Os judeus provenientes da Península Ibérica são conhecidos como sefarditas, tendo sido um povo muito perseguido ao longo dos séculos em Espanha e Portugal. Consequentemente, acabaram por fugir para países como o Reino Unido e a Holanda, assim como para o Novo Mundo, para locais como os EUA ou o Brasil. Na sua nova vida, mantiveram as suas tradições, mesmo que secretamente, apesar de muitos terem sido forçados à conversão ao Cristianismo.
Historicamente, os judeus sofreram inúmeras perseguições, com destaque para os Romanos, Católicos e Nazistas. Assim, muitos judeus acabaram por perder a sua identidade cultural e diversas gerações perderam o seu contacto com a religião dos seus antepassados.
Depois da sua expulsão da Palestina, os judeus espalharam-se pelo mundo e, aos poucos, a Europa passou a contar com diversas comunidades de origem judaica. Infelizmente, estas mesmas comunidades foram mais tarde vítimas de perseguições, chegando a Inquisição a tornar crime a prática do Judaísmo.
Os judeus acabaram por ser expulsos de Espanha em 1492, no reinado de Isabel, a Católica. Desamparados, muitos encontraram refúgio no reino de Portugal, onde muitos judeus se destacaram na corte real e na sociedade.
No entanto, isto não impediu a expulsão dos judeus de Portugal, em 1496. Numa tentativa de não perder algumas das mentes mais brilhantes do seu reino, D. Manuel I forçou muitos judeus à conversão e retirou crianças às suas famílias, para que fossem criadas por cristãos. Muitos poucos judeus conseguiram escapar do país.
A conversão forçada não impediu a discriminação deste povo pelos cristãos, algo que culminou no massacre de Lisboa, em 1506, quando foram mortos milhares de judeus nas ruas da nossa capital. Como consequência, D. Manuel I levantou a proibição de os judeus saírem do país, algo que foi aproveitado por milhares de pessoas para escapar e se fixarem noutros países.
Isso não impediu que este povo continuasse a sofrer inúmeras reviravoltas ao longo dos séculos, ou que muitas gerações tenham crescido completamente alienadas das suas raízes, esquecendo as suas tradições devido a séculos de repressão.
Assim, existem inúmeras pessoas que têm ascendência judaica, mas que o desconhecem completamente. Como é óbvio, não é por ter um apelido judaico que terá a condição de judeu descendente.
A melhor forma de o confirmar será através da existência de casamentos entre familiares (para manter os bens dentro da comunidade judaica), a existência de tradições ligadas à cultura hebraica e um levantamento histórico-genealógico. Mesmo assim, por curiosidade, deixamos-lhe a seguir uma lista dos principais apelidos sefarditas da Península Ibérica, segundo o dicionário Sefarad:
Apelidos Judaico-Sefarditas oriundos das regiões portuguesas de Alentejo, Beira-Baixa e Trás-os-Montes:
Amorim; Azevedo; Álvares; Avelar; Almeida; Barros; Basto; Belmonte; Bravo; Cáceres; Caetano; Campos; Carneiro; Carvalho; Crespo; Cruz; Dias; Duarte; Elias; Estrela; Ferreira; Franco; Gaiola; Gonçalves; Guerreiro; Henriques; Josué; Leão; Lemos; Lobo; Lombroso; Lopes; Lousada; Macias; Machado; Martins; Mascarenhas; Mattos; Meira; Mello e Canto; Mendes da Costa; Miranda; Montesino; Morão; Moreno; Morões; Mota; Moucada; Negro; Nunes; Oliveira; Ozório; Paiva; Pardo; Pilão; Pina; Pinto; Pessoa; Preto; Pizzarro; Ribeiro; Robles; Rodrigues; Rosa; Salvador; Souza; Torres; Vaz; Viana e Vargas.
Apelidos de famílias Judaico-Sefarditas que se refugiaram na Holanda, EUA e outros países:
Abrantes; Aguilar; Andrade; Brandão; Brito; Bueno; Cardoso; Carvalho; Castro; Costa; Coutinho; Dourado; Fonseca; Furtado; Gomes; Gouveia; Granjo; Henriques; Lara; Marques; Melo e Prado; Mesquita; Mendes; Neto; Nunes; Pereira; Pinheiro; Rodrigues; Rosa; Sarmento; Silva; Soares; Teixeira e Teles.
