Encontra-se na encosta sul da Serra da Gardunha, a cerca de 500 metros de altitude, e pertence ao concelho do Fundão. Alpedrinha tem hoje pouco mais de mil habitantes, mas chegou a ter mais de 7 mil, nos seus tempos áureos. É conhecida pela “Sintra das Beiras” e é um daqueles locais imperdíveis no Centro de Portugal.
Quem visita Alpedrinha hoje, pode ter uma pequena ideia da sua importância no passado, já que esta foi sede de concelho até ao século XIX, o que ajuda a explicar a grande quantidade de solares e casas senhoriais que por aqui abundam, testemunho em pedra das famílias poderosas que por aqui passaram.
Não é de admirar, assim, que aqui se tenha construído o primeiro teatro das beiras, que tinha 200 lugares sentados e 20 camarotes. Este edifício ainda existe, e é hoje o local onde ensaia a companhia de teatro de Alpedrinha.
Foram muitas as pessoas importantes para a nossa história que aqui nasceram ou que fizeram da vila o seu lar. Uma delas foi o cardeal D. Jorge da Costa, que foi crucial na assinatura do Tratado de Tordesilhas e fundador da Santa Casa de Misericórdia de Lisboa.
Chegou até a ser eleito Papa, mas acabou por recusar o título, mantendo ao mesmo tempo a sua influência junto do Vaticano, algo essencial para as ambições da coroa portuguesa.
Em Alpedrinha, os solares abundam, destacando-se a Casa da Comenda, a Casa das Senhoras Mendes ou Solar dos Pancas, a Casa do Pátio ou Solar dos Britos, a Casa do barreiro, as Casas do Cardeal e a Casa da Câmara (os antigos Paços do Concelho).
Mas o grande destaque é o Palácio do Picadeiro, cuja construção começou no século XVIII a mando de um importante magistrado. A obra nunca chegou a ser terminada e passou por várias mãos, sendo hoje um museu onde, entre outras coisas, se pode ver os famosos móveis embutidos de Alpedrinha.
Aliás, a arte da marcenaria é um dos grandes destaques da vila, e os seus artesãos eram famosos pela sua qualidade e produziam móveis embutidos muito procurados pela realeza. O entalhador de D. Carlos I era natural de Alpedrinha, e foi ele que deu fama a esta arte que hoje está a desaparecer.
Alpedrinha é igualmente conhecida pelas suas fontes de água, espalhadas pela vila. A mais famosa é o Chafariz Real, mandado construir por D. João V. Tem 3 bicas e, segundo diz a lenda, a da direita é para mulheres casadas, a do meio é para as solteiras, e a terceira é para as bruxas.
Durante a terceira semana do mês de setembro, ocorre um evento que atrai muitos visitantes à vila. Nesta festa, assinala-se a transumância, com a passagem dos rebanhos por Alpedrinha, a caminho de Idanha. Apesar de não se praticar já como antigamente, os habitantes da região procuram recordar o hábito secular de transportar o gado para melhores pastos, por alturas do inverno.
O Centro do nosso país é rico em vilas e aldeias históricas e, por isso, não faltam locais a descobrir nos arredores de Alpedrinha, como Monsanto e as aldeias históricas de Castelo Novo e Idanha-a-Velha.
Outros locais dignos de registo são as aldeias de montanha de Alcaide e Alcongosta, locais pequenos, típicos e recheados de pequenos recantos a explorar, com uma população que sabe receber como ninguém.
Outra boa forma de descobrir a região, e em especial a Serra da Gardunha, é fazendo um trilho ou percurso pedestre. Destacamos o “Caminho do Anjo da Guarda”, um trilho circular com seis quilómetros, que tem dificuldade moderada e passa pela vila e entra na serra.
Por último, não deixe de trazer uma recordação ou produto regional da sua visita- Não só ficará com uma lembrança dos bons momentos que por aqui passou, como ajudará os habitantes a poder continuar a viver aqui e a recebê-lo de braços abertos.