Dizem os relatos que, quando os portugueses chegaram à Madeira, em 1419, a ilha estava coberta por um denso e extenso arvoredo, o que levou a que os navegadores chamassem Madeira à ilha que tinham descoberto. Portanto, nessa altura, a floresta Laurissilva já preenchia a extensão da ilha, tendo permanecido aí até aos nossos dias, resistindo a quase 600 anos de humanização.
A Laurissilva é um tipo de floresta húmida subtropical, que se pensa existir já há 20 milhões de anos. É endémica da Macaronésia e, em tempos, ocupava a bacia do atual Mediterrâneo, do sul da Europa e o norte de África.
As alterações climáticas, determinadas pela formação do Mediterrâneo, levaram a que esta floresta tivesse como último reduto as regiões insulares, sobrevivendo graças a uma flutuação climática proporcionada pelo efeito amenizador do oceano Atlântico.
Nos nossos dias, podemos encontrar a floresta Laurissilva nos arquipélagos da Madeira e dos Açores, no arquipélago espanhol das Canárias, no arquipélago-estado de Cabo Verde e em alguns pequenos enclaves na Costa da Mauritânia. No caso da Madeira, este tipo de floresta ocupa cerca de 20% do total da ilha, sendo hoje em dia a mais extensa e bem conservada Laurissilva das ilhas atlânticas.
Por essa razão, a floresta Laurissilva da Madeira é Património da Humanidade da UNESCO desde 1999. A floresta Laurissilva faz parte do Parque Natural da Madeira, o que lhe dá um estatuto de proteção mais forte. Em 1992, o local foi incorporado na Rede de Reservas Biogenéticas do Conselho da Europa, sendo hoje uma Zona de Proteção Especial.
A floresta Laurissilva é conhecida pelo seu aspeto uniforme, que se encontra sempre verde ao longo do ano, até porque a maioria das árvores e arbustos que a compõem são perenes. As plantas mais comuns são as lauráceas, como o loureiro, o vinhático, o til e o barbusano.
Como a humidade é facilmente retida e condensada na Laurissilva, a água é bastante abundante na floresta. Os seus caudais são usados para irrigação dos campos agrícolas e para o abastecimento de água em centros urbanos.
Se quer descobrir de uma forma mais próxima a floresta Laurissilva, não deixe de caminhar pelas veredas e levadas que a cruzam, e que lhe vão permitir um contato mais direto com espécies endémicas de flora e fauna da Madeira.
No Parque Natural da Madeira, poderá encontrar diversas atividades de educação e sensibilização ambiental, criadas por técnicos ou vigilantes da natureza, e que vão permitir conhecer a floresta, a sua composição biológica, as espécies endémicas, a sua conservação, as suas ameaças e o seu uso.
Nas zonas interiores da floresta, poderá observar regularmente cerca de 7 espécies de aves. Neste ecossistema, as duas únicas espécies endémicas são o pombo-trocaz e o bis-bis. Poderá ver também o tentilhão da Madeira, pássaro de pequeno porte que é bastante abundante na Laurissilva.
Para além das aves, poderá ver mais de 500 espécies endémicas de invertebrados, por entre moluscos terrestres, aracnídeos e insetos. Se procura conhecer a floresta Laurissilva de uma forma mais radical e com adrenalina, não deixe de experimentar atividades como o canyoning, escalada, o rappel ou downhill.
Como pode ver, existem muitas formas de descobrir o grande tesouro que é a floresta Laurissilva da Madeira. Portanto, comece a planear a sua visita, porque vai ser um daqueles locais que lhe vai ficar na memória por muito tempo, tal é a sua beleza.
Uma das melhores maneiras de descobri-la é através das levadas da Madeira. Algumas das melhores levadas para descobrir a floresta Laurissilva incluem a Levada do Rei, a Vereda do Fanal e a Levada dos Cedros. Outra levada muito popular é a Levada das 25 Fontes, que começa no Rabaçal e desce até uma cascata e uma lagoa, rodeada pela Floresta Laurissilva.
As levadas são um conjunto de percursos que convidam a momentos únicos de comunhão com a natureza. Estendem-se por mais de 3 mil quilómetros e serpenteiam veredas íngremes, cumes montanhosos, túneis naturais que atravessam a rocha, lagoas cristalinas e vegetação exuberante, sempre ao som da água corrente.