Os cromeleques são conjuntos de pedras erguidas em forma de círculo ou elipse, que foram construídos pelos povos pré-históricos que habitavam o território português há milhares de anos. Estes monumentos são considerados os mais antigos de Portugal, pois remontam ao período Neolítico, entre o fim do VI milénio a.C. e o início do III milénio a.C.
Os cromeleques são testemunhos da cultura e da religião desses povos, que tinham uma forte ligação com a natureza e com os astros. Serviam como locais de culto, de observação astronómica, de celebração de rituais e de encontro tribal. Alguns deles apresentam decorações gravadas nas pedras, que podem representar símbolos solares, lunares ou de poder.
Portugal possui vários exemplos de cromeleques, sendo o mais famoso e importante o Cromeleque dos Almendres, em Évora, que é também o maior e mais relevante do seu tipo na Península Ibérica e um dos mais impressionantes da Europa. Outros cromeleques notáveis são o Cromeleque da Portela de Mogos, o Cromeleque do Xerez e o Cromeleque de Vale Maria do Meio.
O que são os cromeleques?
Um cromeleque é um conjunto de menires, que são monólitos de pedra cravados na terra em posição vertical. Os menires podem ter várias formas e tamanhos, e podem estar alinhados ou dispostos em círculos ou elipses.
Os cromeleques podem ter desde alguns até centenas de menires, formando um recinto aberto ou fechado.
A palavra cromeleque vem do inglês cromlech, que por sua vez deriva do galês antigo crwm, “torto” (Crom em feminino), e lech, “laje”. Portanto o significado literal seria “laje (colocada em) curva”.
Os cromeleques são monumentos da pré-história, estando associados ao culto dos astros e da natureza. Acredita-se que os povos que os construíram tinham conhecimentos sobre os ciclos solares e lunares, e que usavam os cromeleques como calendários ou relógios astronómicos.
Também eram usados como locais sagrados, onde se realizavam cerimónias religiosas, oferendas aos deuses ou aos antepassados, ou rituais de fertilidade. Além disso, eram pontos de encontro das comunidades tribais, onde se tomavam decisões coletivas ou se celebravam festas.
Onde se encontram os cromeleques?
Os cromeleques são encontrados em várias partes do mundo, mas sobretudo na Europa Ocidental. Em Portugal, existem cerca de 50 cromeleques identificados, sendo a maioria localizada no Alentejo e no Algarve. Estas regiões foram as mais propícias para a construção destes monumentos, pois possuem uma geologia rica em rochas graníticas ou xistosas, que podiam ser facilmente extraídas e transportadas.
Os cromeleques portugueses estão geralmente implantados em zonas planas ou em pequenos cabeços, com uma boa visibilidade sobre a paisagem circundante. A sua orientação varia conforme a sua função e a sua época de construção. Alguns estão alinhados com o nascer ou o pôr do sol nos solstícios ou nos equinócios. Outros estão orientados para a lua cheia ou para determinadas constelações.
Como foram construídos os cromeleques?
A construção destas estruturas exigiu um grande esforço coletivo por parte dos povos pré-históricos. Estima-se que cada menir pesasse entre 2 a 10 toneladas, dependendo do seu tamanho e da sua matéria-prima. Para erguer estes monumentos foram necessárias técnicas simples mas eficazes.
Primeiro era preciso escolher as pedras adequadas para formar os menires. Estas podiam ser encontradas na própria região ou ser trazidas de longe por via fluvial ou terrestre. Para extrair as pedras eram usadas ferramentas rudimentares como alavancas ou picaretas de pedra polida. Para transportar as pedras eram usados troncos rolantes ou trenós puxados por animais ou por homens.
Depois era preciso preparar o terreno onde se iria implantar o cromeleque. Era necessário limpar a vegetação e nivelar o solo. Para fixar os menires eram abertos buracos no solo ou na rocha com profundidades variáveis. Os menires eram então colocados nos buracos e calçados com lascas ou pedras menores para garantir a sua estabilidade.
Por fim era preciso decorar os menires conforme o seu propósito. Alguns menires apresentam gravuras ou relevos na sua superfície representando símbolos geométricos ou figurativos. Estas decorações podiam ser feitas com instrumentos pontiagudos como sílex ou metal. Outros menires podiam ser pintados com cores naturais obtidas a partir de minerais ou vegetais.
Qual é o significado dos cromeleques?
O significado dos cromeleques é difícil de determinar com precisão pois depende do contexto cultural e temporal em que foram feitos. No entanto pode-se inferir algumas hipóteses baseadas nas evidências arqueológicas e nas comparações com outras culturas pré-históricas.
Uma das funções mais evidentes é a astronómica. Os povos pré-históricos tinham um conhecimento empírico dos movimentos dos astros e das suas influências sobre as estações do ano e sobre as atividades humanas.
Os cromeleques serviam como instrumentos para medir o tempo e para prever eventos cósmicos como eclipses ou cometas. Alguns exemplos de cromeleques com esta função são o Cromeleque dos Almendres e o Cromeleque do Xerez.
Outra função teria sido a religiosa. Os povos pré-históricos tinham uma visão animista do mundo onde tudo tinha uma alma ou um espírito. Os cromeleques serviam como locais sagrados onde se comunicava com as forças da natureza e com os ancestrais. Eram usados para fazer oferendas aos deuses da fertilidade da terra ou do céu para garantir boas colheitas ou descendência.
Também eram usados para realizar rituais de iniciação à vida adulta ou à morte. Alguns exemplos de cromeleques com esta função são o Cromeleque da Portela de Mogos e o Cromeleque da Quinta do Monte dos Vales.
Uma terceira função era a social. Os povos pré-históricos viviam em comunidades tribais organizadas por laços familiares ou territoriais. Os cromeleques serviam como pontos de encontro destas comunidades onde se tomavam decisões coletivas sobre questões políticas ou económicas.
Também serviam como locais de celebração onde se festejavam acontecimentos importantes como casamentos ou vitórias militares. Alguns exemplos de cromeleques com esta função são o Cromeleque de Vale Maria do Meio e o Cromeleque dos Almendres.