Apelidos judaico-Sefarditas na América Latina:
Almeida; Avelar; Bravo; Carvajal; Crespo; Duarte; Ferreira; Franco; Gato; Gonçalves; Guerreiro; Léon; Leão; Lopes; Leiria; Lobo; Lousada; Machorro; Martins; Montesino; Moreno; Mota; Macias; Miranda; Oliveira; Osório; Pardo; Pina; Pinto; Pimentel; Pizzarro; Querido; Rei; Ribeiro; Robles; Salvador; Solva; Torres e Viana.
Principais exemplos de Apelidos extraídos do Dicionário Sefarad:
A
Abreu; Abrunhosa; Affonseca; Affonso; Aguiar; Ayres; Alam; Alberto; Albuquerque; Alfaro; Almeida; Alonso; Alvade; Alvarado; Alvarenga; Álvares/Alvarez; Alvelos; Alveres; Alves; Alvim; Alvorada; Alvres; Amado; Amaral; Andrada; Andrade; Anta; Antonio; Antunes; Araújo; Arrabaca; Arroyo; Arroja; Aspalhão; Assumção; Athayde; Ávila; Avis; Azeda; Azeitado; Azeredo; Azevedo;
B
Bacelar; Balão; Balboa; Balieyro; Baltiero; Bandes; Baptista; Barata; Barbalha; Barboza/Barbosa; Bareda; Barrajas; Barreira; Baretta; Baretto; Barros; Bastos; Bautista; Beirão; Belinque; Belmonte; Bello; Bentes; Bernal; Bernardes; Bezzera; Bicudo; Bispo; Bivar; Boccoro; Boned; Bonsucesso; Borges; Borralho; Botelho; Bragança; Brandão; Bravo; Brites; Brito; Brum; Bueno; Bulhão;
C
Cabaço; Cabral; Cabreira; Cáceres; Caetano; Calassa; Caldas; Caldeira; Caldeyrão; Callado; Camacho; Câmara; Camejo; Caminha; Campo; Campos; Candeas; Capote; Cárceres; Cardozo/Cardoso; Carlos; Carneiro; Carranca; Carnide; Carreira; Carrilho; Carrollo; Carvalho; Casado; Casqueiro; Casseres; Castenheda; Castanho; Castelo; Castelo Branco; Castelhano; Castilho; Castro; Cazado; Cazales; Ceya; Céspedes; Chacla; Chacon; Chaves; Chito; Cid; Cobilhos; Coche; Coelho; Collaco; Contreiras; Cordeiro; Corgenaga; Coronel; Correa; Cortez; Corujo; Costa; Coutinho; Couto; Covilha; Crasto; Cruz; Cunha;
D
Damas; Daniel; Datto; Delgado; Devet; Diamante; Dias; Diniz; Dionísio; Dique; Doria; Dorta; Dourado; Drago; Duarte; Duraes;
E
Eliate; Escobar; Espadilha; Espinhosa; Espinoza; Esteves; Évora;
F
Faísca; Falcão; Faria; Farinha; Faro; Farto; Fatexa; Febos; Feijão; Feijó; Fernandes; Ferrão; Ferraz; Ferreira; Ferro; Fialho; Fidalgo; Figueira; Figueiredo; Figueiro; Figueiroa; Flores; Fogaca; Fonseca; Fontes; Forro; Fraga; Fragozo; Franca; Francês; Francisco; Franco; Freire; Freitas; Froes/Frois; Furtado;
G
Gabriel; Gago; Galante; Galego; Galeno; Gallo; Galvão; Gama; Gamboa; Gancoso; Ganso; Garcia; Gasto; Gavilao; Gil; Godinho; Godins; Góes; Gomes; Gonçalves; Gouvêa; Gracia; Gradis; Gramacho; Guadalupe; Guedes; Gueybara; Gueiros; Guerra; Guerreiro; Gusmão; Guterres;
H
Henriques; Homem;
I
Idanha; Iscol; Isidro;
J
Jordão; Jorge; Jubim; Julião;
L
Lafaia; Lago; Laguna; Lamy; Lara; Lassa; Leal; Leão; Ledesma; Leitão; Leite; Lemos; Lima; Liz; Lobo; Lopes; Loução; Loureiro; Lourenço; Louzada; Lucena; Luiz; Luna; Luzarte;
M
