Ao longo da história de Portugal, muitos foram os momentos de glória, que se revelaram de uma vital importância na construção do país. Momentos de batalha, de descoberta, de decisões políticas, de expansão do território, enfim, de esplendor. Foram várias as eras douradas da história portuguesa e vários os feitos que contribuíram decisivamente para a formação do território nacional.
Muitos destes momentos são do conhecimento geral e largamente estudados nas escolas: os Descobrimentos, as grandes batalhas, a expansão do império português… Mas outros episódios são quase desconhecidos pela maioria dos portugueses que, muitas vezes, pouco ou nada sabem sobre a grandiosa história de Portugal.
Manter viva a memória destes feitos contribui decisivamente para a união da sociedade e para a luta por um bem comum. O nosso bem estar social depende, em grande parte, do pormenor de todos nos identificarmos com certos momentos da nossa história em comum. Descubra alguns dos episódios mais gloriosos da história de Portugal.
1. Batalha de São Mamede
Com a morte do conde D. Henrique, o Condado Portucalense ficou nas mãos de D. Teresa, sua esposa. Mas a crescente influência do conde galego Fernão Peres de Trava e do seu irmão Bermudo levou a uma revolta em 1128, tendo os revoltosos escolhido como líder Afonso Henriques, filho do conde D. Henrique e de D. Teresa.
A 1 de julho de 1128, deu-se a batalha de São Mamede, em Guimarães. Afonso Henriques venceu o exército da sua mãe e conseguiu expulsar do Condado Portucalense a influência leonesa, criando assim as bases para Portugal.
2. Descoberta do Brasil
Quando falamos em descobrimentos, falamos na chegada de europeus a um território, numa perspetiva eurocêntrica (uma vez que estes territórios eram já habitados por populações nativas). Neste caso, referimo-nos à chegada de Pedro Álvares Cabral ao território do atual Brasil, em 22 de abril de 1500, “descoberta” que lançou as bases para um império português cheio de riquezas.
3. Batalha de Chaves
Apesar de ser uma batalha pouco conhecida a nível nacional, é também uma das mais heroicas, estando ligada ao fim da monarquia no nosso país. Após a implementação da República, em 1910, ainda houve tentativas de tomada de poder por parte dos monárquicos, que reuniram ainda alguns apoiantes um pouco por todo o país. Em julho de 1912, um exército de monárquicos reuniu-se na Galiza, perto da fronteira de Chaves.
O exército que se encontrava nesta cidade dirigiu-se para Montalegre, pensando que era por aí que os monárquicos iriam atacar. No entanto, estes decidiram entrar em Chaves, que estava desprotegida. Assim, o povo flaviense, munido com as armas que tinha, lutou contra o exército monárquico, derrotando-o, facto que provocou o louvor e admiração de todo o país.
4. Batalha de Aljubarrota
É considerada uma das batalhas mais importantes da nossa história, sendo mais uma em que nos encontrávamos em inferioridade numérica. De um lado, portugueses e os seus aliados ingleses, num total de 7100 homens; do outro lado, os castelhanos, aliados a franceses, italianos e aragoneses, com um massivo exército de 31 000 homens.
E mesmo assim, o resultado foi a derrota dos castelhanos, o fim da crise de 1383-1385 e a consolidação de D. João I enquanto rei de Portugal. A aliança luso-britânica saiu reforçada da batalha, tendo sido selada, um ano mais tarde, com o casamento de D. João I com D. Filipa de Lencastre. O Mosteiro da Batalha, obra-prima que ainda hoje impressiona, foi construído como agradecimento pela vitória em Aljubarrota.
5. Chegada ao Japão
O Japão era conhecido desde os tempos de Marco Polo, que deu ao território o nome de Cipango. Mas foram os portugueses os primeiros a estabelecer contacto com o Japão, em 1543. Não se sabe, no entanto, quais foram os portugueses que a estas paragens chegaram: persiste a dúvida de Fernão Mendes Pinto (autor de Peregrinação) fazia parte desse grupo, ou se foram António Peixoto, António da Mota e Francisco Zeimoto a chegarem ao Japão primeiro.
O que se sabe é que os comerciantes portugueses começaram logo a negociar no Japão, e que a partir de 1550 o comércio passou a ser um monopólio, sob chefia de um capitão-mor. O comércio com o Japão cresceu também com a instalação de portugueses em Macau.
