Portugal é um país rico em rotas, trilhos e percursos pedestres, nas quais pode descobrir paisagens únicas e locais cheios de história. Algumas das rotas são muito fáceis de percorrer e têm poucos quilómetros, e outras das nossas sugestões já demoram alguns dias a serem completadas, mas todas elas lhe permitem descobrir as melhores paisagens do nosso país.
As chamadas pequenas rotas são aquelas que demoram algumas horas a serem percorridas. As grandes rotas devem ser feitas em vários dias. Os trilhos e percursos pedestres permitem descobrir o Portugal mais profundo e genuíno, um país longe do turismo de massas e com muitos segredos ainda por descobrir.
Como não poderia deixar de ser, deve respeitar as sinalizações e nunca sair dos trilhos oficiais. Deve também levar água, comida, roupa extra e calçado confortável. Descubra alguns dos melhores trilhos e percursos pedestres de Portugal e coloque-se a caminho.
1. Ecopista do Rio Minho (Valença a Monção)
Este percurso de 17km parte da Casa da Linha, na Ponte Seca, em Valença, e termina no Lugar da Barca, em Lodeira, Monção. Foi inaugurado em 2004 e foi dos primeiros percursos nacionais a aproveitar uma antiga linha férrea.
Dois anos depois, foi considerada a quarta melhor ecopista da Europa, uma vez que o percurso corre sempre junto ao Rio Minho, o que lhe permite observar locais como o Museu Ferroviário e o Centro de Interpretação da Ecopista, o Mosteiro Beneditino de Ganfei, o Cemitério Medieval, a Torre de Menagem de Lapela, e a Porta de Salvaterra, porta de entrada para o centro histórico de Monção. Para além dos locais de interesse histórico, a ecopista passa ainda por locais de grande interesse ambiental e paisagísticos.
- Ponto de partida: Casa da Linha, Ponte Seca (Valença)
- Ponto de chegada: Lugar da Barca, Lodeira (Monção)
- Distância: 17 km
2. Passadiços do Paiva (Arouca)
O percurso dos Passadiços do Paiva tem também 17 km, feitos numa rota circular a partir de Espiunca, e seguindo sempre em passadiços de madeira que serpenteiam por árvores e rochas, e por vezes sobre pequenos desfiladeiros, na margem esquerda do Paiva. Os passadiços começam junto à praia fluvial, em Espiunca, sendo que o seu início é quase plano e em linha reta, para que possa apreciar a paisagem sem grande esforço.
A meio do percurso encontra a praia fluvial do Vau, à qual pode aceder através de uma ponte suspensa. A partir daqui começa a parte mais espetacular do percurso, que contorna a garganta do Paiva, e onde poderá chegar a um miradouro, a quase 300 m de altitude, após uma subida de cerca de 500 degraus. A partir deste miradouro com vista panorâmica, o percurso segue sempre a descer, até chegar à praia do Areinho.
- Ponto de Partida e chegada: Espiunca
- Distância: 17 km
3. Rota dos Fósseis (Idanha-a-Nova)
A Rota dos Fósseis é um percurso circular e tem apenas 3 km, e começa e termina no Largo da Igreja de Penha Garcia. Em tempos que já lá vão, este território estava submerso por um mar pouco profundo. Os vestígios fósseis que dessa época nos chegaram dão nome a este percurso, no qual pode encontrar fósseis com cerca de 500 milhões de anos.
Este percurso segue ao longo do desfiladeiro escavado pelo Rio Pônsul que, após um percurso rico em cascatas, se acalma e numa pequena piscina fluvial. A imensidade de tesouros geológicos que por aqui pode encontrar são uma das grandes atrações do Geoparque Naturtejo, atraindo não só turistas, mas também paleontólogos e cientistas de todo o mundo.
- Ponto de partida e de chegada: Largo da igreja de Penha Garcia
- Distância: 3 km
4. Parque Linear Ribeirinho do Estuário do Tejo (Vila Franca de Xira)
Ninguém diria que, até há pouco tempo, esta zona era uma lixeira. A construção dos dois parques urbanos ribeirinhos, que têm mais de 5 000 m de trilhos pedonais e cicláveis, aninhados entre a ribeira da Verdelha, em Alverca, e o Cais Setecentista da Póvoa de Santa Iria, veio alterar isso.
O centro desta nova zona é o Parque Linear Ribeirinho do Estuário do Tejo, a partir do qual parte o trilho do Tejo, que é um percurso pedonal de madeira que acompanha a margem do rio em direção a nascente.
Por outro lado, o trilho da Póvoa conduz na direção oposta, ao parque urbano da Póvoa de Santa Iria, com os seus 7 hectares, diversas zonas de lazer e um núcleo museológico dedicado às tradições avieiras.
