Muito para além da neve, na Serra da Estrela encontra paisagens deslumbrantes, gastronomia típica deliciosa e belíssimas aldeias de montanha, que encerram em si séculos de história, tradição e cultura, e que são um excelente ponto de partida para explorar a natureza e o património envolvente da Serra, numa região onde abundam as opções de alojamento.
São aldeias típicas, repletas de gente genuína e acolhedora e onde ainda se conservam, orgulhosamente, tradições e hábitos seculares. Muitas destas aldeias destacam-se pelo seu património e outras pela natureza deslumbrante que as rodeia. E como não poderia deixar de ser nesta região, todas se destacam pela excelente gastronomia e pela hospitalidade.
São ideais para uma escapadinha de fim de semana (ou mais, se quiser conhecer os arredores). Podem ser visitadas em família ou em grupos de amigos. Descubra algumas das mais típicas e bonitas Aldeias de Montanha da Serra da Estrela e arredores.
1. Sabugueiro (Seia)
Encontra-se a cerca de 1100 metros de altitude e é famosa pela inscrição numa das suas entradas, que indica que esta é a aldeia mais alta de Portugal. A sua rua principal está situada em plena EN339, que une Seia à Torre, e encontra-se cheia de restaurantes e de lojas de produtos tradicionais da região.
A aldeia de Sabugueiro terá surgido de um aglomerado de cabanas de pastores, que procuravam novos pastos para os seus rebanhos e que aqui encontraram as condições ideais, já que a região é fértil em recursos naturais.
A um nível cultural, podemos destacar o Museu Etnográfico, o forno comunitário, a Igreja Matriz e a Fonte do Ferreiro. Como é um ponto de passagem obrigatório para quem se desloca para a Torre, dispõe de várias unidades de turismo rural, tendo algumas resultado da reconversão das casas de granito típicas da zona.
2. Cabeça (Seia)
É uma aldeia que tem cerca de 170 habitantes no seu dia-a-dia, mas que no período natalício atrai muitas pessoas, já que desde 2013 se organiza aqui a iniciativa “Aldeia Natal”. As ruas são enfeitadas com recurso a excedentes agrícolas e florestais, bem como a lã das ovelhas bordaleiras da Serra da Estrela. Esta festa tem a particularidade de não contar com a presença do Pai Natal e é também conhecida pela iluminação LED que se foca nas casas típicas em xisto e nas ruelas.
Mas não é só no Natal que Cabeça merece uma visita, já que é bastante fotogénica durante todo o ano, uma vez que se encontra num morro que encabeça os diferentes socalcos e fica sobranceira à Ribeira de Loriga. A aldeia tem também duas igrejas e duas capelas.
3. Alvoco da Serra (Seia)
Encontra-se a 700 metros de altitude, e é a aldeia que está topograficamente mais próxima da Torre. A povoação, que integra a rede de Aldeias de Montanha do município de Seia, encontra-se envolta num rico enquadramento natural e paisagístico, com diversos passeios pedestres nas suas proximidades. Alvoco da Serra tem origens muito antigas, preservando ainda vestígios da presença romana, como uma calçada em que foram encontradas moedas daquela época.
Também não pode deixar de visitar a Capela Medieval de São Pedro, a Casa do Barão e a Casa-Museu. Procure igualmente passear por entre as ruas estreitas e deslumbrar-se com as casas de granito. Por último, não pode deixar de provar os pratos típicos de cordeiro e cabrito que encontra por aqui.
4. Penhas Douradas (Manteigas)
É um dos pontos mais visitados da Serra da Estrela e conta nas suas imediações com unidades hoteleiras de referência. Está situada a aproximadamente 1300 metros de altitude e tem vista sobre o Vale Glaciar do Zêzere, um dos maiores da Europa, que tem 13 km de extensão.
A paisagem das Penhas Douradas é dominada por blocos de granito e esta é uma das regiões mais frias de Portugal, dispondo de um Observatório Meteorológico, com papel fundamental no estudo e prevenção da previsão do clima de montanha. Bem perto das Penhas Douradas, encontra a praia fluvial do Vale do Rossim, o Poço do Inferno e o Covão d’Ametade.
5. Penhas da Saúde (Covilhã)
Encontra-se a 1500 metros de altitude, numa localização privilegiada entre a Torre e a Covilhã, contando com uma panorâmica invejável sobre o planalto e a montanha. Aqui encontra diversas opções de alojamento, que costumam ficar esgotadas nos meses mais frios, em que a neve é visita assídua.
Se quiser subir em direção à Torre, aconselhamos a que faça pelo menos duas paragens, uma na Barragem do Lago Viriato e outra na marcante Senhora da Boa Estrela, um monumento esculpido na rocha, com 7 metros de altura, e que representa a padroeira dos pastores. As Penhas da Saúde fazem parte da freguesia de Cortes do Meio, conhecida como a “capital das piscinas naturais em Portugal”.