Macedo; Machado; Machuca; Madeira; Madureira; Magalhães; Maia; Maioral; Maj; Maldonado; Malheiro; Manem; Manganês; Manhanas; Manoel; Manzona; Marca; Marques; Martins; Mascarenhas; Mattos; Matoso; Medalha; Medeiros; Medina; Melão; Mello; Mendanha; Mendes; Mendonça; Menezes; Mesquita; Mezas; Milão; Miles; Miranda; Moeda; Mogadouro; Mogo; Molina; Monforte; Monguinho; Moniz; Monsanto; Montearroyo; Monteiro; Montes; Montezinhos; Moraes; Morales; Morão; Morato; Moreas; Moreira; Moreno; Motta; Moura; Mouzinho; Munhoz;
N
Nabo; Nagera; Navarro; Negrão; Neves; Nicolao; Nobre; Nogueira; Noronha; Novaes; Nunes;
O
Oliva; Olivares; Oliveira; Oróbio;
P
Pacham/Pachão/Paixão; Pacheco; Paes; Paiva; Palancho; Palhano; Pantoja; Pardo; Paredes; Parra; Páscoa; Passos; Paz; Pedrozo; Pegado; Peinado; Penalvo; Penha; Penso; Penteado; Peralta; Perdigão; Pereira; Peres; Pessoa; Pestana; Picanço; Pilar; Pimentel; Pina; Pineda; Pinhão; Pinheiro; Pinto; Pires; Pisco; Pissarro; Piteyra; Pizarro; Pombeiro; Ponte; Porto; Pouzado; Prado; Preto; Proença;
Q
Quadros; Quaresma; Queiroz; Quental;
R
Rabelo; Rabocha; Raphael; Ramalho; Ramires; Ramos; Rangel; Raposo; Rasquete; Rebello; Rego; Reis; Rezende; Ribeiro; Rios; Robles; Rocha; Rodriguez; Roldão; Romão; Romeiro; Rosário; Rosa; Rosas; Rozado; Ruivo; Ruiz;
S
Sá; Salvador; Samora; Sampaio; Samuda; Sanches; Sandoval; Santarém; Santiago; Santos; Saraiva; Sarilho; Saro; Sarzedas; Seixas; Sena; Semedo; Sequeira; Seralvo; Serpa; Serqueira; Serra; Serrano; Serrão; Serveira; Silva; Silveira; Simão; Simões; Soares; Siqueira; Sodenha; Sodré; Soeyro; Sueyro; Soeiro; Sola; Solis; Sondo; Soutto; Souza;
T
Tagarro; Tareu; Tavares; Taveira; Teixeira; Telles; Thomas; Toloza; Torres; Torrones; Tota; Tourinho; Tovar; Trigillos; Trigueiros; Tridade;
U
Uchoa;
V
Valladolid; Vale; Valle; Valença; Valente; Vareda; Vargas; Vasconcellos; Vasques; Vaz; Veiga; Veyga; Velasco; Vélez; Vellez; Velho; Veloso; Vergueiro; Viana; Vicente; Viegas; Vieyra; Viera; Vigo; Vilhalva; Vilhegas; Vilhena; Villa; Villalao; Villa-Lobos; Villanova; Villar; Villa Real; Villella; Vilela; Vizeu;
X
Xavier; Ximinez;
Z
Zuriaga.
Pode-se dizer que, quase todos os apelidos portugueses são partilhados pelos judeus. Por uma razão muito simples: Ao longo dos séculos muitos portugueses converteram-se ao judaismo para não pagar as dizimas e premicias à igreja. Podemos no entanto excluir da origem propriamente judia quase todos os nomes que se terminam em “S” “ES” que têm por origem a filiação e a possessão de terras.
Nos nomes inequivocamente judeus e muito fraquentes na comunidade judia do mundo inteiro encontramos: Weil “velho”, Pinto, Wall “Vale”, Cohen “Coelho”, Fonseca, Duarte, Cunha, Silva, Cruz e os patronimos que evocam cidades: Braga, Chaves, Coimbra, Abrantes etc.
Os nomes de Martins, Gonçalves, Pereira, Ferreira e muitos outros são raros na comunidade judia.
Está faltando ABRAMOVICH. Melhor perguntar a Comunidade da cidade do Porto que eles concerteza têm mais nomes para a crescentar a essa lista.
Gostava de ter mais informações.