Quase toda a gente em Portugal associa Sintra à terra dos palácios e, verdade seja dita, não estão muito enganados. No entanto, existem por todo o país inúmeros palácios dignos de uma visita. Durante muitos anos, muitos dos palácios do interior de Portugal estiveram ao abandono. No entanto, são cada vez mais os bons exemplos de reconstrução e recuperação destes tesouros do património arquitetónico português.
Alguns destes palácios foram transformados em museus ou em centros culturais. Outros, no entanto, foram transformados em hotéis de luxo e, hoje em dia, qualquer pessoa pode pernoitar num dos seus quartos e sentir como vivia a realeza portuguesa.
Visitar e contemplar estes palácios é contribuir para a preservação e valorização do nosso património, algo cada vez mais importante nos dias que correm. Aceite a nossa sugestão e descubra 9 fantásticos palácios no interior de Portugal.
1. Palácio dos Condes de Anadia (Mangualde)
Está situado em Mangualde, a cerca de 20 km de Viseu, e é um local mágico pronto a ser descoberto. Este é um dos mais importantes exemplos da arquitetura senhorial setecentista, sendo uma das casas mais importantes do país, contando com traços típicos da época da sua construção, o século XVIII.
Esta obra, classificada como Imóvel de interesse Público, pertenceu à família Paes do Amaral, cujos antepassados foram embaixadores de Portugal em Nápoles durante finais do século XVIII e inícios do século XIX. Aqui se produz vinho do dão através da marca Casa Anadia. Para além das vinhas, possui jardins, estufas e largos campos de sementeira, bem como uma extensa mata.
No interior do Palácio dos Condes de Anadia pode apreciar um vasto e significativo conjunto de silhares de azulejo, e ainda uma coleção de mobiliário, pinturas e gravuras, com especial destaque para a mesa da Sala Nobre com tampo de embutidos marmóreos, executado por Leoni em 1673. Anexo ao palácio encontra-se a capela de São Bernardo, na face norte, vinda do século XVII, que ainda preserva o seu retábulo primitivo, com um São Bernardo pintado por W. Machado.
2. Palácio da Brejoeira (Monção)
Este palácio, situado a cerca de 6 km de Monção, começou a ser construído no século XVIII por Luís Pereira Velho de Moscoso, e as suas obras prolongaram-se até 1834. O palácio é de estilo neoclássico, sendo dotado de faustosos salões com pinturas e frescos, um gosto que também se reflete na capela. Passou por diversos proprietários ao longo dos anos, que foram realizando obras de restauro. É nos terrenos do palácio que é produzido, desde 1977, o vinho Alvarinho.
O edifício em si tem a forma de L, sendo composto por 3 torreões e 2 vastos vãos, que demonstram a harmonia da arquitetura típica do início do século XIX. No interior, pode-se observar vários salões decorados com peças únicas, de estilo maioritariamente Império e Oriental, que revelam o luxo da época nas peças de decoração e tapeçarias de vários estilos.
3. Palácio de Vidago (Chaves)
Foi projetado pelo Rei D. Carlos I, que desejava ali construir uma estância terapêutica de luxo que tivesse projeção Internacional. Já na altura, as águas de Vidago eram consideradas de interesse nacional, e por isso, o Vidago Palace Hotel foi inaugurado a 6 de outubro de 1910, um dia depois da instauração da Primeira República Portuguesa.
Em 1936, o hotel passa a dispor de um percurso de golfe de 9 buracos, desenhado pelo arquiteto Philip Mackenzie Ross. A combinação dos tratamentos termais e do campo de golfe de luxo acabou por colocar o Vidago Palace Hotel entre as estâncias europeias com maior prestígio no período da Segunda Guerra Mundial.
Esta fama intensifica-se nos anos 50 e 60, devido às famosas festas organizadas no hotel. O Vidago Palace acabou por encerrar em 2006 e reabrir em 2010, 100 anos após a sua inauguração. Após a mais recente abertura, este hotel histórico adquiriu um novo brilho e voltou a desempenhar um papel importante na hotelaria nacional, seguindo critérios de conforto e de luxo do século XXI.
