Se há região que nunca nos deixa de surpreender, é o Alentejo. Quando achamos que já conhecemos tudo, somos presenteados com a descoberta de locais quase secretos, desconhecidos para a maioria dos turistas e ainda longe dos roteiros turísticos mais tradicionais e massificados.
As aldeias alentejanas cativam pelas suas casas caiadas de branco e azul, locais de grande beleza e simplicidade. As estradas conduzem-nos por planícies onduladas, verdes e floridas na Primavera e repletas de azinheiras e sobreiros.
Por outro lado, existem castelos, praticamente abandonados, que nos parecem transportar no tempo. Seja qual for o local, a melhor maneira de descobrir estes sítios mais secretos é saindo das estradas principais e partindo à aventura através do Alentejo. Deixamos-lhe algumas sugestões de sítios ainda longe dos roteiros turísticos.
1. Castelo de Valongo
O castelo de Valongo fica no topo de uma colina tipicamente alentejana. O campo que o rodeia está cultivado com grandes vinhedos e bem perto existe uma represa de água que lhe confere uma atmosfera ainda mais mágica. Este espelho de água cria também as condições ideais para os amantes da fotografia, que aqui acorrem com frequência.
É um dos raros castelos portugueses de traça tipicamente medieval (existem mais castelos medievais em Portugal, mas foram bastante alterados ao longo do tempo). Segundo alguns documentos, terá sofrido obras no século XV e XVI, quando ganhou uma torre de menagem com traça manuelina.
2. Juromenha
Pertencente ao concelho do Alandroal, Juromenha é a testemunha perfeita dos conflitos constantes na Raia. Hoje está ao abandono, embora existam planos para recuperar todo o local. Mas esta pequena aldeia-fortaleza foi em tempos a grande sentinela do Guadiana e desempenhou um papel crucial na defesa do território nacional.
Foi conquistada aos mouros por D. Afonso Henriques e mais tarde doada à Ordem de Avis. Os seus domínios trocaram de dono várias vezes durante as guerras com Espanha. O terramoto de 1755 danificou muito a fortaleza, que nunca mais voltaria a ser a mesma. Com a paz com Espanha, perdeu o seu papel crucial na defesa do território, o que conduziu ao lento definhar da aldeia e ao êxodo da sua população.
3. Ouguela
Encontra-se em Campo Maior e é uma típica e bela aldeia alentejana. Conta com um castelo, no alto de um monte com 270 metros de altitude, que olha altivo para a paisagem que o rodeia e nos lembra a sua função passada de defesa da raia. Tal como aconteceu noutros locais, a aldeia foi perdendo população e importância à medida que a defesa das fronteiras deixou de ser crucial para a segurança do nosso país.
Apesar de tudo, é uma aldeia relativamente bem conservada e que conta com traços típicos alentejanos. As casas encontram-se no exterior e interior das muralhas, existindo surpresas a cada recanto, e por isso recomenda-se um passeio pelas suas ruas.
4. Cromeleque dos Almendres
Viaje para a pré-história visitando este monumento megalítico, com 95 monólitos de pedra dispostos num formato circular e que se encontram em perfeito estado de conservação.
Não se sabe bem o que era este local, mas sabe-se que a construção se encontra alinhada de forma que os seus eixos imaginários coincidam com os eixos dos pontos cardeais e com os solstícios e equinócios. Existem também vestígios de que o local foi usado para o culto de deuses ancestrais e para observações astronómicas. O Cromeleque dos Almendres é também mais antigo do que o famoso Stonehenge.
5. Parque de Natureza de Noudar
O Parque de Natureza de Noudar é um dos recantos mais secretos do Alentejo. Localiza-se na Herdade da Coitadinha, encaixado entre o rio Ardila e a ribeira de Múrtega, no concelho de Barrancos. Para além de todo o seu encanto natural, o lince ibérico é a sua grande estrela e aqui se tem promovido a sua reprodução e reintrodução no habitat.
O parque é dominado pelo seu castelo, o Castelo de Noudar, acabado de construir em 1307, a mando de D. Dinis. Não foi por acaso que se escolheu este local para construí-lo: fica bem perto de Espanha, no alto de um monte, e daqui se avista grande parte da região fronteiriça.
6. Brotas
Localizada no concelho de Mora, Brotas é uma das mais bonitas e desconhecidas aldeias do Alentejo. No entanto, o facto de ser cruzada pela Estrada Nacional 2 (ao quilómetro 488), começou a trazer alguns turistas a esta aldeia pela primeira vez, graças à ascensão da N2 como rota turística.
A aldeia parece pacata e adormecida, mas talvez seja isso mesmo o que lhe dá mais encanto. Um caminho pelas suas ruas, com calma e atenção, permite descobrir todos os pequenos detalhes deste local tipicamente alentejano. O Santuário da Nossa Senhora das Brotas é o seu principal ponto turístico mas não deixe também de apreciar as suas fontes, os seus largos e as casas caiadas de azul e branco.
7. Cais Palafítico da Carrasqueira
Apesar de não ser uma construção centenária, é um local com um visual bastante curioso, verdadeiro labirinto de tábuas e estacas de madeira, que os locais ergueram para facilitar o acesso aos barcos em períodos de maré baixa. Recomendamos que percorra o cais ao pôr-do-sol, altura em que a paisagem se ilumina de uma forma especial.