As aldeias de Portugal são autênticas guardiãs da história, dos costumes e das tradições dos nossos antepassados. É nelas que ainda se mantém viva a vontade de preservar aquilo que Portugal tem de mais valioso e de mais genuíno: as suas gentes e os seus hábitos. E embora estejam cada vez mais ao abandono… vão resistindo como podem.
Por isso mesmo, visitar as aldeias portuguesas é também uma forma de contribuir para preservá-las e, com elas, preservar também a nossa memória, o nosso passado e as nossas tradições. E, honestamente, há cada vez mais motivos para visitar estas aldeias: nos últimos anos, muitas têm sido recuperadas e estão mais bonitas do que nunca.
Parta à descoberta do seu próprio país e das suas origens. De norte a sul do país, existem pequenos recantos, quase desconhecidos, que se revelam grandes surpresas assim que entramos nas suas ruas. Descubra 12 aldeias quase secretas para visitar em Portugal.
1. Alvoco da Serra
A pequena e singela aldeia de Alvoco da Serra é um dos segredos mais bem guardados da Serra da Estrela. Localiza-se no fértil vale da Ribeira de Alvoco, no concelho de Seia, a 680 metros de altitude. As encostas que rodeiam a aldeia estão repletas de socalcos construídos para domar a paisagem às necessidades humanas.
A melhor forma de conhecer Alvoco da Serra é passeando pelos seus becos e ruelas. A alcunha de “aldeia granito” é fácil de perceber: esta rocha domina toda a paisagem, desde a montanha, às casas, às ruas e às fontes de água. A Casa do Barão e a capela medieval de São Pedro são os 2 grandes destaques do património da aldeia.
2. Brotas
Localizada no concelho de Mora, Brotas é uma das mais bonitas e desconhecidas aldeias do Alentejo. No entanto, o facto de ser cruzada pela Estrada Nacional 2 (ao quilómetro 488), começou a trazer alguns turistas a esta aldeia pela primeira vez, graças à ascensão da N2 como rota turística.
A aldeia parece pacata e adormecida, mas talvez seja isso mesmo o que lhe dá mais encanto. Um caminho pelas suas ruas, com calma e atenção, permite descobrir todos os pequenos detalhes deste local tipicamente alentejano. O Santuário da Nossa Senhora das Brotas é o seu principal ponto turístico mas não deixe também de apreciar as suas fontes, os seus largos e as casas caiadas de azul e branco.
3. São Xisto
Como o próprio nome indica, aqui domina o xisto, em contraste com a margem oposto do rio Douro que daqui é possível avistar. Localizada em São João da Pesqueira, em pleno Douro vinhateiro, a aldeia de São Xisto é dominada por uma paisagem de cortar a respiração.
Aprecie os socalcos das vinhas, os típicos muros de pedra e as suas casas tradicionais. Mas não fique por aqui! Uma capela, uma fonte centenária e o Mirante Anjo Arrependido são outras das atrações de São Xisto. Perca também algum tempo a visitar os tradicionais lagares de vinho e de azeite.
4. Branda da Aveleira
A Branda da Aveleira, localizada às portas do Parque Nacional da Peneda Gerês, é um daqueles casos que mostra que a resiliência das pessoas não tem limites. Utilizada durante séculos como residência temporária, este pequeno aglomerado de casas esteve quase a desaparecer no século passado. Mas renasceu das cinzas e agora espera pela sua visita.
Hoje, a Branda da Aveleira possui um conjunto de casas destinadas ao turismo rural. Foram cuidadosamente recuperadas, mantendo a traça original. Tudo foi reconstruído de modo a manter viva a essência da aldeia e proporcionando o conforto que se exige nos dias de hoje.
5. Candal
Numa colina voltada a Sul, na Serra da Lousã, encontra a aldeia de xisto do Candal, considerada como uma das aldeias serranas mais desenvolvidas e das mais visitadas, podendo por aqui encontrar visitantes de todo o país. Trata-se de um local onde se pode fazer uma autêntica viagem no tempo numa das mais bonitas aldeias de Portugal.
A pequena aldeia, refrescada pela Ribeira do Candal, mostra aos visitantes a tradição das casas em xisto, da fonte, do lavadouro público e a capela, testemunhos da realidade serrana e rural. A melhor forma de a conhecer é passear pelos seus becos e ruelas. Esteja atento a cada detalhe, a cada pormenor e vá conversando com quem aqui vive.
6. Ouguela
Localizada em Campo Maior, Ouguela é uma típica e belíssima aldeia alentejana, talvez uma das mais secretas da região. No alto de um monte com 270 metros de altitude, o castelo de Ouguela olha altivo para a paisagem ao seu redor e faz-nos lembrar a sua principal função no passado: a defesa da raia.
