Ao longo da nossa História, muitos locais se destacaram e deram o seu contributo para a formação do nosso país. Cidades como Lisboa e Porto foram muito relevantes ao longo do tempo, mas não foram as únicas a destacar-se. Muitas outras cidades, bem mais pequenas do que Lisboa e Porto, foram cruciais para a História de Portugal e para o nascimento e consolidação do país que temos hoje.
Sabia, por exemplo, que o primeiro livro em português foi impresso em Chaves em 1448? Sabia que Angra do Heroísmo já foi capital de Portugal em 2 ocasiões? Sabia que a Covilhã desempenhou um papel crucial nos Descobrimentos Portugueses? E sabia que Tomar abrigou os templários que ajudaram a conquistar o sul do país?
Várias destas cidades pequenas tiveram um papel tão importante na História de Portugal que, em reconhecimento desse mérito, foram condecoradas com a Ordem Militar de Torre e Espada. Deixamos-lhe aqui 10 outras cidades que deixaram o seu nome inscrito na nossa História.
1. Chaves
Quando invadiram a Península Ibérica, os romanos instalaram-se no vale do Tâmega e ergueram a cidade que hoje se chama Chaves, construindo fortificações na sua periferia, aproveitando alguns dos castros que já existiam. Chaves (ou Aquae Flaviae, como era conhecida na altura) foi um importante centro romano, existindo ainda inúmeros vestígios da sua presença, como a ponte de Trajano.
Para além dos romanos, também por aqui passaram suevos, visigodos, alanos e mouros. Foi apenas em 1160 que Chaves passou a integrar o território português, sendo que Portugal era já país independente. Como era cidade fronteiriça e, por isso, vulnerável a ataques, D. Dinis mandou construir o castelo e as muralhas que ainda hoje dominam a cidade.
Pensa-se que foi em Chaves que foi impresso o primeiro livro em língua portuguesa, em 1448, sendo este uma versão portuguesa do Sacramental, de Clemente Sánchez de Vercial. Na mesma cidade, em 1489, foi impresso o Tratado de Confissom, um manual para o clero.
A 8 de julho de 1912, travou-se em Chaves um combate entre as forças monárquicas de Paiva Couceiro e as do governo republicano, dando fim à segunda incursão monárquica (sendo que Chaves sempre se mostrou uma cidade fiel aos ideais republicanos ao longo da sua história).
2. Braga
Braga já existia enquanto cidade ainda antes da invasão romana, embora não tivesse, claro, o mesmo nome. O imperador César Augusto decidiu batizar a região como Bracara Augusta, de onde deriva o atual nome da cidade. Mais tarde, a cidade tornou-se na capital política e intelectual do reino Suevo, que ia da Galiza ao Tejo. Mais tarde, foi governada pelos Godos, durante mais de três séculos. Em 715, a cidade foi temporariamente ocupada por mouros, mas estes recuaram rapidamente perante o rei de Leão, D. Afonso III. Braga foi então oferecida como dote à sua filha D. Teresa, no seu casamento com D. Henrique de Borgonha.
É uma das mais antigas cidades da Europa convertidas ao cristianismo e, por isso, não é de admirar que a sua história esteja tão ligada à religião. Era a partir de Braga que o clero controlava grande parte das suas atividades no país. Sendo a terceira maior cidade portuguesa, Braga contribuiu também de forma decisiva para o crescimento económico de Portugal, concentrando à sua volta grande parte da indústria exportadora nacional.
3. Guimarães
Em 1128, Guimarães foi o palco dos principais acontecimentos políticos e militares, que levaram ao nascimento de Portugal enquanto nação independente. Afinal, não é por acaso que, numa das torres da antiga muralha, existe a inscrição “Aqui nasceu Portugal”.
D. Afonso Henriques, primeiro rei nacional, planeou toda a conquista do território a sul do rio Douro em Guimarães, atuando a cidade como capital. Mais tarde, por motivos estratégicos, a capital foi mudada para Coimbra e, depois, para Lisboa. Apesar disso, Guimarães continuou a desempenhar um papel de relevo na nossa história. Hoje em dia, Guimarães ainda é uma das principais cidades históricas do país, sendo que o seu centro histórico foi considerado Património Mundial pela UNESCO.
4. Viseu
Não se sabe se Viriato realmente nasceu em Viseu, mas mesmo assim, a cidade ficou ligada ao seu nome e presta-lhe a devida homenagem com uma estátua em sua honra. Após o fim do Império Romano, a cidade, já sob domínio visigótico, no séc. VI, é elevada a diocese. Foi ocupada por mouros no séc. VIII, tendo sido alvo de ataques e contra-ataques entre as forças muçulmanas e cristãs, até que foi definitivamente conquistada pelos cristãos.
Ainda antes da formação do Condado Portucalense, Viseu foi várias vezes residência dos condes D. teresa e D. Henrique, que concederam foral à cidade em 1123. Crê-se que D. Afonso Henriques terá nascido em Viseu a 5 de agosto de 1109, embora não haja consenso sobre o facto entre os historiadores.
5. Covilhã
Em tempos abrigo para pastores lusitanos, e, mais tarde, fortaleza romana. As suas muralhas foram erguidas por D. Sancho I, rei que, em 1186, concedeu foral de vila à Covilhã. Mais tarde, D. Dinis mandou construir as muralhas do bairro medieval das Portas do Sol. A Covilhã era, na Idade Média, uma das principais vilas do reino, tendo várias figuras da região um papel de destaque nos descobrimentos dos séculos XV e XVI. Estes exploradores participaram em viagens no Oceano Atlântico, na descoberta do caminho marítimo para a Índia, na chegada à América e ao Brasil, e até na primeira circum-navegação da Terra.
