No tempo da monarquia, a ostentação era a palavra de ordem. Por todo o país, foram construídos imenso palácios, alguns dos quais não chegaram aos dias de hoje. No Norte de Portugal existem alguns bons exemplos de palácios construídos para impressionar mas que hoje podem ser visitados e contemplados por qualquer um de nós.
Mas é importante esclarecer algo primeiro: a diferença entre um Paço e um Palácio. A ostentação é a mesma, mas diferem no tamanho. No fundo, um Paço é um Palácio de pequenas dimensões que poderia também ser propriedade de um bispo ou de um membro da alta burguesia. No Norte de Portugal existem vários exemplos de paços, especialmente em Braga e no Porto.
Finda a monarquia, vários destes palácios transformaram-se em museus, hotéis ou outros centros de atividades culturais. Um número muito reduzido continua ainda nas mãos de proprietários privados. Descubra alguns dos mais bonitos palácios do Norte de Portugal.
1. Palácio da Bolsa (Porto)
Se há local de paragem obrigatória no Porto, é este. O Palácio da Bolsa foi construído na segunda metade do século XIX, no estilo neoclássico, com o objetivo de ser a sede da Associação Comercial do Porto. Em 1841, o edifício passou a servir de Bolsa do Comércio por ordem da Rainha D. Maria II, mas foi devolvido à Associação em 1911.
No interior, pode visitar o Pátio das Nações e o magnífico Salão Árabe, inspirado no estilo mourisco, um espaço com uma grande riqueza decorativa, criado por Gonçalves e Sousa em 1862. Aqui se realizavam alguns atos oficiais do governo português, sendo atualmente mais usado para eventos culturais.
2. Palácio de Mateus (Vila Real)
Este palácio, onde se produz o conhecido Mateus Rosé, é uma mansão barroca do século XVIII, sendo considerada uma das mansões mais elegantes da Europa. A sua construção atribuiu-se ao arquiteto italiano Nicolau Nasoni. Dentro do palácio pode-se visitar a tranquila biblioteca, que guarda livros editados no século XVI, a estância das Quatro Estações com mobiliário do século XVIII, diversos móveis de madeira, porcelanas chinesas e quadros que simbolizam as estações do ano.
Pode visitar também um pequeno museu, onde está exposta uma valiosa edição de “Os Lusíadas”, da qual só se realizaram 200 exemplares para serem oferecidos a distintas personalidades europeias da época. O palácio está rodeado por um jardim fantasista que conta com algumas formações e linha de sebes, estátuas e um harmonioso passeio de ciprestes.
3. Paço dos Duques de Bragança (Guimarães)
Inspirado nas moradias senhoriais francesas, o Paço dos Duques de Bragança serviu de habituação a esta mesma família, mas após a sua deslocação para o Alentejo, este edifício começou a degradar-se, ao longo dos séculos. Mais tarde, veio a tornar-se num quartel militar e atualmente, é um museu de arte contemporânea. Trata-se de um monumento de visita obrigatória em Guimarães e no Norte de Portugal.
4. Palácio de Vidago (Chaves)
Foi projetado pelo Rei D. Carlos I, que desejava ali construir uma estância terapêutica de luxo que tivesse projeção Internacional. Já na altura, as águas de Vidago eram consideradas de interesse nacional, e por isso, o Vidago Palace Hotel foi inaugurado a 6 de outubro de 1910, um dia depois da instauração da Primeira República Portuguesa.
Em 1936, o hotel passa a dispor de um percurso de golfe de 9 buracos, desenhado pelo arquiteto Philip Mackenzie Ross. A combinação dos tratamentos termais e do campo de golfe de luxo acabou por colocar o Vidago Palace Hotel entre as estâncias europeias com maior prestígio no período da Segunda Guerra Mundial.
Esta fama intensifica-se nos anos 50 e 60, devido às famosas festas organizadas no hotel. O Vidago Palace acabou por encerrar em 2006 e reabrir em 2010, 100 anos após a sua inauguração. Após a mais recente abertura, este hotel histórico adquiriu um novo brilho e voltou a desempenhar um papel importante na hotelaria nacional, seguindo critérios de conforto e de luxo do século XXI.