A aldeia foi perdendo importância (e população) à medida que deixou de ser crucial para a defesa do país. Hoje é apenas uma relíquia do passado, relativamente bem conservada e com todos os traços típicos do Alentejo. As casas dividem-se entre o interior e o exterior das muralhas e um passeio pelas suas ruas é a melhor forma de conhecer esta pacata e bela aldeia alentejana.
7. Veiros
Esta é uma das mais secretas e bonitas aldeias do Alentejo. Localizada no concelho de Estremoz, na vasta planície alentejana, a pequena Veiros cativa pelo seu casario branco e pelo seu castelo altaneiro. Tudo nesta localidade nos faz recordar o Alentejo. E tudo nela nos diz que, em tempos, já teve uma função crucial na defesa do território nacional.
Veiros foi doada à Ordem de Avis, altura em que o seu castelo foi construído. Com o apaziguamento das relações com Espanha e a expulsão dos mouros, a aldeia foi perdendo importância e população. Para além do castelo, merecem destaque as suas igrejas e o seu pelourinho. Mas a melhor forma de descobrir Veiros é mesmo caminhar pelas suas ruas e conversar com os seus habitantes.
8. Lapa dos Dinheiros
Memorize este nome: Lapa dos Dinheiros. Esta pequena aldeia, com um nome bastante curioso e fácil de fixar, é um dos segredos mais bem guardados da Serra da Estrela. Fica a mais de 700 metros de altitude, em plena serra, no concelho de Seia, e integra a rede de Aldeias de Montanha.
As suas quedas de água são um deleite para os sentidos mas, um olhar mais atento, permite descobrir outros pequenos segredos nos arredores: a rocha dos Cornos do Diabo e o chamado Buraco do Sumo, um local onde a água da ribeira corre debaixo da terra.
9. Alcaide
A melhor forma de explorar Alcaide é caminhando pelos seus becos e ruelas. É fácil encontrar os seus principais pontos de interesse: as igrejas, a capela, a torre sineira, a Casa da Câmara e a casa onde viveu João Franco, o filho mais famoso da terra, antigo ministro do rei D. Carlos I.
Um passeio atento permite ainda descobrir uma aldeia tipicamente beirã, com os seus balcões, as tradicionais varandas, os cunhais e as cimalhas, todos eles detalhes tradicionalmente rurais. As fontes de água são também uma presença constante e atestam bem a importância e a abundância deste elemento em Alcaide.
10. Lamas de Olo
Situada a mil metros de altitude, no concelho de Vila Real, a aldeia de Lamas de Olo é um tesouro escondido em Trás-os-Montes. A quem a visita, esta aldeia deixa a sensação de ter viajado no tempo e certamente vontade de regressar. Aqui ainda é possível encontrar algumas das mais genuínas tradições e paisagens transmontanas.
Esta pequena aldeia conta com menos de 200 habitantes e preserva o mesmo aspeto simples e tradicional da sua origem. As típicas casas de granito e telhados de colmo, a tranquilidade da Natureza em redor e a presença ainda marcada da agricultura e pecuária tornam Lamas de Olo uma verdadeira relíquia que prova ser possível resistir à passagem do tempo.
11. Alte
Longe do turismo de massas, das praias repletas de gente e dos turistas que apenas buscam sol e mar, existe um Algarve que consegue ainda manter vivas as suas aldeias mais típicas. Alte, em Loulé, é um desses bons exemplos. Alte não perde a identidade e fruto de cuidadoso investimento da autarquia para que fosse alvo de processos de manutenção e preservação, mantém intactos os seus traços.
O vale abaixo da Ribeira de Alte é intimamente relacionado com duas fontes, a Fonte Pequena e a Fonte Grande. A aldeia de Alte, a Fonte Grande e a zona envolvente são locais pitorescos, que atraem muitos visitantes. E vale bem a pena em função da gastronomia da zona, mas igualmente pelo artesanato tradicional, donde se pode destacar os brinquedos de madeira, a olaria e os trabalhos de esparto.
12. Querença
A história da aldeia de Pedralva, no Algarve, é uma história especial. É um dos melhores exemplos, a nível nacional, de como o amor pela terra e pelas tradições podem recuperar aldeias que se julgavam perdidas e abandonadas para sempre. Pedralva renasceu das cinzas e hoje tem vida novamente, contra todas as expectativas.
Localizada em Vila do Bispo, chegou a ter mais de 100 habitantes. Aos poucos, todos foram partindo e resistiram apenas 9, que viviam em casas degradadas ou com poucas condições. Mas Pedralva renasceu! Após um longo processo, todas as casas da aldeia foram compradas e recuperadas para turismo rural.