- Ponto de partida e chegada: Parque Linear Ribeirinho
- Distância: 5,5 km
5. Olhos de Água do Alviela (Alcanena)
Este percurso circular tem 2 km, com partida e chegada nos Olhos de Água do Alviela, e tem uma dificuldade considerada média. Na base de uma escarpa, na orla do Maciço Calcário Estremenho, nasce o rio Alviela, no local que se chama Olhos de Água, e de onde, desde 1880, se faz abastecimento de água para Lisboa. Esta água é originária da chuva, que se infiltra no Planalto de Santo António e que é conduzida ao local por uma rede de galerias subterrâneas.
O percurso segue parte da ribeira dos Amiais, um pequeno afluente do Alviela, que, a certo ponto, acaba por desaparecer no meio da rocha, seguindo o seu percurso subterrâneo, que pode observar através de uma janela cársica. Mais à frente, a ribeira volta à superfície.
Por todo o trajeto pode ver grutas, que se encontram há muito abandonadas, e que servem hoje de abrigo a cerca de uma dezena de morcegos de diferentes espécies protegidas, razão pela qual o acesso a estas grutas é proibido.
- Ponto de partida e de chegada: Olhos de Água do Alviela
- Distância: 2 km
6. Fisgas do Ermelo (Vila Real)
Este trilho de 12 km, com partida e chegada no Ermelo, reúne o melhor do Douro, Minho e Trás-os-Montes, neste pequeno recanto do paraíso, situado entre Mondim de Basto e Vila Real, que é a Serra do Alvão. Uma das melhores formas de explorar este cenário natural é através do percurso, que se inicia na aldeia de Ermelo, que é uma das mais antigas de Portugal.
Este trajeto segue sempre junto às margens do Olo e acompanha as mudanças da paisagem, à medida que o tio segue o seu caminho através de gargantas apertadas, antes de se precipitar montanha abaixo, a cerca de 400 m de altura, nas chamadas Fisgas do Ermelo, uma das maiores quedas de água da Europa.
- Ponto de partida e de chegada: Ermelo
- Distância: 12 km
7. Trilhos do Conhal (Nisa)
Este percurso circular de 11 km parte do Arneiro, aldeia piscatória no Norte do Alto Alentejo, com redes e barcos de pesca nas ruas. A aldeia é também conhecida pela grande quantidade de seixos rolados, resultado da exploração de ouro romana na região, que dá o nome ao percurso (Conhal).
Comece o trajeto mesmo no centro da localidade seguindo o caminho ao longo de parte da Serra de São Miguel, e depois até ao topo sul das Portas do Ródão, a partir do qual pode observar-se de perto o voo dos grifos que ali nidificam. Para regressar à aldeia, terá de percorrer uma descida íngreme e que requer algum cuidado e atenção até chegar a terra firme.
- Ponto de partida e de chegada: Arneiro
- Distância: 11 km
8. Trilho do Monge (Sintra)
Este percurso tem 4,5 km, com partida e chegada no Convento dos Capuchos, que foi fundado no século XVI por frades franciscanos que queriam viver em comunhão com a natureza. A rota distingue-se pela vegetação abundante, com destaque para as exóticas matas de cedros do Buçaco.
O caminho sobe sempre até chegar ao marco geodésico, a partir do qual tem uma vista deslumbrante sobre a região e, em dias limpos, consegue avistar a linha de costa quase até ao cabo Espichel. Mais à frente, nos cumes mais altos da Serra, encontra o lugar de Tholos do Monge, uma sepultura coletiva pré-histórica.
- Ponto de partida e de chegada: Convento dos Capuchos
- Distância: 4,5 km
9. Percurso Pedestre de Marvão (Marvão)
O caminho circular, com 8 km, inicia-se em Portagem, encosta acima pela antiga estrada romana que atravessa um bosque de carvalhos, castanheiros e sobreiros, e que termina perto da Igreja do antigo convento da Senhora da Estrela. Daqui consegue avistar ao longe o Alto de São Mamede, o local mais elevado da Serra com o mesmo nome, junto a Portalegre.
Mesmo ao lado, encontra a entrada para a vila de Marvão, que poderá visitar mais tarde. Seguindo o percurso, irá descer até Abegoa e Fonte Solta. Entretanto, o caminho em terra batida volta a encontrar a calçada medieval, sinal inegável que falta pouco para voltar até junto do Sever.
- Ponto de partida e de chegada: Portagem
- Distância: 8 km
10. Percurso dos 7 Vales Suspensos (Lagoa)
Este trilho de 5,5 km, que percorre um dos troços de costa mais belos do Algarve, segue uma linha quase contínua ao longo das arribas que ligam a Praia de Vale Centeanes à Praia da Marinha. Como seria de esperar, são as arribas o elemento que mais se destaca ao longo do caminho, arribas essas que, num passado distante, deram origem aos chamados vales suspensos.
