No Alentejo, junto à fronteira com Espanha, podemos encontrar a histórica cidade de Elvas, que foi, durante séculos, um importante ponto estratégico da defesa do nosso território, vivendo diversas batalhas e cercos. Assim, não é de admirar que a localidade tenha um rico património militar, entre muralhas, fortificações, castelos e fortins, que foram classificados como Património Mundial da UNESCO em 2012.
Mas a verdade é que Elvas não é só história e guerra, sendo uma cidade cheia de beleza, cultura e tradição, contando com uma arquitetura típica alentejana, uma gastronomia regional deliciosa, artesanato único e festas populares.
E Elvas guarda também um monumental tesouro: o Aqueduto das Amoreiras, obra-prima da engenharia hidráulica que foi construída entre os séculos XVI e XVII para abastecer a cidade de água. O aqueduto tem 8,5 km de extensão e 842 arcos, sendo o maior aqueduto da Península Ibérica e um dos maiores do mundo.
A origem deste aqueduto tem origem num problema antigo de Elvas, que era a falta de água. Já desde os tempos da ocupação árabe que a povoação dependia de poços que se encontravam dentro das muralhas e nas redondezas, sendo que o problema se agravou com o aumento da população no século XV, que levou os habitantes a pedirem uma solução a D. Manuel I.
Assim, o rei autorizou o lançamento de um imposto, chamado Real de Água, de modo a financiar a construção de um aqueduto que trouxesse água dos arrabaldes ao centro da cidade. No entanto, as obras apenas se iniciaram no reinado de D. João III, em 1537. A construção iniciou-se com o troço subterrâneo do aqueduto, que percorria 1,3 km entre a nascente e o início das arcadas.
Depois, seguiram-se os troços ao nível do terreno, que se estendiam ao longo de 7 km. Por fim, chegou a última parte do projeto, que era também a mais complexa e dispendiosa, uma vez que era necessário vencer o desnível do terreno.
Graças a estas dificuldades e despesas, esta foi uma obra lenta e que sofreu diversas interrupções ao longo do tempo, tendo sido necessários diversos mestres de obras, engenheiros e arquitetos para concluir o projeto.
A obra apenas ficou pronta em 1622, altura em que a água chegou pela primeira vez ao Largo da Misericórdia. O aqueduto, obra gigantesca para a época, envolveu milhares de trabalhadores e consumiu muitos recursos financeiros, mas acabou por ser fundamental para o desenvolvimento de Elvas, tornando-se num dos símbolos da cidade.
Hoje, o interior do aqueduto pode ser visitado e poderá subir até ao seu ponto mais alto, de onde terá uma vista panorâmica sobre Elvas e a região envolvente. O local integra o conjunto da Cidade Fronteiriça e de Guarnição de Elvas e as suas Fortificações, que inclui locais como as muralhas, os fortes de Santa Luzia e da Graça, os fortes do século XIX e 3 fortins do século XVII.
Se optar por fazer todo o percurso pedestre ou de bicicleta ao longo do traçado do aqueduto, poderá apreciar a típica paisagem alentejana e pontos de interesse como a Ermida de Nossa Senhora da Nazaré, o Convento de São Francisco, o Castelo de Elvas e a Sé Catedral.
O horário da visita ao interior do aqueduto é das 9h às 17h30 (durante o inverno) e das 9h às 19h (durante o verão). O bilhete custa 2 euros e também lhe dá acesso ao Forte de Santa Luzia.
Pode também optar por comprar um bilhete conjunto para visitar todos os monumentos integrados no Património Mundial, que custa 5 euros e é válido durante 3 dias, o que lhe vai permitir conhecer a fundo o património desta cidade.
Depois, não deixe de visitar também o Museu Militar de Elvas, um dos mais completos do género no nosso país, e o Museu Municipal de Fotografia João Carpinteiro.
É claro que Elvas não é apenas monumentos. Não podemos deixar de destacar a sua maravilhosa gastronomia, baseada em produtos locais como o pão, queijo, presunto, azeite, vinho, ervas aromáticas e doces conventuais.
Poderá experimentar pratos como a açorda alentejana, o ensopado de borrego, o bacalhau dourado, o cozido de grão, as migas, o gaspacho e as sopas de tomate.
No que diz respeito às sobremesas, prove as famosas ameixas de Elvas e os doces à base de ovos e amêndoas, como as queijadas, os toucinhos do céu, as broas e os biscoitos.
Como pode ver, existe muito a ver em Elvas, sendo este um destino perfeito para uma escapadinha ou para umas férias mais prolongadas. Portanto, não deixe de conhecer este magnífico recanto alentejano!