Não há dúvida de que os elevadores da cidade de Lisboa são uma das atrações mais populares da cidade, e que sem eles, Lisboa se tornaria um pouco mais pobre. Construídos no séc. XIX para facilitar as subidas e descidas da cidade, estes elevadores têm já uma longa história de vida – mais de 100 anos. São agora eleitos monumentos nacionais e mais usados por turistas, com o ocasional lisboeta.
Os elevadores de Lisboa foram projetados por Raoul Mesnier du Ponsard, que, apesar do nome francês, era portuense e igualmente responsável pela construção do Funicular de Guindais (no Porto) e pelos elevadores da Nazaré e do Bom Jesus em Braga.
Embora a tradição diga que Ponsard era discípulo de Gustave Eiffel, a verdade é que não há registos que o confirmem. Provavelmente, o nome francês de Ponsard e o seu gosto estético, muito em linha com o de Eiffel, tenham dado azo a esta informação erradamente divulgada ainda hoje.
1. Ascensor da Glória
Inaugurado a 24 de outubro de 1885, faz a ligação entre a Praça dos Restauradores e São Pedro de Alcântara, através da calçada da Glória, que dá nome ao elevador. Começou por ser movido através de um sistema de cremalheira e cabo por contrapeso de água, sendo mais tarde adotado o vapor para o mover. Foi em 1915 que o sistema do elevador se tornou totalmente elétrico.
Na construção original, o elevador tinha dois andares. No piso de baixo, existiam bancos corridos, em que os passageiros seguiam de costas para a rua. O piso de cima era acessível através de umas escadas em caracol e daqui já se podia vislumbrar a vista virados para a rua.
Não podemos deixar de referir algumas curiosidades ligadas à calçada da Glória e ao próprio elevador em si. Assim, saiba que, entre 1913 e 1926, se realizava anualmente uma prova de ciclismo, a Subida à Glória, tradição que foi, entretanto, recuperada em 2013. Para os fãs de música, aconselha-se ouvir uma canção dedicada a este elevador. É da banda ícone do rock português dos anos 80, os Rádio Macau, e tem o adequado nome de “Elevador da Glória”.
2. Elevador de Santa Justa
Talvez a ideia de que Ponsard tenha sido discípulo de Eiffel tenha vindo deste elevador, de estética com semelhanças à da Torre Eiffel. Mas repetimos a informação: Não foi Gustave Eiffel que projetou o elevador de Santa Justa, foi Ponsard, e este não era discípulo do primeiro.
Inaugurado em 1902, com a presença de D. Carlos I, o elevador faz a ligação entre a rua de Santa Justa e o Largo do Carmo. Nos primeiros anos de funcionamento, era movido a vapor, sendo que a 6 de novembro de 1907 passou a ser usada a energia elétrica para o efeito. É um dos grandes símbolos da engenharia da época, destacando-se pelo seu traçado rendilhado e a estrutura em ferro fundido de influência neogótica. O elevador sobe 45 metros de altura, tem duas cabines e capacidade para 45 pessoas.
3. Ascensor da Bica
Foi inaugurado a 28 de junho de 1892 e é composto por duas carruagens, cada uma com três compartimentos desnivelados e com acesso independente. Tem capacidade para transportar 23 passageiros, nove dos quais sentados. Faz a ligação na Rua de São Paulo, próxima do Cais do Sodré, até à entrada do Bairro Alto, no Largo da Calhariz. Esta é uma das viagens mais belas, podendo-se ver o rio e as casas de arquitetura típica e bairrista de Lisboa.
4. Ascensor do Lavra
Este é o elevador mais antigo dos elevadores de Lisboa, tendo sido inaugurado a 19 de abril de 1884. Faz o percurso entre o largo da Anunciada e a Rua Câmara Pestana, subindo os 188 metros íngremes da calçada do Lavra. É servido por duas carruagens idênticas, com capacidade para 42 pessoas. Tal como os elevadores da Glória e da Bica, começou por ser movido com sistema de cremalheira e contrapeso de água, passando depois ao vapor e mais tarde à eletricidade, a partir de 1915. É talvez o menos conhecido dos elevadores lisboetas, mas chegado ao cimo, ficamos mais perto de um dos jardins mais bonitos da cidade, o Jardim do Torel.