Portugal conta no seu território com uma flora e fauna diversa, mas será que conhece bem a nossa fauna? Alguns animais habitam em Portugal sem que, no entanto, a vasta maioria da população conheça a sua existência. Sabe o que é um muflão? E um sacarrabos? E sabia que existem camaleões em Portugal?
Apesar de ser um país pequeno, Portugal é muito rico em termos de biodiversidade. Para isso contribuem também os arquipélagos dos Açores e da Madeira, que possuem algumas espécies que não se encontram em mais nenhum lado do mundo. Alguma da fauna típica do nosso país é totalmente desconhecida pelos estrangeiros e até mesmo pelos próprios portugueses.
Algumas destas espécies estão ameaçadas de extinção. Outras constituem casos de sucesso em que, após muitos anos ausentes do território, estes animais voltaram a ser vistos no nosso país. Descubra algumas das mais curiosas e invulgares espécies animais existentes em Portugal.
1. Rato-dos-pomares
Também é conhecido como leirão e tem o nome científico Eliomys quercinus, sendo um roedor europeu de características estranhas, já que, quando ameaçado, o leirão consegue largar a cauda e a pele.
Encontra-se Quase Ameaçado a uma escala global, mas não há estudos sobre a presença deste roedor em Portugal, uma vez que, embora tenha sido identificado em vários pontos do nosso país, o leirão é difícil de avistar, sendo de hábitos noturnos. Esta espécie aprecia uma variedade de habitats, desde hortas a zonas pedregosas de escassa vegetação. Ainda assim, as florestas de sobreiros são as suas preferidas.
2. Lontra-europeia
De nome científico Lutra lutra, esta espécie é abundante no nosso país e está classificada como Pouco Preocupante, embora em Espanha esteja classificada como Vulnerável. Pode encontrar este mamífero semiaquático de Norte a Sul de Portugal, em lagos, ribeiras, canais, albufeiras, estuários ou rias do litoral atlântico.
Esta espécie enfrenta ameaças como a poluição da água e a sobre-exploração dos recursos hídricos, para além do perigo de atropelamento ou afogamento em redes de pesca.
3. Gamo
Este parente dos veados e cervos, de nome científico Dama dama, está classificado como Pouco Preocupante, embora não existam populações silvestres em território nacional, estando todos os gamos em reservas de caça privadas e em parques naturais.
Este ruminante distingue-se do veado comum pela sua pelagem clara e com manchas brancas, pela sua cauda comprida e pelas suas hastes nos machos, que as perdem no inverno e que voltam a crescer na primavera. Podem-se encontrar em todo o país, especialmente em zonas de pinhal ou de montado.
4. Muflão
O Ovis ammon musimon é o antecessor selvagem do carneiro doméstico, sendo também conhecido como carneiro-selvagem. É originário da Ásia e foi introduzido em Portugal na década de 1990, em zonas de caça turística do Centro e do Alentejo. A espécie está Vulnerável a nível global, sendo uma das ovelhas selvagens em maior perigo de extinção.
A cor do muflão é acastanhada, escurecendo à medida que envelhece, desenvolvendo também a típica mancha branca de cada lado do torso e os cornos enrolados. Este animal é capaz de detetar o mais pequeno rumor a mais de duzentos metros de distância, e tem um especial apetite por frutos doces.
5. Camaleão-comum
O Chamaeleo chamaeleon é uma das únicas espécies de camaleões presentes na Europa, sendo autóctone do Sul da Península Ibérica, Chipre e Creta. Este réptil é muito territorial, não gosta dos seus pares e alimenta-se principalmente de gafanhotos.
No nosso país, está presente no Algarve, e encontra-se num estado de conservação Pouco Preocupante. É capaz de mudar de cor e tem uma língua comprida e ágil, contando com visão estereoscópica, cauda preênsil e movimentação independente dos olhos. Pode-se encontrar em pinhais costeiros e pomares.
6. Esquilo-vermelho
O Sciurus vulgaris extinguiu-se no nosso país no século XVI, mas em inícios do século XX voltou, vindo de Espanha, embora inicialmente confinado a umas poucas áreas no Alto Douro.
Hoje, já pode ver esquilos-vermelhos (que, apesar do nome, podem ser também castanhos ou pretos) no Parque Nacional Peneda-Gerês, no Parque Florestal de Monsanto e no Jardim Botânico de Coimbra. Estes animais contribuem para a reflorestação das áreas que habitam, já que enterram as sementes que encontram e se esquecem por vezes da sua localização.
7. Toupeira D’Água
Esta toupeira, com o nome científico de Galemys pyrenaicus, é nativa e está circunscrita ao Norte da Península Ibérica e à zona dos Pirenéus. É muito tímida e difícil de ver, estando classificada como Vulnerável, tanto a nível nacional como global, e têm sido feitos bastantes esforços na sua conservação. É uma excelente nadadora, sendo pouco maior que um hamster, e habita nas margens de rios, ribeiras e demais cursos de água.
8. Musaranho-pigmeu
Parece um ratinho do campo, mas é o menor mamífero do mundo, com um comprimento entre os 3 e os 5 centímetros e um peso médio de 1,8 gramas. O Suncus etruscus está confinado às zonas rurais do Mediterrâneo, de Portugal ao Médio Oriente, e com presença no Norte de África. Pode encontrá-lo em jardins, olivais e vinhas, mas no inverno, este pigmeu pode hibernar.
9. Gineta-europeia
Este é um dos mamíferos carnívoros mais abundantes em Portugal, tendo sido introduzida no nosso país vinda da África, tendo-se adaptado perfeitamente. Acredita-se que os árabes as usavam como exterminadoras de ratos nas suas casas, antes de os gatos domésticos serem importados no Egito, e talvez tenha sido assim que vieram para a Europa.
As genettas apresentam uma pelagem castanha acinzentada, com manchas características, e são de dimensões semelhantes a um gato. Adaptam-se a vários habitats, mas preferem zonas florestais com cursos de água próximos.
10. Sacarrabos
O Herpestes ichneumon é também conhecido como mangusto, icnêumon, sacarrabos ou rato-do-faraó. Não se sabe se o nome vem da sua forma particular de se deslocarem, em fila indiana e com os narizes muito próximos da cauda do seguinte, ou se o nome é uma corrupção da palavra escalavardo, como é conhecido no Alentejo.
Este pequeno mamífero originário de África encontra-se no sudoeste da Península Ibérica, e habita os matagais mediterrânicos. É muito abundante em Portugal, sendo conhecido por comer cobras, mesmo as venenosas. No Antigo Egito, estes animais eram venerados e considerados sagrados, tendo sido encontradas várias múmias desta espécie. Na mitologia, o deus Rá transforma-se em sacarrabos para lutar contra a deusa-serpente Apopis.