É aqui que começa o Alentejo. O seu nome remete para o maior rio da Península Ibérica, e, apesar de tudo em Amieira do Tejo ser condicionado por esse rio, a verdade é que ele não é avistável da aldeia. Para o fazer, terá de subir à torre de menagem do castelo medieval, de onde pode observar o caudal da água encaixado no vale.
Este castelo, apesar de não ter sido um ponto decisivo na consolidação militar do reino de Portugal, foi um importante centro logístico na altura em que D. Sancho II entregou estas terras à Ordem de São João do Hospital.
Com o tempo, a localidade foi sofrendo diversas remodelações e teve até um papel militar em 1440, altura em que foi cercada durante uma querela com o reino de Castela. Durante os séculos seguintes, o castelo, erguido em estilo gótico, sofreu alterações significativas, apesar de já se encontrar em ruínas por alturas do terramoto de 1755.
Anos mais tarde, a estrutura chegou a servir de cemitério local, até se encontrar um novo espaço. A configuração que podemos hoje visitar resulta das intervenções feitas durante o Estado Novo, que em muito modificaram a sua estrutura original, apesar da contribuição para a sua conservação.
Com uma história tão rica, é natural que a própria localidade seja um reflexo disso mesmo. Um passeio mais demorado permite que um visitante mais atento vislumbre certos vestígios de história e arquitetónicos.
Passear pela aldeia é sempre um encanto, até porque pode descobrir tudo ao seu ritmo, longe de grandes confusões. Amieira do tejo foi, durante muito tempo, um ponto quase incógnito do nosso território.
Ainda hoje, é necessário fazer-se um desvio de vários quilómetros para chegar à aldeia, percorrendo uma estrada que acaba nela. É que Amieira do Tejo fica num local especial, de transição entre região: aqui é a encruzilhada entre o Alentejo, o Ribatejo e a Beira Baixa e todas estas influências são evidentes na localidade.
No entanto, essa via alcatroada tem uma extensão natural. Passando pelas casas e vielas da aldeia, desce por uma estrada estreita, que contorna os cabeços agrícolas até atingir o cais da Amieira, antigamente usado para fazer a travessia para a margem oposta, mas que hoje tem essencialmente fins turísticos. Neste local, tem a possibilidade de percorrer as águas do rio, numa embarcação com todas as comodidades.
O Município de Nisa recuperou também a tradição e criou o Trilho da Barca d’Amieira, evocando a embarcação que ligava a estrada de acesso a Amieira do Tejo ao apeadeiro ferroviário da Barca d’Amieira. O percurso desenvolve-se ao longo de 3,6 quilómetros, passando por locais como o Miradouro Transparente do Tejo.
Os passadiços levam também a uma ponte suspensa sobre o rio Figueiró, à qual se segue um observatório das aves e dos meandros do rio. Se se sentir observado de volta, não se espante. Afinal, as aves de rapina são soberanas nos céus alentejanos, sempre à espreita de intrusos.
Portanto, não deixe de visitar Amieira do Tejo, se tiver a possibilidade. É uma daquelas localidades que, apesar de pequena, tem um encanto muito próprio e nos fica na memória por muito tempo.
E apesar de contar com vários pontos de interesse e atividades para realizar, é possível fazer deste local o ponto de partida para a descoberta das redondezas. Nisa, sede de concelho, merece uma visita. Não deixe de apreciar a sua típica olaria e não saia do local sem comprar um (ou mais) dos seus famosos queijos.
Descendo o rio Tejo chega até Belver, com o seu castelo, a sua praia fluvial e os seus passadiços. Aqui é possível passar toda uma tarde ou até um dia inteiro. E se optar por subir o rio, chega até às famosas e deslumbrantes Portas de Ródão. Aproveite e visite o vizinho castelo do Rei Wamba, de onde obtém as melhores vistas da região.
E no final da sua visita a Amieira do Tejo, não vá embora sem antes comprar uma pequena lembrança ou um produto regional. Além de ajudar o comércio local, irá também contribuir para que os seus habitantes possam continuar a viver aqui e a recebê-lo sempre de braços abertos.
Conheço Amieira do Tejo, ms a pobre povoação, nem café tem. O passadiço fica a onde? estive na AMIEIRA há 4 meses. Tem no lado direito no alto uma capela em muito mau estado, mas com umas pinturas belíssimas. É uma senhora de idade que lhe pode mostrar a capelinha.
Domingos Araújo