje, o interior do palácio, maioritariamente em pastel e estuque, está a ser restaurado, com planos de se tornar uma pousada.
2. Ponte da Misarela
Também chamada de Ponte do Diabo, esta ponte está localizada sobre o Rio Rabagão, a cerca de 1 quilómetro da sua foz, no rio Cávado, na freguesia de Ruivães, concelho de Vieira do Minho. A ponte liga as freguesias de Ruivães à de Ferral, já no concelho de Montalegre.
A Ponte da Misarela encontra-se implantada no fundo de um desfiladeiro escarpado, assente sobre os penedos, e conta com alguma altitude em relação ao leito do rio, sendo sustentada por um único arco com cerca de 13 metros de vão. A Ponte da Misarela foi erguida na Idade Média e reconstruída no início do século XIX.
3. Igreja Paroquial de Válega
Se há obra-prima da arte do azulejo, é a Igreja de Válega, particularmente bela ao pôr-do-sol, quando a sua fachada reflete a luz. O destaque são os azulejos de múltiplas cores, que revestem a igreja.
O templo esteve em mãos privadas até 1150, altura em que passou para o patronato do Mosteiro de São Pedro da Ferreira (e assim ficou até 1288). De 1583 a 1833 foi propriedade do Bispo e da Sé Catedral do Porto. A igreja está localizada na atual posição desde meados do séc. XVIII.
4. Biblioteca Joanina
Esta obra-prima do barroco foi edificada sob o patrocínio de D. João V, tendo originalmente sido chamada de Casa da Livraria. A designação de Biblioteca Joanina foi dada mais tarde, em homenagem ao seu patrono. Foi construída como forma de exaltar o monarca e a riqueza do Império, sendo também uma esplendorosa combinação de materiais exóticos, num autêntico cofre-forte de livros.
O interior é uma sucessão de três salas comunicantes, que conduzem o olhar do visitante para o retrato de D. João V, com autoria do pintor Domenico Duprà. O interior foi realizado por Manuel da Silva ao longo de 40 meses, e está integralmente revestido por estantes forradas a folha de ouro e decoradas com motivos chineses, numa relação cromática com fundos pintados a verde, vermelho e negro.
5. Cromeleque dos Almendres
O Cromeleque dos Almendres situa-se na freguesia de Nossa Senhora de Guadalupe, no concelho de Évora, e constitui-se num círculo de pedras pré-histórico com 95 monólitos. Este é o monumento megalítico do seu tipo mais importante na Península Ibérica, não só pelas suas dimensões, como também pelo seu estado de conservação.
Na região de Évora, é possível encontrar sítios arqueológicos que vão do início do Neolítico (7000 a 8000 anos atrás) até à Idade do Ferro, entre menires, antas, necrópoles e povoações pré-históricas. Voltando ao cromeleque dos Almendres, o conjunto é Monumento Nacional desde 2015. Dez dos seus monólitos apresentam gravuras ou relevos.
6. Igreja Matriz de Cortegaça
Com o nome completo de Igreja Matriz de Santa Marinha de Cortegaça, está localizada na vila e freguesia de Cortegaça, no concelho de Ovar. As fontes documentais relativas aos séculos X e XI não referem o templo, a sua padroeira ou o seu abade.
A referência documental mais antiga a esta igreja se encontra em testamento de 1163, onde Garcia Gonçalves lega ao Mosteiro de Grijó o seu direito de padroado sobre a Igreja Matriz de Cortegaça.
7. Cromeleque do Xerez
Situa-se em Reguengos de Monsaraz e foi identificado em 1969. Tem uma planta algo singular, tendo sido erguido entre inícios do 4º e meados do 3º milénio a.C. A estrutura desenvolve-se a partir de um menir central, com altura de cerca de 4 metros, que apresenta numa das suas faces diversas covinhas. O monumento tem 50 menires, com alturas entre os 1,20m e os 1,50m.
Apesar de a maioria dos menires estar fraturada, o facto de estes estarem prostrados no local permitiu a reconstrução da forma original do cromeleque. Foi o único monumento na região a ser transferido em 2004, devido à construção da barragem do Alqueva, tendo sido reconstruído junto do Convento da Orada (Telheiro).
8. Capela dos Ossos de Alcantarilha
Em Alcantarilha, Silves, encontra esta capela única, anexada ao lado sul da Igreja Paroquial de Nossa Senhora da Conceição, construída no séc. XVI. O interior da capela está praticamente todo revestido com mais de 1500 ossadas humanas.
Especial destaque para os crânios à volta do centro do altar, com a imagem de Jesus crucificado a contrastar com a envolvente. Segundo um mito, as ossadas da capela seriam de frades Jesuítas que por aqui existiram, mas não há provas concretas da veracidade do mito.