4. Palácio de Mateus (Vila Real)
Este palácio, onde se produz o conhecido Mateus Rosé, é uma mansão barroca do século XVIII, sendo considerada uma das mansões mais elegantes da Europa. A sua construção atribuiu-se ao arquiteto italiano Nicolau Nasoni. Na fachada, destaca-se a dupla escadaria com balaustrada, que conduz à porta principal sobre a qual aparece o escudo familiar flanqueado por duas estátuas alegóricas. Todas as esquinas do edifício estão adornadas por altos pináculos apoiadas sobre as cornijas.
Dentro do palácio pode-se visitar a tranquila biblioteca, que guarda livros editados no século XVI, a estância das Quatro Estações com mobiliário do século XVIII, diversos móveis de madeira, porcelanas chinesas e quadros que simbolizam as estações do ano.
Pode visitar também um pequeno museu, onde está exposta uma valiosa edição de “Os Lusíadas”, da qual só se realizaram 200 exemplares para serem oferecidos a distintas personalidades europeias da época. O palácio está rodeado por um jardim fantasista que conta com algumas formações e linha de sebes, estátuas e um harmonioso passeio de ciprestes.
5. Casa da Ínsua (Penalva do Castelo)
Também chamada de Solar dos Albuquerques, este é um palácio barroco localizado na freguesia de Ínsua, no concelho de Penalva do Castelo, distrito de Viseu. O palácio foi usado para residência dos antigos proprietários, contando o espaço com uma capela e diversas dependências necessárias ao funcionamento da quinta, como alojamento para os serviços e o pessoal.
Os jardins encontram-se divididos em jardins formais e jardins ingleses, existindo ainda um tanque com grandes dimensões, e um terraço que faz a comunicação entre a casa e os jardins. Estes jardins atraem visitantes e especialistas ao longo de todo o ano, já que são absolutamente únicos na sua imensidão, originalidade e variedade de espécies botânicas.
Os mais conhecidos são o Jardim francês e o Jardim inglês. O primeiro está situado em frente à casa principal e remonta a 1856, sendo composto de dois níveis de arbustos e apresentando um notável desenho geométrico.
O espelho de água é também muito conhecido, estando situado estrategicamente por forma a refletir por completo a casa principal, e é neste lago que se pode observar a flor de lótus Indiana, que floresce todos os anos entre junho e julho, e que apenas vive durante 48 horas. Junto ao lago existe uma magnólia monumental, que data de 1842, bem como mais de 32 variedades de camélias seculares.
No Jardim inglês, pode-se ver diversas espécies de árvores vindas do Brasil, como as sequóias, ou o Pau-Brasil. Junto aos arbustos, encontra um eucalipto colossal, que é já um marco neste Jardim. Destaque também para os cedros do Líbano, espécies arbóreas com 2 séculos de existência.
6. Palácio Ducal (Vila Viçosa)
A edificação deste palácio iniciou-se em 1501, por ordem de D. Jaime, o quarto Duque de Bragança, mas as obras que lhe deram a grandeza que hoje conhecemos prolongaram-se pelos séculos XVI e XVII. A fachada, de estilo maneirista, tem 110 metros de comprimento e está totalmente revestida a mármore da região, tornando este palácio real um exemplar único da arquitetura civil portuguesa.
Foi residência permanente da primeira família da nobreza nacional, mas com a ascensão, em 1640, da Casa de Bragança ao trono de Portugal, passou a ser apenas mais uma das habitações espalhadas pelo reino. As visitas frequentes ao Paço Ducal de Vila Viçosa são retomadas nos reinados de D. Luís I e de D. Carlos I, assistindo-se ao longo do século XIX a obras de requalificação, que procuravam oferecer maior conforto à família real durante as suas excursões anuais.
Com a Implantação da República, em 1910, o Paço Ducal de Vila Viçosa encerrou. Reabriu portas ao público nos anos 40 do século XX, por vontade expressa em testamento por D. Manuel II, após a criação da Fundação da Casa de Bragança.
