Portugal tem algumas espécies vegetais e de fungos que integram a Lista de Espécies Perigosas, na categoria de Espécies com Venenos Potencialmente Letais. Antes de lhe apresentarmos algumas dessas espécies, é importante distinguirmos entre plantas tóxicas e plantas venenosas.
As primeiras podem provocar efeitos de intoxicação quando são consumidas em excesso; já as segundas provocam lesões a médio ou longo prazo, alterando o organismo e até causando a morte, mesmo com uma baixa dosagem.
Quanto aos cogumelos, os cuidados devem ser redobrados na época em que se costuma apanhá-los na floresta, sendo muito importante saber distingui-los. Descubra algumas plantas e cogumelos venenosos comuns em Portugal.
1. Cicuta
De nome científico Conium Maculatum, tem um longo historial de uso para envenenamento. Diz-se que o filósofo Sócrates foi condenado à morte por ingestão de uma tisana desta planta. A cicuta encontra-se em todo o território português e tem uma toxicidade muito alta graças aos alcalóides que contém em todas as suas partes. provoca ardor na boca e garganta, náuseas, vómitos, diarreia, paralisia progressiva dos músculos, esfriamento das extremidades e convulsões.
Se ingerir alguma parte desta planta, precisa de ser hospitalizado urgentemente. No entanto, se a planta for manipulada da forma certa e em pequenas doses dadas por profissionais, pode ser usada como repelente, estimulante e analgésico.
2. Embude
O Oenanthe crocata é nativo do Mediterrâneo e Oeste Europeu, podendo ser encontrado ao longo de Portugal Continental. Pode ser conhecido como embude, arrabaça, canafreicha, enanto-de-cor-de-açafrão, prego-do-diabo, rabaças ou salsa-dos-rios. A planta provoca ardor na boca e na garganta, náuseas, vómitos e diarreia. Se ingerida, pode provocar convulsões e até a morte por paragem cardiorrespiratória.
A espécie em si é parecida com a cicuta, com a diferença de que as folhas se assemelham às da salsa. Pensa-se que os Sardis usavam o embude para envenenar os seus inimigos, já que esta planta pode matar em apenas três horas.
3. Erva-moura
Com o nome científico de Solanum nigrum, esta planta assemelha-se à beringela e ao tomate, tendo folhas largas, flores brancas e frutos negros com o tamanho de mirtilos. A planta é venenosa devido à presença de solanina, especialmente nos frutos.
A sua ingestão causa ardor na boca e garganta, náuseas, vómitos, diarreia, convulsões e paragem cardiorrespiratória. Apesar de ser originária da Europa e da Ásia, a espécie está hoje presente de forma silvestre em todo o mundo.
4. Estramónio
É conhecida pelos nomes populares de trombeteira, figueira-do-diabo, erva-do-diabo, erva-das-bruxas, erva-dos-mágicos, pomo-espinhoso, figueira-brava ou figueira-do-inferno, o seu nome científico é Datura stramonium. Trata-se de uma planta invasora, não nativa do nosso país, que foi introduzida no Continente e na Madeira pelas suas supostas propriedades medicinais e psicotrópicas.
A sua flor faz lembrar uma trombeta e as suas folhas são de um verde-escuro, dando um fruto semelhante a um ouriço que, quando seco, contém muitas sementes negras no interior. A planta é rica em atropina, pelo que a ingestão causa delírios, alucinações, desorientação e insónia. Pode também causar convulsões e morte por paragem cardiorrespiratória.
5. Dedaleira
A Digitalis purpurea, conhecida como abeloura, alcoques, beloura, boca-de-sapo, calças-de-cuco, erva-de-deira, estira-fois ou estoirotes é nativa de Portugal. Contém uma toxina,a digitoxina, que atua ao nível do coração, podendo provocar ataques cardíacos. A forma mais venenosa é a infusão das suas folhas, mas a ingestão das folhas ou das flores pode levar também à morte.
6. Anjo-destruidor-europeu
Este fungo, o Amanita virosa, é nativo da Europa, incluindo do nosso país, e está associado a coníferas e faias. Este cogumelo totalmente branco aparece no Verão e no Outono, sendo rico em micotoxina, que causa danos nos rins e no fígado. Se sobreviver ao envenenamento, pode precisar de um transplante de fígado.
7. Anjo-da-morte
Este cogumelo, o Amanita verna, pode matar quando ingerido. Todo branco e com um pé que pode ir dos 7 aos 13 cm, tem um chapéu achatado e lamelas serradas. Tal como o cogumelo anterior, não é muito frequente, mas pode ser facilmente confundido com outras espécies comestíveis.
8. Chapéu-da-morte
Outro cogumelo do género Amanita, o Amanita phalloides é o mais venenoso e dos mais comuns, sendo associado aos carvalhos, coníferas e nogueiras. Bastam 50g deste cogumelo para causar a morte a um adulto. Tal como nos outros Amanitas, os sintomas vêm repartidos em 3 fases. Na primeira, percetível 6 a 24 horas após a ingestão, podem ocorrer náuseas, vómitos, diarreia, febre, taquicardia, hipoglicemia e hipotensão.
1 a 2 dias após a ingestão surge a segunda fase, caracterizada por sintomas gastrointestinais e deterioração das funções renais e hepáticas. 3 a 5 dias depois, surge a terceira fase, ocorrendo danos irreversíveis no fígado, sendo que poderá ser necessário um transplante hepático para garantir a sobrevivência.
9. Acónito
O Aconitum napellus, da subespécie lusitanicum, é muito encontrado no nosso país. Esta planta venenosa, com floração no Verão, é altamente tóxica para os sistemas cardiovascular e nervoso. Se ingerida, provoca ardor e sensação de queimadura na boca e na garganta, náuseas, vómitos, diarreia e perturbações na respiração, que podem levar à morte.