Existe uma cidade do Porto que a grande maioria das pessoas não conhece. Trata-se de um número considerável de edifícios históricas que albergam segredos que aguardam pela visita dos turistas mais distraídos. Alguns deles possuem interiores deslumbrantes que passam despercebidos a quem os vê apenas do exterior.
Muitos destes edifícios não se encontram abertos ao público de forma livre, mas podem ser visitados por marcação ou em ocasiões especiais. Neles é possível contemplar uma vastíssima série de estilos arquitetónicos que testemunham alguns dos momentos mais áureos da história da cidade do Porto.
Igrejas, palácios, palacetes, bibliotecas, restaurantes, cafés… há todo um mundo para descobrir dentro de 4 paredes. Descubra alguns dos mais secretos e belos interiores de edifícios históricos do Porto.
1. Palácio da Bolsa
É sede e propriedade da Associação Comercial do Porto – Câmara do Comércio e Indústria do Porto, sendo um dos monumentos mais conhecidos da Invicta. Aqui se realiza a maioria das receções oficiais do Estado a Norte do país, e por isso, por aqui passaram grandes estadistas, governantes e altos dignatários do século XX.
É Monumento Nacional e encontra-se localizado numa zona classificada como Património da Humanidade pela UNESCO. O espaço encontra-se aberto à comunidade, procurando ser um ponto de encontro. Aqui existe uma sala de vistas, perfeita para se trocar impressões, promover negócios, celebrar eventos, ou simplesmente conviver.
2. Palácio do Freixo
O Palácio do Freixo foi edificado em meados do século XVIII, e é um dos mais notáveis monumentos do barroco civil português, com autoria de Nicolau Nasoni. O edifício tem planta quadrangular, com quatro torreões salientes em cada ângulo, cobertos por telhados em pirâmide.
O interior do palácio é extremamente rico, com grande parte dos compartimentos a apresentarem frescos, bem executados tetos de estuque e pinturas ilusórias com temas alegóricos (com grande parte destas a serem executadas pelo próprio Nasoni). O jardim foi desenhado segundo a tradição italiana, contando com esculturas e com uma magnífica vista sobre o rio.
3. Estação de São Bento
Esta estação serve principalmente a linha ferroviária do Douro e foi construída no local do convento de São Bento da Avé-Maria, que foi totalmente demolido para dar lugar ao novo edifício. Em agosto de 1915, assentaram-se os azulejos na gare da estação, com um total de 551 m² de superfície decorados com estes belos painéis.
Cada painel representa uma cena da história nacional, podendo neles encontrar cenas como a entrada triunfal de D. João I e o seu casamento com D. Filipa de Lencastre, no Porto, em 1386; a conquista de Ceuta, em 1415; e o torneio de Arcos de Valdevez, em 1140.
4. Livraria Lello
A fachada da Livraria Lello é inconfundível. O estilo neogótico impressiona por si só, mas disputa o protagonismo com as duas figuras que a ladeiam: um par de pinturas do professor José Bielman, que simbolizam a arte e a ciência. No interior da livraria, encontramos um conjunto de baixos-relevos que representam os fundadores, José Lello e António Lello.
Ao longo da sala, encontramos os bustos de alguns dos mais importantes escritores portugueses, como Eça de Queirós, Camilo Castelo Branco, Antero de Quental, Tomás Ribeiro, Teófilo Braga e Guerra Junqueiro, embora todos estes vultos tenham a tarefa pouco invejável de competir pelas atenções com a famosa escadaria carmim.
5. Igreja de Santo Ildefonso
Não se conhecem edificações anteriores à atual igreja, sabendo-se apenas que existia no século XII uma ermida, que foi sagrada pelo bispo D. Pedro Pifões. Desta ermida nasceu então a Igreja de Santo Ildefonso nos anos 30 do século XVIII.
A fachada, antecedida por uma escadaria com dimensões consideráveis, tem uma tipologia barroca, que denuncia uma grande austeridade. O revestimento em azulejo, da autoria de Jorge Colaço, é datado já do século XX, nomeadamente de 1932, apresentando painéis figurativos que representam cenas da vida de Santo Ildefonso e alegorias à Eucaristia.
6. Igreja da Lapa
Inicialmente tinha-se erguido no monte de Germalde, em janeiro de 1755, uma capela inicial de pequenas dimensões, onde se guardava a imagem de Nossa Senhora da Lapa. Como aqui vinham muitos penitentes, passou a chamar-se capela de Nossa Senhora da Lapa das Confissões.
Com o tempo, a construção foi engrandecendo, e hoje a igreja tem a singularidade de nela estar guardado o coração de D. Pedro I, Imperador do Brasil, que o doou ao povo portuense como prova de reconhecimento e afeição. O túmulo que guarda esta relíquia apresenta de um lado a bandeira de Portugal e de outro a bandeira do Brasil, ostentando na parte superior as armas e espadas do Duque de Bragança.
7. Igreja de Santa Clara
Datada do século XVIII, é um bom exemplo do barroco característico do norte de Portugal, especialmente o trabalho em talha dourada, com autoria de Miguel Francisco da Silva. A igreja pertencia ao convento fundado em 1416 por D. João I, do qual restam poucos vestígios.
O claustro de feição maneirista, os dormitórios, a portaria e os dois coros foram construídos posteriormente. O ciclo de transformação da Igreja que predomina atualmente iniciou-se a partir de 1729.
8. Café Majestic
Inaugurado em 1922, o Café Majestic é um dos mais belos exemplares de Arte Nova na cidade do Porto. Foi idealizado pelo arquiteto João Queiróz, que por sua vez se inspirou nas obras do seu mestre Marques da Silva. Situado na rua de Santa Catarina, uma das artérias mais famosas da cidade, é mais do que um simples estabelecimento comercial: aqui se reuniram, em tertúlias e debates, algumas das mais ilustres figuras do Porto ao longo das décadas de existência deste espaço.