Durante toda a visita ao palácio, predominam os frescos e azulejos seiscentistas, os tetos em caixotões pintados, e lareiras em mármore, que distinguem as diversas salas. O palácio acolhe importantes coleções de pintura, mobiliário, tapeçaria, escultura, cerâmica e ourivesaria.
7. Palácio do Buçaco (Mealhada)
Este palácio, desenhado pelo cenógrafo Luigi Manini, ergue-se imponente no seio da Mata do Buçaco, transportando-nos assim para um mundo de contos de fadas. É considerado um dos mais belos hotéis do mundo, sendo uma recriação da arquitetura manuelina inspirada em obras como a Torre de Belém e o Mosteiro dos Jerónimos. Alguns dos nomes maiores da arte portuguesa, como Norte Júnior, Carlos Vieira, e Jorge Colaço, estão ligados à estrutura e ao ornato deste edifício, que apresenta uma estreita ligação com a exuberância da mata.
O hotel é gerido pela terceira geração de descendentes de Alexandre de Almeida, o primeiro grande industrial hoteleiro português, e oferece um ambiente distinto e requintado, onde se distingue o conforto dos alojamentos, a excelência da cozinha portuguesa e o palato dos vinhos do Buçaco, mundialmente reconhecidos.
8. Palácio de D. Manuel (Évora)
Este palácio foi mandado construir por D. Afonso V, que desejava ter na cidade um paço real fora do castelo, onde se pudesse instalar. O paço foi habitado por vários monarcas portugueses, tendo-se perdido definitivamente no ano de 1895. Segundo as crónicas da altura, o paço era um dos edifícios mais notáveis do reino, tendo como principais construções o Claustro da Renascença, a Sala da Rainha, o refeitório e a biblioteca régia, esta última uma das primeiras do país.
Hoje, apenas resta a Galeria das Damas, representante exímia do estilo manuelino, com traços da renascença, e que sobreviveu por ter sido utilizada para Treino Militar. Esta Galeria compõe-se de um piso térreo, de planta retangular, onde subsiste a Galeria, um pavilhão fechado e o alpendre. No piso superior, existem dois salões e um vestíbulo ao estilo mourisco. Do lado de fora, pode-se encontrar ainda o torreão, constituído por dois andares, e terminando num pináculo hexagonal com uma porta manuelina.
Para além de ter sido uma das maiores obras arquitetónicas do país, o paço teve também uma enorme importância histórica, já que foi nele que Vasco da Gama foi investido no comando da esquadra da descoberta do caminho marítimo para a Índia, e foi também neste palácio que Gil Vicente representou 7 dos seus autos, dedicados às rainhas D. Maria de Castela e D. Catarina de Áustria.
9. Palácio do Cadaval (Évora)
Este palácio tem sido o berço e propriedade da família dos duques de Cadaval desde a sua fundação, no século XIV, até à atualidade. Foi construído sobre as ruínas de um castelo mouro, e sujeito a intervenções ao longo dos séculos, resultando numa combinação dos estilos mudéjar, gótico e manuelino.
Está implantado no centro histórico de Évora, bem em frente ao Templo Romano, e tem uma vasta área residencial com vários pisos, 2 jardins interiores e uma igreja que é panteão de todas as gerações da família dos Duques do Cadaval. A igreja é também referência nacional pelos seus interiores, em que imperam painéis de azulejos assinados e datados de inícios do século XVIII.
Diz-se que foi o fidalgo Martim Afonso de Melo, servidor do Mestre de Avis e descendente da família real portuguesa, que mandou erguer o então chamado Palácio da Torre das Cinco Quinas. O palácio foi residência temporária de D. João II, D. João IV e de D. João V. Foi também neste palácio que esteve prisioneiro D. Fernando II, Duque de Bragança, que foi acusado de conspiração contra o Rei D. João II, e que mais tarde foi decapitado na Praça do Giraldo, em Évora, em 1483.
Hoje, o palácio é a residência da Duquesa de Cadaval e da sua família, embora a igreja e parte das salas estejam abertas ao público ao longo de todo o ano. Assim, pode visitar e ver peças raras, como livros, forais, armaria, pintura, escultura, mobiliário, porcelana, retratos e acessórios de viagens, entre outros objetos com grande valor e interesse histórico.