Ao longo dos séculos, foram vários os reis e rainhas que protagonizaram episódios mais escandalosos ou simplesmente mais caricatos, que hoje nos fazem sorrir. Estes acontecimentos mostram, simplesmente, a enorme diferença de mentalidades que existia na época em que Portugal era uma monarquia.
Como é óbvio, esses exemplos não são difundidos nos livros de história e no que nos é ensinado nas escolas (a não ser que sejam relevantes para o contexto de algum evento), até porque o que se pretende com o ensino da história na escola é uma visão geral sobre os eventos mais relevantes em cada reinado.
Deixamos-lhe 3 exemplos que mostram que a vida dos reis e rainhas de Portugal nem sempre foi tão simples e monótona como pensamos. São episódios insólitos, caricatos ou simplesmente pouco habituais para a época em que ocorreram.
1. D. Sebastião
Este rei português terá contraído gonorreia aos 10 ou 11 anos, quando a corte se encontrava em Almeirim. Esta doença provocou-lhe uma “disfuncionalidade”, que muitos dizem ser impotência sexual. Para muitos, essa era a razão pela qual D. Sebastião evitava o casamento e o sexo feminino.
No entanto, para outras pessoas, essa falta de interesse pelo sexo feminino poderá dever-se não à impotência, mas sim ao facto de o rei ter sido homossexual. Existe até a referência de que ele foi encontrado um dia agarrado a um escravo negro, tendo o rei dito que achava que estava a segurar um javali, porque estava escuro e não conseguia ver bem. Mas, sendo o rei um caçador nato, a história, a ser verdade, parece-nos algo suspeita.
2. D. Pedro I
O mesmo D. Pedro que ficou na nossa história pelo seu amor por D. Inês de Castro, afinal, morria também de amores pelo seu escudeiro, de seu nome Afonso Madeira. Infelizmente, esta história não correu bem para o escudeiro, que se envolveu com uma mulher casada. Por causa disso, D. Pedro I mandou-o castrar como castigo.
Apesar de, oficialmente, a castração ser apresentada como castigo por ele se ter envolvido com uma mulher casada, os boatos da época diziam que o rei o fez por ter tido um ataque de ciúmes, porque o seu amante e fiel escudeiro se envolveu com uma mulher.
3. D. Afonso VI
Era conhecido por ser um desordeiro que, apesar da paralisia parcial do lado direito do corpo, do excesso de peso e da bulimia, gostava de sair à noite com o seu grupo de amigos de reputação duvidosa.
Acabavam muitas vezes na esquadra, embora nunca tenham sofrido represálias. Um desses companheiros era um comerciante genovês de cintos, meias e adornos femininos, António Conti.
Conti passou a frequentar o Paço e tinha acesso direto ao quarto real, para o qual levava prostitutas e rapazes, assim como bebidas. Apesar disso, conseguiu uma comenda, um título de fidalguia e o hábito da Ordem de Cristo. Farta das loucuras do filho e do amigo, D. Luísa de Gusmão deportou Conti para o Brasil.
A partir de então o rei D. Afonso VI passou a levar um estilo de vida mais discreto, mas, ao que parece, nunca deixou de receber rapazes nos seus aposentos.
4. D. João V
Tem os cognomes de “O Magnânimo” e de “O Rei-Sol Português”, mas a verdade é que também ficou conhecido pelo título de O Freirático, pelo seu excessivo amor às freiras.
Tudo se passaria no convento de São Dinis, em Odivelas, que ganhou má fama no seu reinado por causa dos escândalos protagonizados pelas freiras e os fidalgos seus amantes, e até mesmo com o próprio rei.
D. João V era frequentador assíduo deste convento, entretendo amores com diferentes freiras e tendo filhos com elas. A mais célebre foi a Madre Paula, a quem mandou construir uns riquíssimos aposentos e de quem teve um filho, D. José, um dos “meninos de Palhavã” (para quem o rei mandou construir um palacete em Lisboa, onde hoje se encontra a Embaixada de Espanha).