6. Batalha de Ourique
Após assumir o Condado Portucalense, D. Afonso Henriques começa a aumentar o seu território para sul. Em 1139, o nosso primeiro rei defronta um exército mouro muito superior, composto por 5 reinos aliados. Mas apesar da superioridade, a aliança moura tinha problemas inteiros, que foram aproveitados por D. Afonso Henriques, que venceu a batalha, e que se proclamou (ou foi proclamado) rei de Portugal.
Associada a esta batalha está também uma lenda, que diz que, antes da batalha, D. Afonso Henriques teve uma visão de Jesus Cristo, que lhe garantiu a vitória em combate. A lenda e a batalha encontram-se representadas no nosso brasão de armas, sob a forma de cinco escudetes (cada qual com cinco besantes), representativos das cinco chagas de Cristo e dos cinco reis mouros vencidos em batalha.
7. Descoberta do caminho marítimo para a Índia
Partindo de Lisboa, Vasco da Gama seguiu a linha da costa desde Cabo Verde até à Serra Leoa, tendo atingido a baía de Santa Helena a 7 de novembro de 1497, a baía de S. Brás a 25 de novembro, Moçambique a 2 de março de 1498, Mombaça a 7 de abril e Melinde a 14 de abril. Em Melinde, contratou um piloto árabe, que os encaminhou ao norte de Calecute, onde chegaram a 20 de maio. O regresso começou no dia 29 de agosto, tendo chegado a nau Bérrio a Portugal a 10 de julho de 1499. Não se sabe, no entanto, quando chegou Vasco da Gama a Portugal.
8. Revolução do 25 de abril
Cansados da guerra colonial, os militares profissionais, após uma série de movimentações corporativas e reivindicações políticas, decidiram derrubar o regime ditatorial pela força. O Movimento das Forças Armadas (MFA) desencadeia uma revolta militar a grande escala, que derrubou o regime sem causar vítimas e sem empregar força, não sem antes passar por algumas tentativas frustradas, como a protagonizada pelo Regimento de Infantaria das Caldas da Rainha, a 16 de março de 1974.
Na noite de 24 para 25 de abril, são transmitidas pela rádio duas canções, que servem de sinal aos revoltosos. As canções são “E Depois do Adeus”, de Paulo de Carvalho, e “Grândola, Vila Morena”, de Zeca Afonso, conhecido opositor do regime. Com a passagem das músicas, iniciam-se as operações militares, coordenadas pelo major Otelo Saraiva de Carvalho.
Elementos da conspiração tomam conta das respetivas unidades, formando colunas de voluntários, e convergem para os grandes centros e pontos estratégicos de Portugal, colocando as forças do governo em desvantagem. Assim, e sem disparar um tiro, os militares cobrem praticamente todo o país e atingem o seu propósito.
9. Batalha dos Atoleiros
Em dezembro de 1383, o mestre de Avis, D. João, foi aclamado Regedor e Defensor do Reino, levando a rainha D. Leonor Teles a fugir e pedir ajuda ao genro, João I de Castela, que pretendia o trono português, uma vez que estava casado com a única filha do falecido rei D. Fernando. Assim, o rei de Castela levanta um exército de 6 000 homens para esmagar as forças portuguesas, com apenas 1 600 homens, comandados por D. Nuno Álvares Pereira.
Este estratega tinha escolhido previamente o terreno da batalha, e formou um retângulo com lanceiros ingleses na vanguarda, e com peões e mais lanceiros nas alas e retaguarda. Como os castelhanos atacaram com a cavalaria, os lanceiros conseguiram conter a investida, o que causou grande desordem no exército inimigo. A tática foi tão eficaz que Castela sofreu pesadas baixas, e o lado português não registou nenhuma morte e nenhum ferido.
10. Descoberta da Austrália
Apesar de não haver referências a esta viagem (ou viagens) nos nossos arquivos históricos, pensa-se que foram os nossos navegadores a estabelecer os primeiros contactos com a Austrália. A principal evidência disto foi a descoberta de dois canhões portugueses, afundados ao largo da baía de Broome, com fabricação portuguesa e datados entre os anos de 1475 e 1525.
Alguns especialistas sugerem que duas expedições portuguesas, realizadas nos mares da Indonésia no primeiro quartel do século XVI, atingiram território australiano: assim, a expedição de Cristóvão de Mendonça seria uma dessas, que partiu de Malaca para sul, em busca das “ilhas de ouro”.
A expedição de Gomes de Sequeira, em 1525, seria outra, tendo supostamente atingido a Península de York. O estabelecimento de um entreposto comercial em Timor, a cerca de 500 quilómetros da Austrália, em 1516, ajuda a reforçar a ideia de que os portugueses chegaram à Austrália primeiro.