O Natal é uma época repleta de tradições que se repetem em muitas casas portuguesas, mas nem sempre paramos para pensar nas suas origens ou significados. Porque montamos o presépio, decoramos uma árvore ou penduramos meias na lareira?
Estas práticas, que hoje associamos ao espírito natalício, têm raízes históricas e simbólicas que vale a pena explorar. Conhecer a história por detrás destas tradições ajuda-nos a dar-lhes ainda mais sentido e a vivê-las com maior propósito.
1. Presépio
O presépio é uma das tradições mais antigas e emblemáticas do Natal cristão. Representa o nascimento de Jesus num estábulo, rodeado por Maria, José, os três Reis Magos, alguns animais e anjos.
A sua popularidade, na forma atual, começou no século XVI, embora haja registos de presépios desde o século III. Montado junto à árvore ou aos presentes, o presépio é uma forma de recordar o significado religioso do Natal.
2. Meias na chaminé
Esta tradição remonta a uma lenda associada a São Nicolau. Conta-se que um nobre, arruinado pela morte da esposa, deixou as suas filhas sem dote. São Nicolau, sensibilizado pela situação, lançou sacos de moedas de ouro pela chaminé da casa.
Estes caíram dentro das meias que as jovens tinham pendurado para secar junto à lareira. Assim nasceu o costume de pendurar meias na época natalícia, simbolizando a esperança e a generosidade.
3. Pai Natal
O Pai Natal que hoje conhecemos resulta de uma combinação de influências. Originalmente, os povos nórdicos celebravam o inverno recebendo um visitante simbolizando a estação do ano.
Mais tarde, esta figura confundiu-se com São Nicolau, um bispo turco conhecido pela sua bondade e proteção às crianças. No século XX, a imagem foi popularizada pela publicidade, consolidando o Pai Natal como uma figura de barbas brancas e fato vermelho.
4. Azevinho
Com folhas verdes e bagas vermelhas, o azevinho tornou-se um dos símbolos mais associados ao Natal. Este arbusto cresce lentamente e floresce durante o inverno, representando esperança e proteção.
Usado como decoração nas portas e lareiras, também simboliza o amor, embora as suas bagas sejam tóxicas. Por este motivo, o seu uso é apenas decorativo.
5. Bolo Rei
Este bolo, típico do Natal português, destaca-se pela sua forma circular e pela mistura de frutos secos e cristalizados que evocam uma coroa real.
Além de delicioso, o Bolo Rei carrega simbolismos: o buraco central representa o ouro dos Reis Magos, enquanto a fava escondida antigamente significava sorte ou obrigação de comprar o próximo bolo. Um pequeno brinde de metal, outrora comum, foi proibido por questões de segurança alimentar.
6. Postais de Natal
Os postais de Natal surgiram no século XIX, quando Sir Henry Cole, no Reino Unido, criou um cartão para simplificar o envio de mensagens festivas. A sua ideia tornou-se um sucesso, especialmente devido ao design cativante e à conveniência que proporcionava.
Em Portugal, os postais ganharam popularidade através de campanhas solidárias, como as da UNICEF, reforçando o seu valor enquanto gesto de afeto e partilha.
7. Missa do Galo
Celebrada à meia-noite de 24 para 25 de dezembro, a Missa do Galo assinala o nascimento de Jesus. Conta a tradição que um galo teria cantado para anunciar este momento.
Após a celebração religiosa, é costume as famílias regressarem a casa para colocar a imagem do Menino Jesus no presépio e trocar presentes, num momento de união e espiritualidade.
8. Consoada
Esta refeição especial da noite de Natal tem origens no latim, onde “consolata” significa consolo. Inicialmente marcada pelo jejum, a Consoada evoluiu para um jantar que tradicionalmente inclui bacalhau com couves, seguido de doces típicos.
Segundo a tradição, a mesa deve permanecer posta durante a noite, num gesto simbólico de respeito pelos familiares falecidos.
9. Árvore de Natal
A tradição de decorar árvores de Natal começou na Alemanha, no século XVI, com pinheiros adornados com frutos e doces. Rapidamente ganhou popularidade e espalhou-se pela Europa e pelos Estados Unidos.
A escolha do pinheiro, pela sua forma triangular, está ligada à Santíssima Trindade, reforçando o simbolismo religioso desta tradição.
10. Troca de Presentes
Trocar presentes no Natal é uma prática que tem raízes nos rituais pagãos. Os povos antigos trocavam bens no solstício de inverno para celebrar a chegada de dias mais longos.
Com o tempo, os cristãos adaptaram esta tradição, associando-a às oferendas dos Reis Magos ao Menino Jesus. Hoje, esta prática é uma forma de expressar carinho, sobretudo entre crianças, que vivem com entusiasmo o momento de abrir os embrulhos.