Longe do turismo de massas, das praias repletas de gente e dos turistas que apenas buscam sol e mar, existe um Algarve que consegue ainda manter vivas as suas aldeias mais típicas. Alte, em Loulé, é um desses bons exemplos. Alte não perde a identidade e fruto de cuidadoso investimento da autarquia para que fosse alvo de processos de manutenção e preservação, mantém intactos os seus traços.
A este respeito deve destacar-se a sua Igreja Matriz que se julga ter sido edificada por volta do ano 1500 como a mais emblemática referência a nível histórico. Contudo, são anteriores a este ano os registos no local onde se situa a igreja. Nesta é ainda de salientar a majestosa entrada com portal de estilo manuelino, bem como um revestimento de azulejos de cores azuis e brancas na abóboda.
Mas em Alte é também marcante a transição entre a paisagem fértil Barrocal e a Serra do Caldeirão. De facto, a agricultura é uma atividade bastante visível no que respeita os campos férteis vislumbrados ao longo do riacho da Ribeira de Alte.
O vale abaixo da Ribeira de Alte é intimamente relacionado com duas fontes, a Fonte Pequena e a Fonte Grande. A aldeia de Alte, a Fonte Grande e a zona envolvente são locais pitorescos, que atraem muitos visitantes. E vale bem a pena em função da gastronomia da zona, mas igualmente pelo artesanato tradicional, donde se pode destacar os brinquedos de madeira, a olaria e os trabalhos de esparto.
Sabendo-se que o Algarve assume destaque pelas suas praias e habitações junto ao mar, Alte é claramente uma exceção a essa regra. Para justificar esta situação contracorrente, podem destacar-se vários pormenores como as típicas casas brancas e suas chaminés tradicionais, bem como o seu centro histórico de grande beleza.
O centro histórico de Alte é objectivamente imponente e dele deve valorizar-se a já focada Igreja Matriz, mas existem outros lugares bem interessantes nesta aldeia como o antigo moinho de água datado do século XII, para além de típicas lojas de artesanato em que se adquirem produtos locais.
As piscinas naturais de Alte devem também ser valorizadas sendo um local onde facilmente se passará um dia muito agradável. Na mesma linha as Fontes de Alte caracterizadas por água límpida e cristalina são um convite ao relaxamento plenamente justificado e reforçado bela excelente zona arborizada envolvente.
Por Alte existe ainda a possibilidade de visitar o Museu Cândido Guerreiro e Condes de Alte, que resultou do aproveitamento de um solar antigo. Das peças expostas vale ressaltar um conjunto de objetos do escritor Cândido Guerreiro e peças dos Condes de Alte.
Esta vila é marcada pela sua relação com a água, pois para além das já referidas Fontes Pequena e Fonte Grande, existe igualmente a Ribeira de Alte que empresta uma frescura ao olhar, promovendo igualmente um som característico na povoação. As nascentes marcaram esta zona ao longo de séculos, tendo sido muito importantes para o dinamismo do local. Esse dinamismo é hoje muito associado a duas atividades: a agrícola e a turística.
Em Alte é possível passar excelentes momentos, desfrutando do descanso que a Serra Algarvia torna apetecível. Dessa situação há a destacar também locais como a Cascata de Alte, mais conhecida como a Queda do Vigário, uma das cascatas mais bonitas do Algarve. Esta é imponente nos seus 24 metros de altura onde a água se despenha a pique, para formar um grande lago caracterizado por uma incomensurável beleza. Do que são os produtos típicos que podem ser adquiridos há a destacar algumas iguarias algarvias resultantes de produção manual. São elas, a título de exemplo, o mel, o queijo e os doces regionais.
O que visitar perto de Alte?
Dos locais próximos de Alte que podemos destacar, é de elementar justiça pensar na Serra do Caldeirão. Aqui, é possível encontrar um ambiente de Serra pouco característico, pois está entrincheirada numa zona de fronteiras, nomeadamente entre o litoral algarvio e a planície do Baixo Alentejo.
E se quisermos acrescentar situações pouco características quando pensamos numa Serra, há ainda a possibilidade de falar numa zona de baixa altitude. Ainda assim, é da mais elementar justiça dizer-se que os amantes de fotografia, gastronomia e do património natural têm aqui um paraíso.
A respeito da fotografia a Serra do Caldeirão tem património ímpar de enorme interesse, donde se salientam levadas, moinhos de ventos e ainda sítios classificados como a Rocha da Pena que faz precisamente a transição entre o Barrocal e a Serra Algarvias, no concelho de Loulé. São quase 500 metros de altitude numa formação que constitui um planalto singular e digno de registo, e que potencia imagens espetaculares.
No entanto a Rocha da Pena é uma estrutura geologicamente muito peculiar, pois a sua constituição calcária implica a formação de zonas de fendas e grutas pela alteração química que vai sucedendo ao logo do tempo. O que constitui mais um motivo de grande atração.
Da gastronomia da Serra Algarvia deve destacar-se que a utilização de alguns ingredientes característicos como decisiva. Destes devem mencionar-se azeite, ervas aromáticas e ainda frutos e legumes típicos. Tudo isto vai desembocar em pratos divinais como galo guisado com batatas, papas de milho, carnes com grão e o próprio pudim de mel.
Quanto à natureza destaca-se a possibilidade de procurar espécies de grande beleza no que toca à sua flora e à sua fauna. Na parte da vegetação da Serra do Caldeirão, esta é caracterizada por espécies como medronheiros, azinheiras e sobreiros, devendo contudo destacar-se que ao longo do tempo a área florestal ter dado lugar a outras atividades como a agricultura e a própria pecuária.
Também a própria fauna da serra foi ao longo do tempo sofrido modificações, mas existe muita imponência que pode ser avistada, podendo facilmente destacar-se espécies como o veado, o javali, o lobo-ibérico ou a águia-imperial-ibérica. Para o final deixámos propositadamente uma espécie mítica, nomeadamente o lince-ibérico.
De facto, é na Serra do Caldeirão que se diz que o felino, já considerado como o de maior risco de extinção a nível mundial, tem o seu local de preferência. Sendo este um habitat prioritário desta espécie é da mais elementar justiça referenciá-la neste espaço.