6. Folgosinho (Gouveia)
É uma freguesia muito conhecida no concelho de Gouveia, muito graças à riqueza gastronómica de um restaurante familiar, “O Albertino”, que leva o nome da aldeia aquém e além-fronteiras. Neste restaurante, pode degustar iguarias como a chanfana, o cabrito assado no forno, o arroz de cabidela, o arroz doce ou o requeijão com doce de abóbora. Folgosinho é a mais altaneira aldeia deste município serrano, e chegou a ser sede de concelho entre 1187 e 1836.
Tem no seu castelo um dos seus ex-libris, mas merecem também destaque a Igreja Matriz, as capelas de São Faustino e de São Tiago, e uma fonte no centro da aldeia, com duas inscrições curiosas: “Água má faz danos, água boa dá anos” e “água e mulher só boa se quer”.
Não podemos também deixar de realçar a Senhora do Assedasse, local isolado em plena Serra da Estrela, a cerca de 935 metros. Não deixe de percorrer a Rota dos Galhardos, um percurso pedonal que atravessa por espaços ambientais, culturais e geológicos de grande valor.
7. Melo (Gouveia)
É conhecida por ser a “aldeia eterna” de Vergílio Ferreira, um consagrado escritor português do século XX, que aqui nasceu e aqui se encontra sepultado. Alguns dos pontos de interesse são o Roteiro Vergiliano, a praça que tem o nome, estátua e percurso literário do escritor lavrado no chão, e a Vila Josephine, bem como o peculiar Museu Etnográfico.
Sobressaem também a Capela da Senhora da Conceição, a Misericórdia, a Casa da Câmara, o Convento da Senhora do Couto e o Pelourinho, que se encontra classificado como Monumento Nacional. Encontra também aqui o Paço, imóvel classificado em avançado estado de degradação, mas que ainda conserva parte da sua imponência anterior. Esta aldeia tem fundação muito antiga, e chegou a ter em tempos um importante protagonismo social e político na região.
8. Valhelhas (Guarda)
É uma aldeia muito procurada nos meses mais quentes por quem procura um local refrescante fora do rebuliço das praias do litoral, uma vez que é aqui que o Zêzere ganha corpo e se prepara para abraçar a Cova da Beira, e é aqui que se encontra uma das mais antigas e galardoadas praias fluviais da zona centro de Portugal.
Mas não é só no verão que é interessante visitar esta aldeia, já que a sua beleza natural e a paisagem de floresta que a rodeia, nas Serras da Cabeça Alta, do Mor e da Rachada criam um incrível aconchego verde. Aquela que é a entrada nascente do Parque Natural da Serra da Estrela sobressai também no plano gastronómico, com dois restaurantes na terra a merecerem excelentes críticas dos entendidos e do público.
Esta histórica aldeia foi sede de concelho entre 1187 e 1855, e tem como pontos de interesse o Pelourinho, do século XVI, a Ponte Filipina e as ruínas do antigo castelo, entre outros locais.
9. Alcongosta (Fundão)
Situa-se em plena Serra da Gardunha e assume-se como uma espécie de “capital nacional da cereja” durante um fim de semana de junho, altura em que costuma ter uma festa dedicada a esse fruto. De facto, a aldeia é conhecida por ter muita e boa cereja, havendo muita gente a garantir que é inclusivamente a melhor de Portugal.
As cerejeiras em flor proporcionam outro cenário deslumbrante, na primavera, em que um manto branco invade esta típica aldeia serrana. Se quiser saber mais sobre este fruto, aconselhamos uma visita à Casa da Cereja.
“Tem” também de subir à Casa do Guarda, a cerca de 900 metros de altitude, que dispõe de um miradouro que lhe vai permitir desfrutar da paisagem soberba sobre a Gardunha e a Cova da Beira. Procure conhecer também a Igreja Matriz e aproveitar a sua visita para saborear os doces, compotas e licores tradicionais.
10. Rapa (Celorico da Beira)
Integra o concelho que é conhecido como a “capital do queijo Serra da Estrela” e por isso não é de estranhar que nesta aldeia existam diversos produtores e queijarias licenciadas. Um dos seus ex-libris são os baloiços da Serra da Lomba, que estão localizados a quase 1000 metros de altitude, e que tiram partido das potencialidades do lugar em que foram instalados desde 2020.
Muitos têm sido aqueles que acorrem aos dois baloiços panorâmicos, com uma paisagem portentosa, um sobre Celorico e outro sobre a Guarda e o Vale do Mondego. Ao mesmo tempo, criou-se também um miradouro, de onde se pode observar a envolvente magnífica.
Procure conhecer o espaço museológico do Moinho de Água da Rapa e integrar-se nas tradições, história e natureza da aldeia, bem patentes através das suas gentes e costumes, com atividades como as lagaradas e a tradição do teatro.