5. Palácio da Brejoeira (Monção)
Este palácio, embora seja propriedade privada, é património nacional desde 1910, e abre as suas portas a visitas, partilhando toda a sua beleza e relíquias escondidas. É um dos ex-libris da região do Alto Minho, sendo uma grandiosa construção em estilo neoclássico datada de princípios do século XIX. O conjunto é notável, incluindo o palácio, capela, bosques, jardins, vinhas e uma adega antiga (onde hoje é estagiada a bem conhecida Aguardente Velha).
Para lá dos jardins, cultivam-se com esmero 18 dos 30 hectares da propriedade. Não existem provas evidentes sobre quem foi o autor do projeto, mas este tem sido atribuído a Carlos Amarante, um dos mais importantes arquitetos em atividade no norte do país à época.
6. Palácio do Freixo (Porto)
O Palácio do Freixo foi edificado em meados do século XVIII, e é um dos mais notáveis monumentos do barroco civil português, com autoria de Nicolau Nasoni. O edifício tem planta quadrangular, com quatro torreões salientes em cada ângulo, cobertos por telhados em pirâmide.
O interior do palácio é extremamente rico, com grande parte dos compartimentos a apresentarem frescos, bem executados tetos de estuque e pinturas ilusórias com temas alegóricos (com grande parte destas a serem executadas pelo próprio Nasoni). O jardim foi desenhado segundo a tradição italiana, contando com esculturas e com uma magnífica vista sobre o rio.
7. Palácio do Raio (Braga)
Foi construído entre 1754 e 1755, por encomenda de um poderoso comerciante, João Duarte de Faria. O projeto de André Soares é um dos mais notáveis edifícios de arquitetura civil da cidade, no estilo barroco joanino. Em 1853, o palácio foi vendido a Miguel José Raio, Visconde de São Lázaro, e daí ficou conhecido como Palácio do Raio. Miguel José Raio era um capitalista brasileiro que nasceu em Braga, na rua da Cruz de Pedra, em 10 de maio de 1814, e que faleceu a 14 de agosto de 1875.
Em 1863, o Visconde de São Lázaro abriu a rua em frente ao palácio, permitindo uma melhor visão da sua casa e a construção de duas habitações para as suas filhas. Em 1882, os seus herdeiros venderam o palácio ao Banco do Minho, que, por sua vez, o revendeu no ano a seguir à Santa Casa da Misericórdia, que nele instalou alguns serviços do hospital de São Marcos.
8. Paço Episcopal (Porto)
Esta residência episcopal começa a ser construída no século XVIII e termina no século XIX, com uma história marcada por remodelações, construções e reconstruções. Em 1734, Nicolau Nasoni foi contratado para realizar o projeto de remodelação do Paço, acompanhando as obras até 1737. Parece ser da sua autoria a magnífica escadaria em granito que nos leva aos salões nobres do edifício.
As obras do Paço só terminaram em 1871, e para este atraso muito contribuiu o facto de o Paço ter acolhido uma bateria de defesa da cidade durante o cerco do Porto, entre 1832 e 1833. O Paço foi alvo de alguns bombardeamentos, com graves danos a serem causados ao edifício.
9. Paço Episcopal (Braga)
Situado em frente à Sé de Braga, o Paço começou a ser construído durante o século XIV e foi ampliado durante os séculos XVII e XVIII. Hoje, o Paço alberga departamentos da universidade e uma biblioteca municipal, com uma sala de computadores coberta por um teto de talha dourada e numerosas pinturas. Vale a pena visitar o edifício em si e prestar atenção aos azulejos que ladeiam a escadaria principal.
Se sair pela medieval ala norte, poderá ver os belos jardins de Santa Bárbara, uma praça do século XVII com caminhos estreitos por um mar de flores e sebes chamativas. Em alturas de bom tempo, as ruas dos seus arredores enchem-se de músicos amadores e esplanadas de cafés com muito bom ambiente.