Já quase não existe um Algarve assim: típico, genuíno, tradicional e igual a si próprio. Com a democratização do turismo, os visitantes foram chegando aos milhares, ano após ano, e com cada vez mais intensidade. As aldeias e vilas tradicionais, algumas delas piscatórias, deram origem a aldeamentos turísticos que são iguais em todo o lado. O verdadeiro Algarve quase desapareceu.
Quase! Ainda existem algumas aldeias, infelizmente poucas, onde é possível descobrir o Algarve tal como ela era há apenas algumas décadas. São aldeias com casas caiadas de branco, com pequenos largos em frente à igreja e moradores sentados à sombra a trocar uns dedos de conversa. Longe das praias do litoral, estas aldeias fugiram ao turismo de massas.
Hoje, são quase um segredo. Mas a verdade é que começam a ser cada vez mais procuradas. É importante saber preservá-las e não permitir que tenham o mesmo destino de tantas outras. Se tem curiosidades em conhecê-las, descubra connosco algumas das mais típicas aldeias do Algarve.
1. Alte
Longe do turismo de massas, das praias repletas de gente e dos turistas que apenas buscam sol e mar, existe um Algarve que consegue ainda manter vivas as suas aldeias mais típicas. Alte, em Loulé, é um desses bons exemplos. Alte não perde a identidade e fruto de cuidadoso investimento da autarquia para que fosse alvo de processos de manutenção e preservação, mantém intactos os seus traços.
Sabendo-se que o Algarve assume destaque pelas suas praias e habitações junto ao mar, Alte é claramente uma exceção a essa regra. Para justificar esta situação contracorrente, podem destacar-se vários pormenores como as típicas casas brancas e suas chaminés tradicionais, bem como o seu centro histórico de grande beleza.
O centro histórico de Alte é imponente e dele deve valorizar-se a Igreja Matriz, mas existem outros lugares bem interessantes nesta aldeia como o antigo moinho de água datado do século XII, para além de típicas lojas de artesanato em que se adquirem produtos locais.
2. Pedralva
A história da aldeia de Pedralva, no Algarve, é uma história especial. É um dos melhores exemplos, a nível nacional, de como o amor pela terra e pelas tradições podem recuperar aldeias que se julgavam perdidas e abandonadas para sempre. Pedralva renasceu das cinzas e hoje tem vida novamente, contra todas as expectativas.
Localizada em Vila do Bispo, chegou a ter mais de 100 habitantes. Aos poucos, todos foram partindo e resistiram apenas 9, que viviam em casas degradadas ou com poucas condições. Mas Pedralva renasceu! Após um longo processo, todas as casas da aldeia foram compradas e recuperadas para turismo rural.
O município viu na ideia uma oportunidade única de promover o Algarve mais típico e instalou rede elétrica e saneamento. Hoje, Pedralva pode ser a sua aldeia: pode alugar uma das suas várias casas e passar aqui uns dias, em comunhão com a Natureza. A partir daqui pode explorar o interior algarvio, ainda longe do turismo de massas.
3. Querença
Já quase não existem locais assim no Algarve. Mas a pequena aldeia de Querença parece querer resistir, com todas as suas energias, contra o turismo de massas que caracteriza a região sul do país. Alheia a todo o corrupio que acontece sempre que chega o Verão, esta típica aldeia algarvia conserva ainda um ambiente pacato e tradicional.
Localizada em Loulé, Querença é uma das aldeias mais pitorescas do Algarve. Situa-se no alto de um pequeno monte, na transição entre o barrocal e a serra. As suas casas, caiadas de branco, descem ao longo da encosta. No topo da aldeia fica o mais icónico dos seus monumentos: a Igreja Matriz.
A zona é fértil e a aldeia está rodeada de água e nascentes, um bem precioso e escasso no Algarve. Esta abundância de água foi sempre preponderante na fixação da população e também na cultura e nas tradições dos habitantes. E isso nota-se não apenas na agricultura mas também na sua gastronomia.
4. Estoi
Longe do turismo de massas que acorre às praias nos meses de Verão, existe um Algarve quase secreto, ainda por explorar. É o Algarve das aldeias típicas, das serras com ribeiros e cascatas, que nos faz lembrar que o espírito desta região e das suas gentes ainda se mantém vivo, apesar da massificação. E esse espírito do Algarve tradicional ainda está presente em Estoi.
Localiza-se no concelho de Faro e tem menos de 4 mil habitantes, mas possui uma riqueza histórica e arquitetónica difíceis de igualar para uma localidade tão pequena. Em Estoi, sobressai o seu palácio, hoje transformado em pousada, e as ruínas romanas de Milreu, uma das mais importantes de Portugal.
Apesar de estar situada perto de grandes centros urbanos, da autoestrada e das praias, a pequena Estoi conseguiu manter a sua autenticidade algarvia. As casas típicas caiadas de branco e com janelas decoradas dão um ar pitoresco à vila e as suas ruas estreitas e sinuosas convidam a um passeio.