O percurso dos 7 vales suspensos faz-se através de alguns trilhos existentes previamente, onde se criaram guardas de proteção nas zonas risco, e onde se introduziram miradouros com vista panorâmica para as arribas. Ao longo da caminhada, encontra cerca de 2 dezenas de painéis informativos, com os quais pode aprender mais sobre a geologia, vegetação e fauna local.
- Ponto de partida: Praia de Vale Centeanes
- Ponto de chegada: Praia da Marinha
- Distância: 5,5 km
11. Trilho da Serra Amarela (Ponte da Barca)
Este percurso circular de 35 km, com partida e chegada na aldeia de Ermida, demora cerca de dois dias a ser percorrido, atravessando aquele que é um dos maiores relevos montanhosos do Parque Nacional da Peneda-Gerês. A primeira etapa percorre o Vale de Carcerelha, seguindo entre tojais, gestais e urzais, numa paisagem granítica. A segunda etapa parte do lugar de Cutelo e segue até Vilarinho da Furna.
Ao longo do caminho, vai notar uma mudança na paisagem. Junto à barragem de Vilarinho, começa a terceira parte do percurso, avançando caminho depois por um território de montanha até Louriça, ponto mais alto da Serra Amarela, a 1361 metros de altitude. Aqui começa a última etapa do percurso, que marca o regresso ao ponto de partida.
- Ponto de partida e de chegada: Ermida
- Distância: 35 km
12. Rota da Garganta de Loriga (Seia)
Este percurso linear de 9 km segue o Vale da Ribeira da Nave, começando em Salgadeiras, no quilómetro 27 da EN338, e terminando em Loriga, descendo ao longo de mais de 1000 m de altitude pela paisagem esculpida há mais de 10 mil anos por um glaciar de mais de 6 km de comprimento. Na primeira parte do percurso, poderá observar uma típica zona húmida de montanha, passando depois por um passadiço metálico que está suspenso sobre o espelho de água da barragem.
Do outro lado, chega ao topo do Covão do Meio, onde pode refrescar a sua sede. O caminho segue depois através de trilhos antigos de pastores e caçadores, passando por prados verdes e lagoas naturais. Bem perto do final, encontra a praia fluvial da Ribeira de Loriga, muito conhecida pela sua sucessão de cascatas.
- Ponto de partida: Salgadeiras (ao km 27 da EN338)
- Ponto de chegada: Loriga
- Distância: 9 km
13. Caminho do Xisto da Lousã (Lousã)
O castelo de Lousã é o ponto de partida e chegada para este percurso de 6 km, que segue pela Serra e passa pelas aldeias do Talasnal e Casal Novo. A primeira parte do caminho é em alcatrão e a descer, conduzindo a uma praia fluvial que é encimada pela ermida de Nossa Senhora da Piedade. Depois, o percurso sobe através de um trilho escavado na rocha, que lhe trará uma deslumbrante vista sobre o desfiladeiro.
Siga caminho através da floresta, mas tenha cuidado, já que o terreno é acidentado. Consegue já avistar o Talasnal, que ao fim de semana recupera a vivacidade de antigamente. Desça depois até a antiga Central Hidroelétrica da Ermida e, continuando, passará as águas da ribeira de São João, altura em que a estrada volta a alargar e conseguirá avistar ao longe o castelo.
- Ponto de partida e de chegada: Castelo da Lousã
- Distância: 6 km
14. Rota Vicentina (Santiago do Cacém)
Se procura algo desafiante, este trilho de 340 km, com partida em Santiago do Cacém e chegada no cabo de São Vicente, é para si. Ao longo do caminho, conseguirá conhecer ao pormenor toda a riqueza cultural, paisagística e social daquele que é um dos mais bem preservados troços costeiros da Europa, que percorre os concelhos de Santiago do Cacém, Sines, Odemira, Aljezur e Vila do Bispo.
A zona está dividida em 2 percursos: o caminho histórico, que segue pelo interior, e o trilho dos pescadores, que segue pelo litoral, e que acabam por se cruzar em Porto Covo e Odeceixe. O trilho dos pescadores tem 4 etapas, ligando Porto Covo ao cabo de São Vicente, seguindo sempre junto ao mar por trilhos usados há gerações para aceder aos pesqueiros.
Já o caminho histórico segue uma paisagem mais rural, de serra e vales, tendo um total de 13 etapas, e está integrado na Grande Rota Europeia que liga Sagres a São Petersburgo, na Rússia. Ao longo deste percurso, quer escolha o trilho dos pescadores ou o caminho histórico, conseguirá encontrar locais de grande beleza, como o Pego das Pias ou a Rocha de Água de Alto, queda de água com mais de 30 m no sopé da serra do Cercal.
- Ponto de partida: Santiago do Cacém
- Ponto de chegada: Cabo de São Vicente
- Distância: 340 km