A Covilhã foi elevada a cidade a 20 de outubro de 1870 por D. Luís I, considerando este que era umas das vilas mais importantes do reino, pela sua população e riqueza. Como nota, já há 800 anos que a Covilhã é um dos principais centros de lanifícios da Europa.
6. Coimbra
Não se pode negar a importância de Coimbra na história de Portugal. Aqui nasceram seis reis, bem como a primeira universidade do país (uma das mais antigas da Europa). Ainda na altura do Condado Portucalense, Coimbra foi residência oficial de D. Henrique e de D. Teresa. Em 1129, foi elevada a capital do reino. Já no século XII Coimbra tinha uma estrutura urbana, que se dividia entre a cidade alta, lar dos clérigos e aristocratas, e a cidade baixa, com os seus bairros ribeirinhos populares.
A cidade passa a girar à volta da universidade no século XVI, surgindo aqui diversos movimentos de caris político, social e cultural. No séc. XIX, a cidade viveu tempos difíceis, sendo ocupada pelas tropas de Junot e Massena. Da universidade, ainda resistem hoje em atividade o Orfeão Académico de Coimbra, fundado em 1880 e que é o mais antigo coro do país; A Associação Académica de Coimbra, surgida em 1887; a Tuna Académica da Universidade de Coimbra, criada em 1888; e o Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra (TEUC), o grupo de teatro universitário mais antigo da Europa em atividade contínua, fundado em 1938.
7. Tomar
Após D. Afonso Henriques ter conquistado a região dos mouros, Tomar foi doado à Ordem dos Templários. O Grão-Mestre Gualdim Pais iniciou em 1160 a construção do castelo e convento que viria a ser sede dos Templários no nosso país. Era a partir daqui que os Templários governavam as suas possessões do centro do Reino de Portugal, estando obrigados a defendê-lo dos ataques mouros vindos do sul.
Mais tarde, o Infante D. Henrique, Governador da Ordem, usou os recursos e conhecimentos desta para ser bem-sucedido nas expedições à África e ao Atlântico. A Cruz da Ordem de Cristo era pintada nas velas das caravelas, e todas as missões e igrejas cristãs de além-mar faziam parte da jurisdição do Prior de Tomar, até 1514.
A Igreja de Santa Maria do Olival, que ainda hoje nos maravilha com os seus símbolos Templários, foi construída como igreja-mãe de todas as novas igrejas nos Açores, Madeira, Brasil, Índia e outros lugares na África e Ásia.
8. Santarém
Santarém foi local de encontro e incubadora de ideias de grandes vultos das ciências náuticas, das artes e das letras. No séc. XV, por ali passaram Pedro Álvares Cabral, Luís Vaz de Camões, Fernão Lopes Castanheda (historiador dos descobrimentos) e Martim Afonso de Melo (o primeiro português a chegar à China por mar).
No séc. XIX, a cidade serviu de palco à Guerra Peninsular, durante as Guerras Napoleónicas e foi sitiada em 1810 pelo Duque de Wellington, sendo mais tarde uma das cidades na linha da frente nas lutas liberais. Destaca-se também o apoio de Santarém no movimento liberal do 25 de abril de 1974, liderado pelas tropas do Capitão Salgueiro Maia.
9. Elvas
Os primeiros a povoar esta cidade foram os Godos e os Celtas. Em 714, os árabes conquistaram Elvas, deixando nesta vestígios que perduram até hoje. Em 1166, a cidade foi conquistada aos mouros pela primeira vez, por D. Afonso Henriques. Foi mais tarde alvo de sucessivas reconquistas, até cair em mãos cristãs definitivamente em 1229, já no reinado de D. Sancho II.
A 14 de janeiro de 1659, as linhas de muralhas de Elvas e o forte de Santa Luzia tiveram um importante papel defensivo no desfecho da Guerra da Restauração, na Batalha das Linhas de Elvas. As forças castelhanas tinham cercado a cidade por um mês, mas um exército de socorro surpreendeu-os, tendo os espanhóis sido obrigados a retirar.
10. Angra do Heroísmo
Foi a primeira povoação do Arquipélago dos Açores a ser cidade, em 1534, devido à importância do seu porto como escala na chamada Carreira da Índia, onde as embarcações se reabasteciam e reaparelhavam. Durante a crise de sucessão de 1580, a cidade resiste ao domínio castelhano e apoia D. António, prior do Crato, sendo que este aqui estabelece governo de agosto de 1580 a agosto de 1582.
No séc. XIX, Angra do Heroísmo foi o centro e alma do movimento liberal português, estabelecendo-se aqui a Junta Provisória, em nome de D. Maria II, em 1828, tendo sido inclusive nomeada capital do reino. Aqui se refugiaram Almeida Garrett, durante a Guerra Peninsular, e D. Maria II, entre 1830 e 1833, durante a Guerra Civil Portuguesa.
Na minha opinião é Santarém. Cidade das mais antigas e importante em várias épocas da história de Portugal.
Foi a principal a capital da Lusitânia romana por exemplo.
Santarém. É mais antiga do que Lisboa ou Porto, foi colónia Fenícia e Grega, Foi Conventus Juridico da Lusitânia romana, foi Taifa Arábe e novamente Conventus Juridico Visigótico. Importante em várias etapas da construção do nosso país.