Nem sempre o dia 25 de Dezembro foi dia de Natal. A origem da celebração deste dia parece ser muito antiga mas a filiação mais directa provêm, como tantas outras coisas, dos Romanos. Estes celebraram durante muito tempo uma festa dedicada ao deus Saturno que durava cerca de quatro dias.
Nesse período ninguém trabalhava, ofereciam-se presentes, visitavam-se os amigos e, inclusivamente, os escravos recebiam permissão temporária para fazer tudo o que lhes agradasse, sendo servidos pelos amos. Era também coroado um rei que fazia o papel de Saturno. Esta festa era chamada Saturnália e realizava-se no solstício de Inverno.
Convém lembrar aqui que o solstício de Inverno era uma data muito importante para as economias agrícolas – e os Romanos eram um povo de agricultores. Fazia-se tudo para agradar os deuses e pedir-lhes que o Inverno fosse brando e o Sol retornasse ressuscitado no início da Primavera. Como Saturno estava relacionado com a agricultura é fácil perceber a associação do culto do deus ao culto solar.
Mas outros cultos existiam também, como é o caso do deus Apolo, considerado como “Sol invicto”, ou ainda de Mitra, adorado como Deus-Sol. Este último, muito popular entre o exército romano, era celebrado nos dias 24 e 25 de Dezembro data que, segundo a lenda, correspondia ao nascimento da divindade.
Em 273 o Imperador Aureliano estabeleceu o dia do nascimento do Sol em 25 de Dezembro: Natalis Solis Invicti (nascimento do Sol invencível).
É somente durante o século IV que o nascimento de Cristo começa a ser celebrado pelos cristãos (até aí a sua principal festa era a Páscoa) mas no dia 6 de Janeiro, com a Epifania.
Quando, em 313, Constantino converte-se e oficializa o Cristianismo, a Igreja Romana procura uma base de apoio ampla, procurando confundir diversos cultos pagãos com os seus.
Desistindo de competir com a Saturnália, deslocou um pouco a sua festa e absorveu o festejo pagão do nascimento do Sol transformando-o na celebração do nascimento de Cristo. O Papa Gregório XIII fez o resto: é mais fácil mudar o calendário do que mudar a apetência do povo pelas festas…
A verdadeira história do Pai Natal
Estamos a chegar ao Natal, e se há uma figura emblemática para esta época é o Pai Natal, o cativante e barbudo senhor vestido de vermelho que dá presentes às crianças. Existem alguns mitos urbanos sobre a sua criação e sobre o papel desempenhado pela Coca-Cola, no entanto poucos sabem a verdadeira história do Pai Natal.
O Pai Natal é uma personagem mitológica que já tinha aparecido em ilustrações desde meados do século XIX. No entanto, até aos anos 30 a imagem desta rechonchuda personagem variava constantemente de acordo com o artista ou a ocasião que representava: podia ser um pequeno duende ou um homem alto e magro, com todo o tipo de vestimentas, tais como túnicas e casacos de pele.
Curiosamente, muitos pensam que o Pai Natal veste vermelho para o relacionarmos com a Coca-Cola, no entanto já havia sido retratado com vestimentas dessa cor em diversas ocasiões.
Em 1920 o Pai Natal apareceu pela primeira vez num anúncio da Coca-Cola publicado no The Saturday Evening Post. Com um ar sério, este primeiro Pai Natal foi criado pelo ilustrador Thomas Nast e, durante alguns anos, a Coca-Cola utilizou na sua publicidade diferentes desenhos desta personagem realizados por outros ilustradores.
No entanto, o Pai Natal, tal como todos o conhecemos actualmente, nasceu em 1931, encomendado pela agência de publicidade da Coca-Cola ao artista Haddon Sundblom.
O objectivo era criar uma personagem que estivesse entre o real e o imaginário, a personificação do espírito natalício e a felicidade da Coca-Cola. Para tal, o ilustrador inspirou-se no poema “A Visit From St. Nicholas” de Clement Clark Moore.
Com base no São Nicolau, criou uma personagem afectuosa, acolhedora e simpática que rapidamente cativou o público e contribuiu para a criação de uma imagem definitiva do Pai Natal. Sundblom desenhou anualmente o Pai Natal para a Coca-Cola até 1964, tendo sido posteriormente criadas mais peças com base no seu trabalho.
E se o espírito do Pai Natal se baseou num poema, em quem se inspirou fisicamente Sundblom? Pois bem, inspirou-se no seu amigo Lou Prentiss, um vendedor reformado que lhe serviu de modelo durante os primeiros anos. Quando este faleceu, utilizou-se a si próprio como modelo.
Por curiosidade, resta dizer que os anúncios tiveram tanto êxito que as pessoas os conheciam detalhadamente. Num ano, a Coca-Cola recebeu cartas a perguntar como tinha reagido a Mãe Natal quando o Pai Natal chegou a casa sem a sua aliança. Num outro ano, repararam que a fivela do cinto estava invertida: resultado de pintar e posar em frente ao espelho.