O fenómeno vulcânico do Algar do Carvão encontra-se no coração da Ilha Terceira, no interior da Caldeira Guilherme Moniz. Está situado no interior de um vulcão adormecido, com um cone vulcânico de cerca de 90 metros de altura e com uma lagoa de águas cristalinas, a cerca de 100 metros de profundidade.
Tudo teve origem na grande erupção do Pico Alto, que lançou lava a grande distância. Depois, outra erupção iniciou o processo da formação do Pico do Carvão. Posteriormente, ter-se-á formado a bonita lagoa e as duas abóbadas sobre ela. Só mais tarde se formou o Algar do Carvão, cujo acesso está hoje muito mais facilitado, devido à construção de escadarias no interior, o que permite que os visitantes descubram este fenómeno geológico.
Mas para se chegar a este ponto, em que podemos visitar o algar em segurança, foi preciso muito trabalho. O primeiro relato de uma descida ao Algar do Carvão que conhecemos foi a 26 de janeiro de 1893, realizada por Cândido Corvelo e José Luís Sequeira. Uma segunda descida, em 1934, levou à elaboração do primeiro perfil do Algar, por Didier Couto.
Foi apenas a 18 de agosto de 1963 que se iniciaram as descidas organizadas ao interior do algar, por um grupo de entusiastas que mais tarde se denominou “Os Montanheiros”. Este grupo recorria a sistemas de iluminação portáteis mais eficientes, o que lhes permitiu explorar o local até ao mais remoto buraco, recolhendo também elementos caídos no chão que ajudavam ao estudo dos materiais de que era feita a gruta.
Após as primeiras descidas, sentiram o desejo de partilhar a beleza e raridade deste local com as outras pessoas. No entanto, o sistema de descida não tornava essa intenção viável, porque fazer descer e subir 6 a 8 pessoas levava praticamente um dia. Mas uma solução mais funcional encontrava-se à vista. Fizeram-se levantamentos topográficos para a abertura de um túnel, que permitia um mais fácil acesso aos visitantes.
As obras iniciaram-se a 28 de maio de 1965 e duraram até 28 de novembro de 1966. O túnel foi feito pelos Montanheiros, aos fins de semana e feriados, e tinha 44 metros. Foi mais tarde alargado e consolidado em betão.
Fizeram-se também umas escadarias no interior, que permitiam aceder à parte inferior do algar. Inicialmente em madeira, foram destruídas por diversos atos de vandalismo. Foi em 1977 que se construiu a atual escadaria de betão, com 300 metros, e que foi repavimentada e alargada em 2003.
É claro que todo o esforço da associação Os Montanheiros não passou despercebido aos proprietários dos terrenos em volta, com quem os membros da associação tinham boas relações e que tinham autorizado verbalmente as diversas obras que tinham sido feitas no local.
E, a 30 de novembro de 1973, uma porção desse terreno, que abrigava o algar, foi doada aos Montanheiros por José Ataíde da Câmara e pela sua esposa. Foi também doada uma faixa de terreno, onde tinha sido rasgado o acesso ao algar, que é hoje um caminho de domínio público.
A inauguração do espaço ao público fez-se a 1 de dezembro de 1968. O local era então procurado pela população da ilha e por alguns turistas que por ali passavam, sendo todos guiados por elementos d’Os Montanheiros e iluminados por focos de mão, de testa e candeeiros a gás.
Em 1987, terminou-se a montagem de um primeiro sistema de iluminação fixa no interior, alimentado por um gerador. Com o tempo, construiu-se também uma casa para receção dos visitantes e uma para albergar os geradores e arrumos.
Hoje, o algar do Carvão é a cavidade vulcânica mais conhecida dos Açores, tendo sido a primeira a ter condições para receção dos visitantes (graças ao túnel de acesso artificial, à eletrificação permanente, ao horário e ao calendário anual de visitas ao público). Atualmente, o local encontra-se aberto para visitas durante o verão, registando uma procura na ordem dos vários milhares de visitantes.