Para alguns, é a moeda portuguesa mais valiosa. Para outros, poderão existir outras mais valiosas, em parte incerta. Mas até prova em contrário, esta é efetivamente a moeda portuguesa mais valiosa de sempre. A única certeza é que, até ao dia em que alguém encontra alguma moeda mais antiga no seu quintal, esta é a mais valiosa daquelas que são conhecidas.
Foi mandada cunhar por D. João V, rei absolutista, poderoso e notável, que reinou entre 1707 e 1750, responsável por impulsionar a indústria e as artes e que mandou cunhar uma série monetária extraordinária, atualmente considerada a mais importante do mundo.
Este rei, nascido em Lisboa em 1689, não se envolveu muito em guerras com exceção da Guerra da Sucessão espanhola, que herdou do pai, mas na qual foi rapidamente derrotado. Portanto, concentrou-se nas relações europeias e promoveu o crescimento do nosso país, tornando-o numa reconhecida terra de prosperidade.
O ouro que chegava à capital portuguesa muito contribuiu para essa visão – só em 1712, chegaram a Lisboa 14 500 kg de ouro. Apesar de grande parte dessa riqueza ir parar às mãos de estrangeiros (especialmente de ingleses, com quem tínhamos o Tratado de Aliança), isso não fez esmorecer o ímpeto do rei.
D. João V ordenou que fossem cunhadas moedas em todo o mundo, embora as raridades de que falamos neste artigo tenham sido criadas nas casas da moeda de Baía, Rio de Janeiro e Minas Gerais. As primeiras moedas deste rei cunharam-se na Baía, após se ter criado um imposto de 20% sobre todo o ouro extraído no Brasil.
Como depois de 1714 se descobriu ainda mais ouro em territórios brasileiros, criaram-se novas casas de moeda, em Minas Gerais e no Rio de Janeiro. Foi em Minas Gerais que se criaram moedas como o Dobrão, o ½ Dobrão, a Moeda, a ½ Moeda, o Quartinho, o Cruzado Novo, a Dobra, a Peça, a ½ Peça. O Escudo, o ½ Escudo e o Cruzadinho.
Mas foi também durante este período que se criou a maior moeda cunhada no nosso país e uma das maiores do mundo, a Dobra de 24 Escudos, criada devido a toda a opulência de ouro e diamantes que chegavam aos cofres do Estado naquela época. No anverso desta moeda, encontra-se o busto laureado do rei e, no reverso, as coroas do reino.
A Dobra de 24 Escudos tornou-se uma peça muito apetecível fora das fronteiras portuguesas, graças ao seu acabamento técnico e ao seu impressionante peso em ouro.
Hoje, e segundo o livro “Moedas de Ouro de Portugal”, do autor Javier Sáez Salgado, a mesma estava cotada entre os 175.000€ e os 225.000€. Apenas se conhecem 5 exemplares desta moeda fabulosa, e muitas histórias se contam sobre eles, sendo que alguns têm hoje paradeiro desconhecido.
Existem também 2 exemplares da Dobra de 32 Escudos, também raras e valiosas, com uma moeda na posse do Instituto Nacional da Casa da Moeda e outra nas mãos de um colecionador austríaco. Há também 2 exemplares da Dobra de 64 escudos, embora estas moedas tenham sido mandadas cunhar por D. Luís I, entusiasta da numismática.
Diz a lenda que D. João V mandou também cunhar 200 Dobras de 96 Escudos, dando 100 ao Vaticano e 100 aos seus súbditos mais próximos. Mas, se esta moeda existe ou não, não sabemos. O que sabemos é que, a existirem, o seu valor hoje seria astronómico.
A procura por moedas antigas valiosas está em ascensão e são cada vez mais os portugueses que se dedicam a colecioná-las ou a utilizá-las como investimento. Se é esse o seu caso (ou se está a pensar iniciar-se neste negócio), deve informar-se sobre todos os procedimentos necessários para comprar ou vender moedas.
A primeira coisa que tem que fazer é certificar-se que a moeda é original e apurar o seu valor com recursos a especialistas. Deve recolher informações de vários. Não se esqueça também que o valor de uma moeda depende muito do seu estado de conservação.
E por fim, se decidir vendê-la, recorra a intermediários de confiança ou a sites com reputação estabelecida no mercado. Bons negócios!
Boa tarde ,tenho 3 moedas destas de 1947.Qual seria o seu valor?
Obrigada